sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Panchões


Panchões. Quando cheguei a Macau e ouvi falar pela primeira vez em "panchões" pensei que se estavam a falar de "rojões", tipo, "rojões à moda do Minho". Mas não, esta coisa dos panchões que muita gente em Portugal e no resto do mundo ainda não sabe o que é não tem nada a ver com rojões ou com qualquer tipo de comida. Os panchões são, literalmente, explosivos detonados pelos chineses em ocasiões especiais, e principalmente durante o Ano Novo Lunar.


Confesso que a primeira vez que ouvi uma explosão de panchões, na abertura de uma loja qualquer, pensei que se tratava de um ataque terrorista. A explosão estridente e repetitiva, o imenso fumo, o cheiro a pólvora no ar não deverão ser muito diferentes dos bombistas suicidas do Hezbollah. Bem, talvez o número de mortos ou feridos seja a grande diferença, mas estes tais panchões estão muito longe de ser seguros. Conheço um jovem cego de um olho e outro que não tem dois dedos de uma mão por causa dos panchões. Um estilhaço que salte daquela confusão de fogo e faíscas pode causar a cegueira, e a explosão de um panchão nas mãos provocará no mínimo queimaduras de segundo grau. Os panchões são, por assim dizer, uma versão revista e aumentada das bombinhas de Portugal no Carnaval. Na China as explosões de panchões e outros fogos de artifício dão inclusivamente origem a incêndios onde morrem pessoas, como aconteceu num hotel de 5 estrelas durante a celebração do Ano Novo do Coelho em Liaoning, na China. Escusado será dizer que um incêndio numa fábrica de panchões pode transformar-se numa tragédia dantesca.


Pois é, mas afinal qual é o propósito de rebentar panchões, que depois deixam a via pública toda cagada de papelinhos vermelhos? Para afastar os maus espíritos. Ora pois é. Em cada ocasião especial, estes tais explosivos mandam os malvados dos maus espíritos voltem lá para o Inferno, onde pertencem, e deixem as pessoas gozar de prosperidade, fertilidade, harmonia e todos esses chavões chineses. Na inauguração de uma loja que se preze tem de haver dança do leão, normalmente executada por uma dessas associações como a Ló Leong e companhia limitada. Se não se rebentarem panchões no dia da inauguração da loja, o negócio pode correr mal. Se correr mal na mesma, foi porque não se rebentou um número suficiente de panchões.

3 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A primeira vez que vi e ouvi panchões, bem como as tradicionais danças, foi na cerimónia de inauguração oficial do IFT.
E confesso que aquele barulho todo me meteu impressão.
Agora já estou habituado ao barulho.
Mas não chego perto daquela porra.
Respeitinho é muito lindo!!

Anónimo disse...

È verdade quando eu era puto e vivia em Macau passava todos os dias do ano novo chines a queimar panchões.Uma vez quase que fiquei sem um dedo.Nunca mais peguei depois num panchão.Acho que os panchões deviam ser proibidos.Aliás na China e Hong Kong é proibido.Só mesmo em Macau que é permitido não sei porque.Alem de ser perigoso,fazer muito barulho,suja muito o chão.

Anónimo disse...

È por isso que os gajos do leal senado tem sempre muito que fazer nas ruas todos dias,a limpar lixo,panchões etc.No ano novo chines acho que nem dormem.Tanto lixo nas ruas.