É nesta altura do ano que saem os espectaculares números da nossa economia. Desde 2003 os resultados têm sido mais extraordinários que no ano anterior, e este ano assistimos a um aumento de 40% nas receitas do jogo, e pela primeira vez desde 1997 a taxa de desemprego mantém-se abaixo dos 3%. Mas o que quer isto dizer, no fundo?
Os números não mentem; o desemprego diminuiu nos sectores da construção civil, restauração, hotelaria e "outros serviços", que é como quem diz, relacionados com o sector do jogo. Mesmo no que toca à restauração, muitos dos empresários por conta própria fecharam os seus próprios negócios, ora por falta de pessoal, ora devido ao incomportável aumento das rendas, e partiram para o serviço de "catering", cada vez mais requisitado.
O mais preocupante serão os números relacionados com o próprio aumento do mercado de trabalho. Após a abertura dos inúmeros casinos nos últimos 3 anos, muitos jovens optaram em não ingressar no ensino superior, preferindo começar a sua vida profissional aos 18 anos. A promessa estava feita: criar postos de trabalho. O "backlash" foi este. Mas afinal, que vantagem têm os jovens em ir queimar as pestanas durante 4 ou 5 anos para a universidade se podem começar a ganhar dinheiro logo que terminam o ensino secundário.
A culpa pode ser atribuída, sei lá, à irreverência da juventude, à testosterona, ou à falta de confiança nas instituições. Um gaiato de 18 ou 19 sente que tem mais a ganhar se conseguir um emprego e comprar um bólide com que possa levar a namorada a passear ao fim-de-semana. E além do mais, quais são as saídas para alguém com um curso superior? Os lugares mais "quentes" contam-se pelos dedos duma mão, e a oferta no sector público já foi, de longe, mais atractiva.
Só nos resta esperar que continue este maná de crescimento e resultados positivos, pois caso contrário a selecção dos mais fortes será feita...na rua. Muitos serão chamados, mas poucos serão escolhidos, como alguém - e muito bem - disse em tempos idos.
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