sexta-feira, 3 de abril de 2015

António Costa, o chinê$


O caso tem sido comentado nas redes sociais nas últimas semanas e começa finalmente a chegar à imprensa: António Costa comporta-se como se as eleições legislativas de Setembro já se tivessem realizado, o PS ganho, e ele empossado como primeiro-ministro. A certeza da vitória "chuchalista" é tanta, que Costa já abandonou cargo de Presidente da Câmara de Lisboa, depois de ter garantido aquando da sua eleição como secretário-geral do PS que fazia planos de ocupar até às legislativas deste ano - começa bem, em matéria de coerência. Alguma imprensa pró-PS interpretou este passo como uma "preocupação" por parte de Costa com as sondagens que apontavam para uma percentagem nas intenções de voto "aquém das expectativas", e que a sua bonita figura faria com que os eleitores se apaixonassem e fossem a correr votar no PS. A vitória rotunda do PSD na Madeira nas eleições regionais do fim-de-semana passado é um facto que nunca serve de barómetro ao continente, e não são por isso motivo de preocupação para o PS - não tanto como o caso Sócrates, pois não dá mesmo jeito nenhum que o último secretário-geral vencedor de umas legislativas se encontre em prisão preventiva, suspeito de crimes que nada abonam na hora de convencer os indecisos. Mesmo assim o PS não tem uma vitória por antecipação desta dimensão desde que o "Chechas" venceu as presidenciais de 1991, que o habilitaram a segundo saque mandato, e pode-se apontar a gatunice cleptocrática alternância democrática, que leva a que PS e PSD façam turnos na expoliação governação do país - neste ora agora mamas governas tu, ora agora roubo governo eu, chegou a vez dos "chuchalistas" chegarem ao poleiro a S. Bento, dando-se a já habitual (e dispendiosa, convém lembrar) mudança dos "boys" chefes de gabinete. Fala-se de uma "visita secreta" do líder "chuchalista" à China, onde estabeleceria contactos ao mais alto nível, e apresentada uma agenda das futuras relações diplomáticas e comerciais entre os dois países, feita com base na possibilidade mais que realista de um Governo PS no poder, e com António Costa como número um desse Governo.


O "namoro" de António Costa com a China começou a tornar-se público em Fevereiro, por alturas do Ano Novo chinês, tendo ficado na altura célebre a sua "gaffe", quando num jantar no Casino da Póvoa e perante uma plateia de chineses residentes em Portugal, entre os quais alguns empresários, disse que o país "está melhor do que há quatro anos" - faltou qualquer coisa ali no meio, com toda a certeza. Mesmo assim nem isto impediu que o secretário-geral do PS fosse declarado «Personalidade do Ano» de 2014, pela Liga dos Chineses em Portugal. Antes disso, a 13 de Fevereiro foi apresentar cumprimentos ao embaixador da China em Portugal, Huang Songfu, um gesto que mereceu nota de destaque na página da própria embaixada. Entretanto os rumores que davam conta de uma visita "particular" de Costa à China foram ganhando força, com a sua divulgação nas redes sociais, com o "leak" a partir da oposição suscitando reacções fortes da parte de simpatizantes do PS, que viram nisto um eventual perigo: que a opinião pública fizesse uma leitura pouco abonatória das intenções de António Costa, que são aquelas que se sabem, e que nem é preciso ser um génio para lá chegar: pedir financiamento para a campanha eleitoral, e prometer em troca contrapartidas diversas, como sejam prioridade em investimentos ou em outras áreas estratégicas e lucrativas. Entretanto o Hoje Macau mencionou a possibilidade desta visita na sua edição do dia 26 de Março, sem que lhe fossem adiantados quaisquer detalhes - continuava o secretismo à volta do que nunca foi segredo. A verdade é que na comitiva de António Costa constam os nomes de empresários ligados aos ramos das obras públicas, dos transportes ou da energia, que não são propriamente pessoas que percam tempo com apresentações de cumprimentos e visitas de cortesia.


No dia 31 de Março o semanário "O Diabo" abre o jogo, fazendo um apanhado do plano de António Costa e do PS, dando ênfase ao secretismo da visita à China, de que António Costa inicialmente fez tabu, cingindo-se a adiantar que "só sabia que era a Pequim", mas que "não existia ainda um programa delineado". O então edil da capital portuguesa fez estas declarações ao novel "Diário de Todos", abrindo a "caça ao motivo" - e não é para menos, pois não se trata (ainda) de um Chefe de Estado, mesmo que agora se saiba que é assim que se pretende apresentar aos dirigentes do Governo de Pequim. O desenvolvimento mais recente prende-se com a súbita ausência, podemos mesmo chamar-lhe "desaparecimento" de António Costa, que poderá mesmo ter aproveitado os feriados da Páscoa para realizar a famigerada visita. Estranhou-se a sua ausência na apresentação dos pêsames pelo falecimento de Manoel de Oliveira, tendo essa função ficado a cargo de Inês de Medeiros. Pode ser que haja quem associe a ligação da deputada à pessoa do realizador ontem desaparecido aos 106 anos, mas seria ingenuidade pensar-se que o secretário-geral do PS se absteria de dar a cara num momento de tanta solenidade - será que foi já a caminho de terras do Oriente que António Costa soube da notícia? O Hoje Macau referiu na "caixa" do dia 26 que Macau não estaria incluído nesta digressão-relâmpago, mas há indicadores de que a RAEM faz parte dos planos de Costa, e que seria aqui que faria o arranque não-oficial da campanha do PS com vista às legislativas deste ano. Alguém sabe? Alguém confirma ou desmente? Em caso afirmativo, termino com um "justifique a resposta dada", ao jeito dos testes de avaliação que se fazem na escola.


Ultima hora: Carlos César substitui António  Costa à última da hora na missão de ir vender o resto da EDP e restante património público à China. O secretário-geral do PS cancelou a deslocação por motivos de nhufa agenda. Same, same, but different.

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