George Eliot definiu o sentimento melhor que ninguém: "Em cada despedida existe a imagem da morte". Apesar da evidente carga funesta, a frase tem o condão de redimir a despedida, aliviando-a do peso das alabardas da saudade, e recordar-nos que de cada vez que dizemos "adeus" estamos vivos, e por isso, apenas e só, é que dizemos adeus.
Na hora da saída de Maria João Caetano da direção do jornal Ponto Final, ocorrem-me mil palavras, desde "desilusão" a "desencanto", passando por "oportunidade perdida" entre outras que não ficariam bem em qualquer discurso elegíaco - mas não é disso que se trata aqui, de qualquer lamentação, ou queixume, nem me cabe a mim nesta hora fazer o papel do tipo que bebeu um trago a mais do vinho amargo da festa, e desatou nesciamente a soltar a língua, ditando o sermão que não lhe fora encomendado.
Deixo-a assim com um apaziguador "até breve", e "obrigado", já agora, porque não? Sinceros desejos que as muitas estações da vida onde ainda lhe falta parar contribuam de uma forma ou outra para que adquira aquilo que não vai encontrar em nenhuma delas, mas que um dia, mais cedo ou mais tarde, brota de dentro de nós, qual raio de luz rasgando por entre a penumbra: a maturidade. Enquanto isso, e sempre atento a todo e qualquer futuro registo, fica este adeus, mais um, menos um, quem sabe? - chamemos-lhe antes "um deles", dos que forem necessários.
Fac valeás!
Leocardo
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