Imaginem que nos últimos 25 anos a população inteira de Portugal tinha morrido três vezes. Parece assustador não é? Mas são esses os números da SIDA, a peste do Sec. XX. Quase trinta milhões de fatalidades desde o aparecimento desta doença incurável, no final dos anos 70.
No início o virus parecia contaminar apenas a comunidade homossexual, e quando mais tarde se descobriu que afectava também toxicodependentes e prostitutas, julgou-se que chegar o dia do juízo final para os “podres” da sociedade. Mas como em todas as tragédias, os inocentes também são vítimas, e ao grupo de risco juntaram-se os hemofílicos e os recém-nascidos de mães a viver com HIV. Os maiores segmentos de pessoas infectadas com o HIV incluem maioritariamente mulheres e crianças pobres dos países subdesenvolvidos.
Assinala-se hoje o dia mundial da SIDA, e é bom neste dia olhar para os números no que diz respeito a esta região. Na China a situação parece piorar dia após dia. Os números oficiais falam de 600 mil pessoas a viver com HIV/SIDA mas estima-se que só na região de Yunnan exista mais de um milhão de infectados. Recentemente um inquérito demonstrou que apenas 38% das prostitutas na RPC usam o preservativo. A partilha de seringas entre os toxicodependentes é prática comum. O tabu que ainda existe em relação à doença também não ajuda muito e a “timidez” do governo central em revelar os verdadeiros números é prova disso mesmo.
Em relação a Macau a situação está muito melhor. Foram registados cerca de 400 casos nos últimos 20 anos, e actualmente vivem em Macau 11 (onze) seropositivos e apenas um caso de SIDA declarada. Ironicamente a via homossexual parece ser a menos perigosa (um caso) ao contrário da via heterossexual (cinco casos) ou através de drogas injectáveis (três casos). Não há casos de crianças infectadas. Isto tudo a confiar nos números apresentados pelo Laboratório e Saúde Pública dos Serviços de Saúde, relativos a Setembro de 2006.
Vamos neste dia lembrar todas as vítimas desta terrível epidemia, e como sempre lembrar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) : usar o preservativo sempre que se pratique sexo com desconhecidos (e é preciso lembrar que apenas os preservativos que contêm o espermicida nonoxynol-9 são eficazes para prevenir a infecção por doenças sexualmente transmissíveis), não partilhar seringas com qualquer outra pessoa, no caso de ser um toxicodependente, e fazer análises ao sangue com alguma frequência, caso se englobe em qualquer um dos grupos de risco. Vamos todos ajudar nesta batalha, enquanto a medicina moderna não encontra a solução para debelar este mal que a todos diz respeito.
Publicado em
Leocardo, 1/12/2006
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