sábado, 9 de outubro de 2010

Os blogues dos outros


Liu Xiabo, o dissidente chinês, subscritor da Carta dos 08, é o eleito este ano para o Prémio Nobel da Paz. A homenagem é justa de alguëm que tem feito da luta pacífica pelos direitos humanos e a democracia o combate de uma vida. É a primeira personalidade da China a receber o galardão. Espera-se uma reacção durissima do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China alegando interferência nos assuntos internos. Se isso ocorrer só pode haver uma reacção: a China escolheu jogar pelas regras da comunidade internacional e alcondorar-se ao papel de nação grande entre as grandes. Ninguém a obrigou. Foi uma decisão individual da liderança Hu Jintao-Wen Jiabao, contrária aliás às recomendações de Deng Xiao Ping que recomendava retracção e demarcação dos países ocidentais. Ser uma nação importante significa aceitar as regras do jogo internacional, do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. Não se pode andar a jogar com palavras como "democracia" e depois desancar à velha maneira caceteira da Revolução Cultural. Do lado de Pequim parece-se que se imagina que sendo a China a segunda maior economia do mundo tudo lhe é permitido ou consentido. É um erro dramático pensar que o vil metal manda nas consciências dos homens e na força das ideias. Um corte de relações com a Noruega terá consequências graves nas relações com a Europa e o Ocidente. E poderá ter um efeito contrário que Pequim pretende. Uma China novamente isolada será mau para o mundo; mas será seguramente pior para 1.3 biliões de chineses. As portas que se abrem podem cerrar-se com um breve safanão.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Tinha uma princesa e engravidou-a 9 vezes consecutivas matando-a – morte a que também não foi alheio o facto de lhe haver ofertado um sem número de doenças venéreas, pois que era um conhecido valdevinos da praça. Entretanto chateou-se com a família e fez birra. As consequências de tal birra já todos as conhecemos. Teve caganeira. E teve-a junto do Ipiranga. Reporto-me ao tempo em que Portugal era legalmente propriedade privada de uma família e o povo mero servo. Deve ser disto que os monárquicos têm saudades: dos benefícios hereditários e injustos e do poder despótico. Ora, se fizerem de mim proprietário sou o primeiro a apoiar a causa e também me passo a cagar para o resto da população. Enquanto isso não acontece, viva a República - que tão mal representada anda, mas isso não é culpa da desafortunada senhora.

VICI, MACA(U)quices

Não custa dizer mal, arrasar e depreciar, mas nestas coisas há que dizer, sem agravo de outras considerações, que Lula foi um grande presidente e que o peso da língua portuguesa e daquilo que esta representa na geopolítica mundial muito lhe ficaram a dever. Pouco elaborado, rústico, pé-rapado ? Pois, mas deixou obra e bateu o pé à ingerência americana, deu a milhões de brasileiros nova esperança e a burguesia muito lhe ficou a dever, pois Lula no poder quis dizer menos assaltos, menos propriedade devassada, menos raptos. Mais corrupção ? Isso não tem importância, pois o Brasil - como Portugal - quem governa rouba: rouba em nome da lei e dessa estranha legitimidade que os votos conferem para furar todas as convenções. O Brasil é hoje a 5ª economia mundial. Nos oito anos de Lula ultrapassou a França, a Inglaterra e a Itália. É pouco ? Sonho com o dia em que os portugueses, cansados da Europa, se virempara o Brasil e renovem, como outrora, a união com o Brasil.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Reza a lenda que ter sorte era condição essencial para se ser general de Napoleão. Não há dúvida que a selecção portuguesa não fez hoje muito para merecer os dois golaços de Nani, mas também é verdade que a partir daí, em vez de recuar queirosmente, manteve o ritmo de jogo e o perigo de ataque. Mesmo perante a sorte dos dinamarqueses com o golo contra de Ricardo Carvalho, em vez de se acautelar à defesa, continuou a pressionar, com bons resultados. Paulo Bento pode ter tido a sorte do jogo, mas como é bom voltar a ver Portugal a jogar solto, sem medo, com confiança e alegria. E, sobretudo, sem o pior do futebol, que são os "intelectualismos", tácticas, esquemas e demais pomposidades à Carlos Queirós.

Duarte Calvão, Corta-Fitas

Jorge Sampaio diz adeus a Mário Soares. A família socialista lamenta que o fosso entre os dois ex-Presidentes da República aumente o seu ódio de estimação. Jorge Sampaio decidiu apoiar o candidato Manuel Alegre e fá-lo-á, hoje, através de um almoço que decorre em Almada. Recorde-se, que Mário Soares fica "triste" sempre que ouve a palavra "alegre".

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Quem acompanhou o desastroso trabalho de Queiroz, na Selecção, tem imenso a lamentar, entre tantas crateras e valas de devastação anímica revestidas de um célebre vício de boca palreiro: especialmente o modo como, por razões de mau feitio e gosto de pavonear-se, corroeu a relação com os jogadores, rompendo empatias e destruindo aquela federação de vontades essencial para a estabilidade e a coesão dentro do campo. Era a incompetência da sobranceria. Paulo Bento pode ter todos os defeitos, mas é humilde, sabe sofrer, é desprendido, conhece bem o coração dos jogadores. Tem aquela ética de serviço e desprendimento que Portugal desastrosamente desconhece hoje na Política e no Desporto. Na Política, haja as malfeitorias que houver, perpetrem-se os erros e as injustiças que se perpetrarem, se a imagem "passa" e o paleio demagógico flui, então deve estar tudo bem. Ainda que as coisas piorem manifestamente, nunca pioram para obstinados. Só é possível enganar um povo se esse povo estiver ao nível cívico do terceiro mundo, subnutrido dos valores do bem comum, do sentido de comunidade e do seu progresso, incapaz de vigilância activa sobre os seus pseudo-representantes. Enfim... Paulo Bento merece todo o sucesso e imensas felicidades à frente da Selecção Nacional e ninguém tem o direito de o censurar, aconteça o que acontecer.

Joshua, PALAVROSSAVRVS REX

«As pessoas saudáveis com menos de 65 anos vão poder deslocar-se aos centros de saúde para receber o milhão e meio de vacinas contra a gripe A que sobraram da época passada.» É pena que não tenham sobrado coisas mais úteis a tanta gente por este país fora, para dar outra força a esta inesperada campanha de saldos. Mas vale a pena: são vacinas quase novas. Portugal tinha encomendado seis milhões de vacinas na época passada. Perante o logro, as nossas autoridades disseram ter conseguido cancelar dois milhões. Recebemos, pois, quatro milhões de vacinas. Agora dizem que têm um milhão e meio para distribuir. Quer dizer que chegaram a vacinar 2,5 milhões de portugueses? Cheira-me que é melhor contarem as sobras outra vez.

João Carvalho, Delito de Opinião

Quero ir ver o "Assalto ao Santa Maria". Gosto de séries e filmes sobre hospitais.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

1 comentário:

Anónimo disse...

O Doutor Andarilho continua a cometer erros crassos. Na frase "E poderá ter um efeito contrário (ao) que Pequim pretende" a palavra entre parênteses faz toda a diferença e fui eu que a acrescentei. E é óbvio que era isso que o senhor queria dizer. Se em vez de enxovalhar Saramago o tivesse lido, certamente não cometeria erros tão básicos.