Livros escolares: coisa de ricos

Durante os recentes tumultos em Moçambique, essa república das bananas minada de corrupção e (des)governada por meia dúzia de caciques, vi um senhor que se quixava que "tudo aumentou": desde o pão, a gasolina, o arroz, ou o "p'ra criança ir p'ra escola". Penso que falava do material escolar, e como o compreendo. Fiquei a saber ainda que as famílias portuguesas gastam em média 200 euros nos livros escolares. Quarenta contos. Chiça, é obra. No meu tempo os pais gastavam pouco mais de dez contos nos livros para mim e para os irmãos, e isso já fazia mossa no orçamento lá em casa. Mesmo este ano gastámos perto de duas mil patacas em livros para os filhos, o que é mais ou menos o mesmo que gastam os tais agregados familiares portugueses. O pior é que nem se está a gastar uma nota preta em qualquer coisa de jeito. Os livros escolares estão cada vez mais mal feitos, mais ridiculos, mais deprimentes. Os miúdos aprendem mais na internet do que em qualquer livro escolar. Nem sei quem é a corja de mentecaptos que seleciona aquele "material didáctico", aqueles textos, aqueles exercícios, mas não gostava mesmo nada de os conhecer. Se aquilo ainda desse para cortar em tirinhas e pendurar na casa-de-banho...