Realiza-se no próximo fim-de-semana a Festa da Lusofonia, na zona do Carmo, na Taipa. Uma ocasião especial, sempre muito aguardada, e só é pena que não se realize mais que uma vez por ano. Tirando o Festival, a zona das casa-museu da Taipa encontra-se praticamente abandonada todo o ano, com excepção das terças-feiras, quando ao que parece (ouvi dizer) se realizam ali casamentos civis.
A presidente da Casa de Portugal, Maria Amélia António, veio lamentar que o IACM se tenha decidido por fazer o Festival regressar ao modelo pré-2008, ou seja, três dias, caipirinhas, matraquilhos e música. O corte no subsídio não permite que se traga mais uma exibição de artesanato de uma província da China, como no ano passado, ou que se realizem outras actividades como no ano passado, que fizeram com que o Festival se alargasse por uma semana.
Confesso que me passaram ao lado os tais espectáculos no centro Macau no ano passado, e a tendinha da tal província chinesa até passou um pouco despercebida, atirada que estava lá para um canto, ao pé dos matraquilhos. Dizer que a edição do ano passado foi "considerada unanimamente um sucesso" soa a exagero; não me lembro de ecos por aí além em relação ao Festival que, para ser sincero, vale o que vale. Acontece uma vez por ano, a malta fica contente e pronto, mais ninguém se lembra.
Não vou chegar ao ponto de dizer que são "quatro milhões em Caipirinha", como alguém referiu, até porque prefiro o aspecto lúdico do evento: a música, a arte, o convívio. É bastante agradável por sinal, especialmente quando o tempo metereológico ajuda. E quanto ao corte do orçamento, a gente encolhe os ombros, mas ficamos a pensar se numa terra onde há dinheiro para tudo, até para os maiores disparates, faz assim tanta diferença que se dê mais um ou dois milhõezinhos ao festival da tugalhada.
O nosso festival, no fundo, até não está mal. Não carece de qualquer necessidade expansionista, assim como a própria Lusofonia. Começar a convidar países ou regiões onde não se fala português e provavelmente nem se sabe onde Portugal fica, parece um sinal de desespero. A Lusofonia tem valor por si só, e uma dimensão significativa. E se não tem, paciência, se calhar não vale a pena existir. Se é apenas um "arraial", que seja, sem qualquer tipo de preensionismos, sem politizar a coisa ou descaracterizando a sua matriz popular e simples.
O que vou ter mais saudades este ano é do João Fonseca. Espero que o grupo de cantares de Macau continue a sobreviver sem ele. É já na próxima sexta-feira, vamos ter os Quinta do Bill, os Mercado Negro e os artistas locais. Vamos ter comes e bebes, comida africana (sempre uma delícia) e sobretudo a malta toda para animar a festa. Isto com ou sem orçamento. Encontramo-nos lá!
4 comentários:
Regresso hoje a Macau, e tal como tive o prazer de assistir o ano transacto ao Arraial da Luso Fonia, este ano de novo lá estarei caído, mas sem caipeirinhas, pois essas me fazem mal ao fígado rsrsrs.
É sempre bom e salutar que eventos como este se realizem para que os Lusos da Fonia se encontrem e posam ficar mais a par do que se vai passando por estes países irmãos.
Aconselho ao meu amigo Leocardo que leia o blog de um amigo meu, ex funcionário da Embaixada em Bangkok. José Martins.
http://aquitailandia.blogspot.com
Um abraço amigo
Eu vou ao arraial!
AA
Por muita pena que tenha de o António Cambeta não poder fazer o mesmo, eu vou-me encher de caipirinhas. Desculpe lá, Sr. Cambeta, mas como eu já nem fígado tenho, estou à vontade nesse aspecto. Quem quiser saber quem eu sou, é fácil: vejam quem é o gajo que bebe mais caipirinhas na Festa da Lusofonia.
Um espectáculo com tremendo potencial, mas que, mais uma vez, terá pouco impacto devido ao marketing ser mal feito... Uns anuncios antes do telejornal chinês, por exemplo, ou na rádio chinesa antes dos blocos informativos e daquele programa da manhã que toda a gente ouve, seriam meio caminho andado para aumentar a visibilidade do evento. É preciso a comunidade Lusofona entender de uma vez por todas que além de entreter a malta, e como diz muito bem o Leocardo, esta Festa também serve para mostrar a riqueza da Lusofonia a quem, de facto, pode decidir se quer ou não a nossa presença nesta terra. Não haverá Pequim que nos valha se não se conseguir conquistar o coração e o reconhecimento da maioria da população- e quando se fala de maioria da população não falamos dos cento e tal mil naturais de Macau da velha geração, mas sim dos 200 a 300 mil que vieram em finais dos anos 70 e os seus filhos- que da especifficidade de Macau, da sua história e cultura mal conhecem...
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