domingo, 11 de setembro de 2016

Bienvenu a IRUN!


A modos que a história se conta em poucas palavras - ou nem tão poucas quanto isso: era o quinto dia de Agosto, e estava eu em Donostia (San Sebastián, para os leigos), capital cultural do Euskadi, a duas horas de autocarro de Bilbao, onde fiquei sediado. Donostia é a capital da província de Guipuzkoa, e a sua maior cidade. Para quem não conhece bem a geografia basca, a parte que compõe a comunidade autónoma do Euskadi é composta por três províncias: Bizkaya, cuja maior cidade e capital é Bilbau; Aláva (ou Alaba), cuja maior cidade é Vitória-Gasteiz, que é também a sede do Governo autónomo, e por isso considerada a capital política de facto do País Basco, e Guipuzkoa, onde me encontro naquela imagem em cima, mesmo em frente à catedral de San Sebastián. 


Donostia é o berço da infame ETA. Antes que comece a dar falta de ar aos "aficionados" dos terrorismos e afins, saibam que inicialmente a ETA era única e exclusivamente uma organização que visava preservar a língua e cultura bascas, e foi fundada por intelectuais e gente das letras. A luta armada veio a iniciar-se pouco depois, durante os anos de maior intensidade da opressão franquista, e era até apoiada pelos bascos em geral, e até pelos outros espanhóis, e foi com o fim do Franquismo que passou a ser vista como um "problema". Aliás a implosão da ETA teve muito a ver com fracturas dentro da própria organização, que passou a ficar muito mal vista devido à sua inflexibilidade negocial e uso de tácticas algo duvidosas para quem almejava apenas a independência do Euskadi, como a chantagem, por exemplo, através da cobrança de um "imposto revolucionário" a personalidades bascas que sabiam poder pagar. Mas chega de ETA, e já agora para que fique bem claro não apoio esse grupo nem nenhum outro que faça do terrorismo uma forma de luta, e posto isto deixo também saber que sou apoiante incondicional da independência do Euskadi, incluindo o território que é actualmente a comunidade autónoma de Navarra. Voltarei a este assunto um destes dias.


Ninguém diria que Donostia é uma cidade vibrante em termos culturais. Fazendo uma comparação algo grossa com a realidade portuguesa, seria mais ou menos o mesmo que ter no Algarve a nossa mais-valia cultural e histórica. Donostia é catedrais, fortalezas e museus, mas é sobretudo praia, e na zona perto da barra o que mais vê são turistas - e restaurantes! Aqui permitam que vos diga em jeito de pirraça que se come bastante bem, especialmente marisco - não fosse esta fascinante cidade localizada junto do mar.


 E foi já bem comidos que fomos visitar o Anoeta, santuário para os adeptos da Real Sociedad, conhecidos em toda a Espanha e não só por "txuri urdin", que quer dizer "azuis e brancos" em euskara  (o FC Porto é portanto "txuri urdin também, se bem que me custa imaginar os seus adeptos aceitarem ser conhecidos por esse nome - e pronunciá-lo, também. Já a pensar no regresso a Bilbao, optámos por tentar fazê-lo não de autocarro, mas de comboio, uma vez que tínhamos o passe da Euskotren, uma espécie de L123 para todo o País Basco. E foi aí que para minha surpresa...


Descobri que estava estupidamente perto de Irun! E sempre sonhei ir a Irun, que em basco significa "a fortaleza". Esta cidade fica localizada na  região de Bidasoaldea, nas margens do rio Bidasoa, e é literalmente o fim de Espanha, por ficar mesmo junto à fronteira e França, por onde o País Basco continua até Bayonne, com a idílica Biarritz pelo meio. E assim lá fui eu, a caminho de Irun. BIENVENU A IRUN!!!


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