Depois do empate caseiro do Benfica frente ao Besiktas na terça, o FC Porto não fez melhor no dia seguinte frente aos dinamarqueses do FC Copenhagen, imitando os encarnados no resultado, mas pelo menos sem a "novela mexicana" da Luz no dia anterior. E este jogo em que o Porto era amplamente favorito e mesmo assim perdeu dois pontos, bem pode servir de lição - apesar dos "bombos da festa" que aparecem na fase de grupos da Champions, há equipas como esta ou como o Besiktas, com alguns pergaminhos e que discutem o resultado com unhas e dentes. Os dragões entraram no jogo tomando a iniciativa atacante, como lhes competia, e foram premiados aos 12 minutos com um golo da autoria de Otavinho, numa "bomba" disparada da entrada da área após passe de André Silva. Os campeões dinamarqueses, que atingiram os oitavos da competição mais importante da UEFA em 2011, sabiam que não tinham pela frente nenhum Esbjerg (equipa da Superliga da Dinamarca onde o Copenhaga foi vencer por 4-0, única vitória fora esta época), e iam arriscando ocasionalmente uma ou outra investida pelo meio-campo azul-e-branco, enquanto a maior preocupação era evitar sofrer um segundo golo, que nesse caso seria irrecuperável, e ainda podia ser "o princípio de uma grande amizade" (leia-se "cabazada").
E foi no oitavo minuto do segundo tempo que os nórdicos arrefeceram o fogo do Dragão, marcando o golo do empate na segunda vez que atacaram. A jogada que decorreu pelo lado direito do ataque dos visitantes parecia estudada, mas uma vez que a bola chegou pelo ar à área, acontece um estranho "bailado", em que o protagonista teve como nome não Mikhail Baryshnikov ou Rudolf Nureyev, mas antes Andreas Cornelius, um avançado dinamarquês que quando tem os pés assentes no chão, fica com a cabeça 1,93 metros mais acima. O problema é que o sacrista não se ficou no chão, mas andou antes a saltitar pela menos torreante defesa portista, até que arranjou forma de anichar a bola no canto inferior da baliza de Casillas, que ainda deve estar com um torcicolo, após assistir àquele espectáculo aéreo.
Com o empate feito, os escandinavos cuidaram mais o aspecto defensivo, e se ainda estavam a pensar em cometer uma proeza, viram o seu conto de Hans Christien Andersen feito em bolo Dan Cake quando ficaram reduzidos a dez elementos aos 66 minutos, por expulsão do médio eslovaco Jan Gregus, por acumulação de amarelos. Podia-se dizer que depois disto viram-se "gregus" (ah! sou um génio), mas nos últimos vinte e poucos minutos a ordem foi defender, defender e depois defender, e atacar apenas em caso de desfalecimento colectivo súbito de toda a equipa do Porto. E lá fizeram jus à sua reputação de equipa que joga "em bloco", montando um autêntico iglo em frente da baliza do guardião sueco Robin Olsen (isto foi uma conspiração escandinava completa, porra!), e saindo assim do Dragão com um ponto merecido. O Porto só se pode queixar da falta de ideias que os levassem a "quebrar o golo", e vai na próxima ronda jogar a Inglaterra, onde nunca ganhou, e contra o campeão Leicester.
Os comandados de Claudio Ranieri estiveram "in Bruges", e fizeram o "remake" futebolístico do filme de 2008 com Colin Farrell no papel principal, vencendo os campeões belgas por confortáveis 3-0. O Leicester, que deixou o mundo de boca aberta com o queixo a bater no chão quando conquistou e Premier League em Maio último, está a ter "problemas domésticos", somando apenas quatro pontos noutros tantos jogos da liga inglesa, ocupando um deprimente 17º lugar, já a oito pontos do líder Manchester City (se calhar ainda estão em festa, pronto, percebe-se), mas parece querer apostar na liga milionária, e destoar assim dessa nova mania britânica de sair da Europa abruptamente. O Club Brugges, treinado pelo nosso conhecido Michel Preud'homme, vai a ter a vida mais complicada a partir de agora, e se perder em Copenhaga na semana seguinte à semana que vem, pode ser que "amaciem" e o Porto facture seis pontos contra eles. Mau sinal, se for mesmo necessário, mas nestas coisas dos vícios, neste caso dos pontos que dão euros, já se sabe: o mal é "dar naquilo" uma primeira vez.
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