O programa "Rua das Mariazinhas" convidou esta tarde o prof. Miguel Costa Gomes Jr. (peço desculpa se o nome está incorrecto), e travou-se uma discussão interessante sobre o aparecimento da internet e da sua influência no mundo actual. Da parte que ouvi das duas horas de conversa (afinal, estava a trabalhar), falou-se sobretudo do papel da internet na educação dos jovens, um tema que me é especialmente querido.
Que inveja tenho dos jovens de hoje, que têm toda a informação à distância de um click, como se diz. Muitos de nós, se bem se lembram, tinhamos que nos juntar em bibliotecas para fazer trabalhos de grupo. Pagávamos fotocópias, usávamos cola e cartolinas, transcrevia-mos textos até não podermos mais de cãibras nos dedos. O mais extraordinário é que com a banalização da internet, a que qualquer casa da classe média no mundo civilizado tem acesso, os jovens que nasceram nos últimos quinze ou vinte anos nem lhe dão real valor. A minha filha chegou-me a perguntar "como é que nós vivíamos sem internet", ou "como faziamos o trabalho de casa". Passámos da idade do lápis a carvão à era digital num ápice, meus amigos.
Entre outros temas, falou-se ainda da rendição dos cotas ao evento da internet. Lembro-me quando a rede se generalizou, tinha eu os meus vinte e poucos anos, e os mais velhos, com a mania que sabem tudo, desprezaram-na, achando que "não precisavam daquilo para nada". Hoje é vê-los todos ali, de rugas e cabelos brancos, a mandar e-mails às velhinhas ou a ver pornografia online que os lembra que, enfim, um dia também conseguiam fazer aquilo. Mesmo assim ainda há resistentes; tenho uma tia, por exemplo, que se abstém completamente da internet. Como ela há muitos outros, burros teimosos que têm medo do que não conhecem, além dos sem-abrigo, dos analfabetos, dos alcoolicos, heroínomanos, ou presos por crimes de sangue detidos desde 1990 e a cumprir prisão perpétua que desconhecem os prazeres da internet. Infelizmente os "analfabrutos" aderiram em massa.
Dizer hoje em dia que "a internet veio para ficar" é quase uma piada. Hoje não é possível sequer imaginar o mundo sem internet.
Once you go internet, you won't go back. Depois é claro, como o mundo está na internet e o mundo muitas vezes consegue ser fodido, a internet está cheia das mesmas porcarias que poluem o mundo. E isto torna-se mais grave quando qualquer pessoa, por muito inocente e virginal que seja, não se livra de apanhar com imagens e notícias violentas, nojentas, execráveis, coisas que se calhar preferia não saber. Só que o não saber não ocupa lugar no mundo ligado à rede. Ainda há os que, sabendo do seu imenso poder, tente censurá-la, limitar o seu acesso, tapar o sol com uma peneira. Já lá vamos, primeiro gostava de falar de outro aspecto que foi tema no "Rua das Mariazinhas" de hoje, as redes sociais.
Os jovens têm cada vez mais tendência de se virar para as redes sociais, que muitas vezes substituem os pais na sua própria educação. São os Facebooks, os Hi5, os Yahoo! Mensager e afins. Felizmente aqui do meu lado os jovens partilham coisas saudáveis como música (bem, gostos não se discutem neste caso), fotos mais ou menos inofensivas, e conversas parvas de miúdos. Parece tudo normal, quando não acontecem notícias de raptos, suicídios ou actos de loucura empolados por estas redes sociais. Ninguém está livre de predadores sexuais, por exemplo, quais Renatinhos Seabras às mãos dos Carlos Castros desta vida Ou de amigos da onça, que os levem às vezes a fazer coisas parvas, como no exemplo daquela menina do post abaixo. O que as redes sociais não substituem - pelo menos eficazmente - é o carinho e a orientação dos pais.
O aparecimento da internet é no fundo equivalente ao aparecimento do telefone, ou de outros media, como a televisão. É preciso dar-lhe um período de adaptação aos mais teimosos, e os que a manipulam por uma questão de autoritarismo sabem que a sua propagação é inevitável. A censura da internet em países como a China, o Irão ou a Arábia Saudita não é muito diferente do que os mesmos país vêm fazendo há anos com a televisão ou com a imprensa, mas o peso do mundo - da tal
world wide web - cair-lhes-á inevitavelmente em cima, esmagando-os e espremendo-lhes o preconceito e a arrogância.
A mensagem que vos deixo é que aproveitem o uso da internet da melhor forma que puderem, sempre com o máximo de atenção possível. É preciso não cair em contos da carochinha, de que a internet está cheia de "perigos que espreitam a cada esquina", pois esse é o principal passo para dar luz verde à censura desmedida.
10 comentários:
Tem uma tia burra teimosa? E o sobrinho não lhe mostra a luz do seu saber e não a obriga a gostar? A deixar de lado uma opção pessoal e aderir à vontade e gosto colectivo?
Pois, tem razão, eu devia. Só que não me apetece. E assim vai morrer ignorante, a senhora. Coitada...
Cumprimentos.
Não concordo,quando eu era criança e teenager era muito mais feliz que agora,ainda tenho saudades dos tempos em que coleccionava cromos da selecção,jogava berlindes,futebol na rua com amigos,engatava miudas na escola,na rua,brincava a cabra cega,andava de bicicleta como 1 maluco na rua,porrada com os miudos,via o tsubasa,dragon ball e desenhos animados e eu era muito mais feliz antigamente e não havia internet,computadores,playstation,etc
Cromos da selecção???ahahahah,eu coleccionava era cromos de gajas nuas e cassetes pornos quando era puto ehheeh.Agora quando penso nisso farto-me de rir.Já nem sei onde que pus aquilo tudo em Macau,meus pais devem ter deitado tudo no lixo quando eu fui depois para Portugal estudar.
( não tive paciência de ler ... )
Quem é que veio mesmo para ficar??
Eu tenho uma tia que nunca usou computadores e envia cartas pelos correios eheh.Hoje em dia quem é que envia cartas pelos correios??È tudo por email
Quem veio para ficar?
Essa é fácil Leocardo - pandas, obviamente!! :))
A Internet mudou costumes e gostos, mas no fundo, no fundo, permite-nos agora viver num muro mais abrangente e colorido.
Quem veio para ficar? A inflação! Essa sim, está aqui de pedra e cal. Todos os dias as coisas estão mais caras.
AA
A minha tia envia emails pelos correios...
E não se pode acabar com estas carochinhas?
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