segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Bandeiras e Nobel


1) Não concordo com esta nova moda de se andar a vilificar os autores daquela brincadeira no último dia 5 nas instalações do Consulado Geral de Portugal. Concordo que o acto devia ter sido assumido, mas não acho graça nenhuma a que se insulte quem foi lá trocar a bandeira da República pela bandeira da monarquia. Tenho lido e ouvido em quase todo o lado que foi “um acto cobarde”, praticado por “cobardes”, os autores são “cobardolas”, “palhaços” e outros epítetos ainda menos simpáticos. O artigo mais surrealista foi o que considerou o acto da troca de bandeiras um insulto à memória de Henrique de Senna Fernandes. É verdade que as lutas devem ter rostos, como diz muito bem o Gilberto Lopes no Hoje Macau, mas todos nós sabemos o que acontece a certos rostos que estão no lado errado da luta. Se os senhores não se querem identificar, devem ter lá as suas razões, e não me cabe a mim julgá-lo, uma vez que não danificaram propriedade privada nem pública, nem cometeram homicídio. Andar a insultá-los para ver se saem da toca parece-me um bocado baixo. É só o que eu acho.

2) Fiquei bastante satisfeito – encantado até – com a forma como foi tratada na imprensa de Macau da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo, o do que se diz por aí. O coro que se ouve da opinião em geral é que o aspecto da democratização do sistema é inevitável, mais tarde ou mais cedo, e que os direitos humanos são uma questão incontornável. Ainda recentemente Wen Jiabao esteve em Atenas a comprar dívida grega, e é isso que a China tem fundamentalmente para oferecer ao mundo: dinheiro. A diplomacia chinesa tem a fama de ser tudo menos macia (devia chamar-se “diplodura”), e uma bota difícil de descalçar como é um Nobel da Paz para um dissidente não vem mesmo nada a calhar numa altura em que governo chinês trabalhava numa manobra de charme internacional contra o Japão na questão das ilhas Diaoyu. É normal que tenham ficado zangados, mas também não os vi aí furiosos a ser maus para toda a gente. Foram maus com a Noruega, sim, apesar do Prémio Nobel ficar sediado naquele país ser uma instituição independente. É a mesma coisa que eu cortar o dedo numa “swiss army knife” e ficar com um ódio visceral à Suíça e aos suíços. Mas não vimos uma China muito diferente do habitual na forma como lidou com esta situação, e vai ser outra vez “business as usual”, com ou sem direitos humanos. Menos para a Noruega, claro.

14 comentários:

Anónimo disse...

Segundo JRD, foi de mau gosto a bandeira monárquica ter sido hasteada no dia em que Henrique de Senna Fernandes morreu. Esta é das maiores idiotices que alguma vez já ouvi ou li, relacionando duas coisas que não têm relação possível. Será que a bandeira não foi hasteada pura e simplesmente por ser o malfadado dia da República? Ora ponha lá o JRD os neurónios a funcionar, se os tiver.

O facto é que, em termos de idiotice, JRD não se ficou por aí, o que é normal sempre que alguém escreve a tentar legitimar por todos os meios a sua querida República. Escreve ele, no seu paupérrimo editorial, sobre uns certos princípios que levaram à Implantação da República, entre os quais o de que todos os cidadãos são iguais e o do laicismo, que separa a Igreja do Estado. Mas, afinal, parece que estes princípios "básicos" só foram amplamente vertidos na Constituição que saíu do 25 de Abril, como o próprio JRD diz.

Ora, das duas uma: ou JRD pensa que a República começou em 1974, ou então está mais uma vez a relacionar coisas sem relação alguma. Como o próprio deve saber, que já tem idade mais que suficiente para isso, já a República tinha mais de 50 anos e ainda nem as mulheres votavam nem os crucifixos tinham saído da sala de aula. Ah, e mesmo o voto dos homens era uma formalidade ao estilo da Coreia do Norte. Talvez o JRD esteja com amnésia...

Anónimo disse...

Não deixa de fazer algum sentido içar a bandeira da monarquia no dia 5 de Outubro.
Apesar de apenas se falar na implantação da República, também se celebra neste dia o aniversário da assinatura do Tratado de Zamora, que se traduziu na independência de Portugal.
Do ponto de vista histórico, o 5 de Outubro de 1143 é extraordináriamente mais importante que o 5 de Outubro de 1910. A primeira é o nascimento de uma nação, a segunda é uma mudança de regime nessa nação. O segundo 5 de Outubro, que é o que actualmente se celebra, está mais próximo de umas eleiçóes (sem que nem sequer o tenha sido) do que do primeiro.
Talvez se a República mostrasse um pouco mais de respeito pela data da Fundação seria mais merecedora de respeito também...

Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente, anónimo das 19:14!

Anónimo disse...

Foi uma pouca vergonha o que aconteceu no 5 de Outubro em Macau! Como é que é possível, no sítio mais vigiado do Mundo, que é Macau, onde há milhões de câmaras espalhadas, uns anormais (não têm outro nome) poderam trocar sem problemas nenhuns a bandeira da repúlica pela bandeira da monarquia?!? Como?! Expliquem-me? Terá sido com a benção de quem manda?... A sorte destes gajos é que Portugal está-se bem a cagar para o que se passa aqui! Se esta merda (não há outra palavra para descrever o que aconteceu!) se tivesse passado em Angola ou no Brasil (o centro do mundo portugês), caía o Carmo e a Trindade! É bom que se encontrem os responsáveis por este insulto aos símbolos nacionais!, é que ultrajar os símbolos nacionais dá cana!

Anónimo disse...

A bandeira azul e branca é um símbolo tão nacional como a folclórica verde e vermelha, anormal. "A sorte destes gajos é que Portugal está-se bem a cagar para o que se passa aqui". E se não estivesse? Mandava para cá a PIDE para os prender? Ui, que medo!

Anónimo disse...

Macau é o sítio mais vigiado do mundo? Essa deve ser para rir, não?

Se o fosse, haveria câmaras que tivessem captado a morte do garoto Amorim, por exemplo, assim só para dar um exemplo ao anormal das 20:26

Trocar a bandeira teve piada, deu que falar neste marasmo que é Macau e não feriu ninguém. Aposto que com assuntos importantes não se importa o senhor. Palhaço!

Anónimo disse...

Sobre a troca das bandeiras a minha preocupação está na facilidade que os astutos fizeram isso. Uma destas manhãs ainda encontramos lá a bandeira da República Popular da China.

AA

Anónimo disse...

Ou, melhor ainda, a de Taiwan. Também era uma brincadeira engraçada.

Anónimo disse...

Eu já prometi a mim próprio é que um dia destes ia lá tirar aquela bandeira azul com 12 estrelinhas amarelas, que não sei muito bem o que lá está a fazer. Aí é que ficava bem a bandeira portuguesa azul e branca, ao lado da sua congénere folclórica verde e vermelha. Estou só a deixar a poeira assentar.

Anónimo disse...

És uma pessoa cheia de classe e muito inteligente ó pázinho das 4:23

Anónimo disse...

"Se o fosse, haveria câmaras que tivessem captado a morte do garoto Amorim"Mas ao que parece foi mesmo filmado e gravado mas alguém da P.J apagou as imagens.

Anónimo disse...

Mesmo assim, o anónimo das 4:23 não te chega aos calcanhares, anónimo das 10:16. Tu sim, és o meu herói.

Anónimo disse...

E tu a minha menina

Anónimo disse...

Gostas de meninas de chicote, não é, querido?