Dança da morte em Bangkok

São imagens tristes que nos chegam do país dos sorrisos, no rescaldo dos incidentes deste fim-de-semana entre os “camisas vermelhas” e o exército. As ruas de Bangkok tornaram-se um verdadeiro campo de batalha, e turistas que se mantêm na capital tailandesa falam de sangue nas ruas, lojas e carros destruídos, um verdadeiro caos. O exército alega que apenas usou balas de borracha, mas as últimas imagens captadas pelo malogrado operador de imagem japonês da Reuters mostram os soldados tailandeses a carregar com violência nos manifestantes. Quando olho para alguns dos manifestantes e a forma simplória como tentam juntar palavras sem sentido em inglês que contenham “democracy” algures em frente às câmeras de televisão estrangeiras, dá-me a entender que a razão não está de nenhum lado. E se realizarem novas eleições e ganhar a oposição? É a vez dos camisas amarelas sairem à rua e tudo se renova. Um problema que pode muito bem descambar numa guerra civil. Enquanto segue a parada de caixões e as autópsias vão agora revelar um pouco do que se passou, vi um testemunho que me impressionou: a mãe de uma das vítimas diz-se “magoada” com a morte do seu filho, mas “orgulhosa” que ele tenha morrido pela causa. Está muito mal, a Tailândia, quando alguns dos seus cidadãos começam a falar de martírios e sacrifícios humanos. Onde é que já vimos isto? Pois é, acertaram. Só faltam mesmo os bombistas suicidas.