É cada vez mais difícil a um jovem adquirir a primeira habitação em Macau. Isto é um facto que os números confirmam e já toda a gente sabe, mas será que toda a gente reflectiu bem sobre isto? O que quer dizer? Como é agora que as crianças acabaram os estudos, já namoram e querem o seu espaço? Este conceito de “espaço” é muito vago, principalmente quando “qualquer buraco” já custa “um milhão de patacas”.
Ora um milhão de patacas, mil notas de mil, nem toda a gente tem na conta bancária, ou debaixo da cama. Há quem precise de trabalhar dez anos para “fazer” um milhão de patacas, quanto mais juntar. Alguns pais mais caridosos e pragmáticos juntam anos a fio para poder comprar uma casa aos filhos. Houve pelo menos quem se tenha prevenido dessa verdadeira Lista de Schindler que é a atribuição de habitação económica em Macau.
Um amigo do meu sogro, que é mestre-de-obras, queixava-se no outro dia que “trabalhou 30 anos” para juntar dinheiro para comprar uma casa ao filho. O jovem, que trabalha no casino e ganha dez mil patacas, enquanto a namorada com que vive não trabalha, só ouviu falar num milhão de patacas lá no casino, quando alguém ganha o “jackpot”. É que normalmente quem tem um milhão de patacas tem também muitos outros milhões de patacas, o que significa também que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior.
O preço das casas está incomportável devido a um fenómeno chamado “especulação imobiliária”, cuja explicação concreta delego aos entendidos do assunto, mas que em termos mais leigos quer dizer que o metro quadrado de habitação dispara em flecha, deixando em terra os passageiros menos remediados. Depois quem precisa mesmo de casa para viver, não comprou, e até ganha mais ou menos bem, fica sujeito à “loucura” das rendas, cujos proprietários – normalmente de Hong Kong – aumentam a seu bel-prazer, ou logo que sabem que o Governo de Macau vai conceder mais subsídios à habitação. É um mundo cão que muitos dos nossos compatriotas conhece muito bem.
O que se passa aqui é um braço-de-ferro entre quem lucra e quem está na fossa, com o Governo no meio sem nada poder fazer. Chamem-me de maluco, mas na China, que é como se sabe uma ditadura do proletariado, o Governo “fabrica” os seus milionários e funciona tudo muito bem. Os tais milionários fazem tudo o que o partido quer, e se pisam o risco acontece-lhes o mesmo que a Huang Guangyu, fundador e proprietário da GOME, caído recentemente em desgraça e remetido à prisão. É uma situação em que o Governo controla os ricos, ao contrário do que acontece em Macau.
Na RAEM, de tão livre que é o mercado de modo a que se cumpra o tal do segundo sistema, deixa-se que os ricos sejam os predadores dos pobres. As únicas pessoas que lucram com esta situação são os próprios especuladores, que compram e vendem moradias que às vezes nem põem os olhos em cima, gente de fora da RAEM que está a enriquecer às nossas custas. Não sei se é honesto ou correcto ou sequer legal regular o mercado, mas deviam pelo menos existir algumas regras, uma tabela, um preçário, como no bacalhau. Qualquer coisa que acabasse com esta loucura e desse um tecto a quem dele precisa para viver.
13 comentários:
Os sucessivos governos de Macau também tiveram culpa. Andaram a dar BIRs de Residente PERMANENTE a quem nunca viveu em Macau mas teve dinheiro para comprar um apartamento caro, enquanto que outros há que trabalham e vivem por cá há mais de 10 anos e continuam a ser... Trabalhadores NÃO Residentes!
A vida é injusta já devias saber isso,oh anónimo das 19H31
" É que normalmente quem tem um milhão de patacas tem também muitos outros milhões de patacas" mas que raio de comentário é este oh leocardo,eu tenho 1 milhão e tal patacas e não tenho outros milhões de patacas.E 1 milhão de patacas nem é assim tanto.nem dá para comprar um T3 em Portugal.
Provavelmente o Leocardo referia-se a quem tem 1 milhão de pataquinhas para gastar nas casinadas.
Leocardo, este problema não é de solução fácil. Existe um grupo de sujeitos que se defendem a si próprios, especulando o mercado propositadamente, e alguns dos que lucram têm assento permanente na AL.
AA
depende onde é que queres comprar o teu T3, se fores a ELvas por exemplo, chega e sobra com um milhão...
O anónimo das 21:08 tem um milhão de patacas porque de certeza ganha muito mais que 10 mil patacas por mês. E com esse milhão de patacas, vai comprar casa? Não precisa? Então não interessa.
Cumprimentos.
Já que regulassem os arrendamentos já não era mau. Em Portugal há um limite de lei que se pode aumentar todos os anos, se não estou em erro anda entre os 1 e 2%, aqui pagamos 6000 e no ano seguinte já querem subir mais 1000 ou 1500 patacas. É de loucos. E com tantas casas aí vazias. Isso é que me faz confusão. Tanta gente a viver em condições miseráveis, famílias de 10 elementos num T2 e tantos apartamentos vazios, comprados por esses tais que nunca puseram os pés em Macau e estão a enriquecer.
"A vida é injusta já devias saber isso,oh anónimo das 19H31" (sic)
E, como é injusta, mas nem sequer é injusta para ti, calas-te bem caladinho e não reclamas porque, afinal, é isso que te convém... A vida é injusta precisamente por causa de haver muita gente como tu.
Voces em Macau coitados reclamam muito,deviam voltar para a vossa terra em Portugal e ver quando custa ganhar a vida,afinal de contas só emigraram para Macau para terem um salário melhor.Portanto não reclamem muito,os portugueses que vivem em Portugal que tem muito que reclemar.
Pensava que era só os portugueses daqui de Macau que defendiam o lema do "come e cala". Afinal, os de Portugal também acham que nos devemos comportar assim aqui. Bonito, sim senhor. Mais algum bom conselho, caro compatriota?
Pois eu dou-lhe um: fale do que sabe e não se meta no que não conhece.
E o anónimo das 16h40 conhece o que da minha vida?Sou o anónimo das 19:44.
Ó anónimo das 19:44 e das 16:57, só dizes e perguntas coisas parvas, pá!
Pá,vai chatear outro,oh anónimo das 18h26,pá.
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