segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Autárquicas em balanço


Realizaram-se ontem as eleições autárquicas em Portugal, com vitórias do PSD e PS, e derrotas da CDU e Bloco de Esquerda. O PSD conquistou 139 câmaras, 117 a solo e 22 coligado, e o PS subiu a votação, e conseguiu 131 presidências. A CDU conquistou 28 câmaras, e o PP e o BE uma cada.

António Costa, do PS, foi reeleito em Lisboa, derrotando a coligação de direita encabeçada por Pedro Santana Lopes. O ex-primeiro ministro vai de derrota em derrota, e pondera agora sentar-se na cadeira de vereador da câmara, fazendo oposição a António Costa. Um sinal de desespero da parte de PSL. Quem se interessa pela oposição nas autarquias? Quem conhece os vereadores? Era altura para PSL pendura as chuteiras, em linguagem que ele percebe bem, e dedicar-se a tempo inteiro à advocacia. Mais pragmática foi Elisa Ferreira, que depois de ter perdido a Câmara do Porto para Rui Rio, prepara o regresso a Bruxelas, para o Parlamento Europeu. Rui Rio conquistou o terceiro mandato no Porto, apesar de não ser popular entre a elite da cidade invicta.

As "celebridades" sairam praticamente todas vencedoras. Francisco Moita Flores venceu em Santarém, Fernando Seara venceu em Sintra, Mesquita Machado em Braga (pela décima vez!) e António Capucho em Cascais. Isabel Damasceno, um dos arguídos no processo "Apito Dourado", perdeu Leiria para o candidato do PS, Raúl Castro (?!). No Algarve Macário Correia, líder da coligação PSD/CDS/MPT/PPM venceu o candidato do PS e ex-presidente José Apolinário por escassos 130 votos. Macário ficou mais conhecido por ter sido o secretário de estado do ambiente do Governo de Cavaco Silva que mandou encerrar a discoteca Kremlin. Em 1993 perdeu as autárquicas por Lisboa contra Jorge Sampaio, e depois exerceu a presidência da Câmara de Tavira durante oito anos, provando que talvez os ares do Algarve lhe fazem melhor que os ares da capital.

A CDU conquistou 28 câmaras, a maioria na margem sul do Tejo e no Alentejo. A derrota que mais doeu foi em Beja, capital da reforma agrária, onde perderam a câmara que detinham há 36 anos (!) para Jorge Pulido Valente, do PS. Alguns dos municípios conquistados pelos comunistas são demonstrativos do atraso em que vive mergulhada a CDU. No Alvito, distrito de Beja, por exemplo, venceram com 547 votos, mais 11 (onze) que o PS. No distrito de Setúbal os comunistas conquistaram nove das treze câmaras, quando em 1987 tinham vencido todas. Maria Emília de Sousa torna-se recordista, vencendo a câmara de Almada pela sétima vez.

O Bloco de Esquerda foi um dos grandes derrotados destas autárquicas. Venceram em Salvaterra de Magos (um grande beijo para a Aninhas), mas não conseguiram eleger João Teixeira Lopes e Luís Fazenda para mandatos no Porto e Lisboa, respectivamente, o qe levou Francisco Louçã a reconhecer a derrota. Os bloquistas conseguiram apenas 3% dos votos nas 133 autarquias a que concorreram, um resultado desastroso quando comparado ao das europeias e legislativas. Os eleitores do BE ainda pensam muito globalmente, mas agem pouco localmente, como se assaz dizer.

O caciquismo já não é o que era: Valentim Loureiro venceu em Gondomar, e Isaltino Morais em Oeiras, mas Narciso Miranda perdeu em Matosinhos e Avelino Ferreira Torres não conseguiu reconquistar a câmara de Marco de Canavezes. A maior surpresa deu-se em Felgueiras, onde Fátima Felgueiras perdeu para o candidato do PSD/PP, Inácio Ribeiro. O PP venceu em Ponte de Lima, com maioria absoluta, mesmo sem o polémico Daniel Campelo, o conhecido deputado do queijo Limiano. Um facto destacado pelo presidente do CDS-PP, Paulo Portas, que realçou o trabalho do seu partido no concelho minhoto.

Nas ilhas o PSD "goleou" na Madeira, com vitórias em todas as 11 câmaras, com maioria absoluta em 10, enquanto nos Açores o PS conquistou 12 câmaras, contra sete dos sociais-democratas. Um Partido da Nova Democracia (PND) de Manuel Monteiro conquistou um mandato no Funchal, o que faz lembrar o caricato episódio de Machico nos anos 80, quando a UDP elegia um deputado. Em Ourém, terra do Leocardo, o socialista Paulo Fonseca venceu a câmara, sucecendo assim ao social-democrata Vítor Frazão, por pouco mais de mil votos.

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