Uma das diferenças entre ensino público em Portugal e o ensino na RAEM são as escolas unissexuais. Por influência dos Salesianos e Canossianas, foram criados colégios até ao fim do ensino secundário só para rapazes e só de meninas. O antigo Colégio D. Bosco, o Instituto Salesiano ou Santa Rosa de Lima, só para citar alguns exemplos.
A questão que se levanta é a seguinte: será que estas escolas resultam? Quais as vantagens e desvantagens? Depois de ter auscultado vários homens e mulheres, chineses e macaenses em idade adulta, cheguei a algumas conclusões, sendo a principal que se por um lado estas escolas beneficiam a formação académica dos alunos, por outro lado prejudicam a sua interacção social futura.
Beneficiam a formação académica porquê? Permite que os alunos se concentrem mais nas actividades escolares, permite uma uniformização dos currículos e uma maior liberdade de expressão, tanto oral como artística. Não sendo eu pedopsicólogo nem agente de ensino, por alguma razão torna também a vida mais fácil aos professores. Será uma redudância acrescentar que as escolas unissexuais gozam também de uma larga experiência, de séculos até, com resultados positivos.
Mas e quanto à formação social destes indivíduos? Gostava de deixar claro que quando penso nas diferenças entre um tipo de escola e o outro não estou a considerar o aspecto da descoberta ou do desenvolvimento da sexualidade. As consequências de não ter outros contactos com alguém do sexo oposto à excepção de familiares ou eventualmente vizinhos até à fase mais adiantada da adolescência levam tendencialmente a dificuldades de relacionamento, de aproximação, de espaço, cada vez mais importantes neste mundo globalizado e competitivo.
Apesar de alguns destes estabelecimentos de ensino gozarem de um certo estatuto curricular, penso que se aprende mais e melhor nas escolas mistas. Aprende-se a comunicar, a debater, a perceber as diferenças que vão além do género. Claro que não ficam de fora as paixões, as desilusões, os desgostos, o ciúme e todas essas maleitas que, no fundo, temos inevitavelmente de encontrar na vida adulta. E aprender a lidar com elas.
Publicado em
Leocardo em 28/3/2007
4 comentários:
Caro Leocardo, aqui lhe deixo uma sugestão e uma correcção:
- Em vez de «Uma das diferenças em relação ao ensino público em Portugal e o ensino na RAEM são as escolas unissexuais», sugiro que escreva «Uma das diferenças entre o ensino público em Portugal e o ensino na RAEM são as escolas unissexuais»;
-É «beneficiam», não «benificiam». Aliás, você escreveu bem à segunda. Foi distracção.
Quanto ao tema propriamente dito, vi, há não muito tempo, num telejornal de Portugal, uma reportagem sobre uma escola feminina onde as alunas tinham melhores resultados, supostamente porque se concentravam mais nas aulas, em vez de andarem a olhar para os colegas do sexo oposto e a perder tempo tentando agradar-lhes. Ainda assim, prefiro as escolas mistas. Sumariando o que o Leocardo disse, se é suposto vivermos juntos para o resto das nossas vidas, fará sentido crescermos e aprendermos separados?
Obrigado pela sugestão e pela correcção. Este texto foi copiado e "pastado" do blogue antigo.
Ena! O meu antigo Colégio (desde a creche à 4ª Classe!
Tantas saudades da Santa Madre Amadeu, das adoradas Madres Pia e Rosa.
Grande Professora que tive, Angela Lagariça! Grandes professores numa grande escola!
Para além da Família, a Professora Ângela foi incansável em ensinar-nos o Hino Nacional à visualização da cassete de vídeo do final de emissão da TDM!!!
Era lindo quando em coro, em formatura, rezávamos 3 Avés Marias e um Pai Nosso, seguido do Hino Nacional (a Escola em coro)!!!Grandes tempos!!! Gloriosos!!!
Já agora, a instituição do Colégio Militar diz alguma coisa?
E que tal debate das mulheres nos fuzileiros?
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