Muitos dos meus colegas e amigos regressam agora de férias. Aproveitando os feriados do início do mês, muitos optaram por tirar uma ou duas semanas e viajar, agora que o clima no território está mais ameno e vai passando a época das monções. Os que optaram pela praia e pelas compras, escolheram destinos como a Malásia, a Coreia do Sul ou o Japão (sempre muito popular entre a malta mais jovem). Os que partem a aventura e querem conhecer um pouco mais do mundo optaram pela "Europa".
Segunda-feira encontrei uma amiga que já não via há alguns meses. Entre a conversa fiada do costume, perguntei-lhe onde foi de férias, ao que retorquiu: "Europa". Podia ter sido espertalhão e perguntar qualquer coisa como: "Ai sim? E eu vivo na 'Ásia'", ou perguntar-lhe quanto tempo demorou a visitar os mais de 50 países que constituem o continente europeu. O que é, afinal, esta "Europa"?
Esta Europa não é Portugal. Nem Espanha. Nem a Inglaterra. Para a malta chinesa, que como se sabe sofreu de um grande mal da educação de Macau, que foi não ter aprendido outra Geografia que não a da China, Portugal é "Portugal", ou o
sai ieong (mar do oeste), e a Inglaterra "é uma ilha". A "Europa" propriamente dita é a Alemanha, a França, a Itália, ou mais recentemente a Hungria e a República Checa, que conhecem pela antiga designação de "Checoslováquia" ou ainda por um diminutivo "a Checa". Provavelmente se lhes dissermos que a Albânia ou a Bósnia também ficam na Europa, pensam que se trata de uma "Europa" de segunda qualidade, a imitar a primeira.
Basta entrar em qualquer agência de viagens de Macau e perceber que os
tours para a "Europa" incluem os países acima mencionados. Outros
tours, também eles na Europa, são designados por "Portugal e Espanha", "Grã-Bretanha e Irlanda" ou "Turquia e Egipto", este último referido muitas vezes como sendo no "Médio Oriente". Da África propriamente dita existem
tours para o Quénia, aparentemente um dos poucos países africanos que conseguiu transmitir segurança ao turista da região. Uma agência de viagens que visitei recentemente tem na parede um mapa-mundo de onde ainda constam a União Soviética e a Jugoslávia. Mas também, o que interessa? Ninguém quer lá ir.
A Rep. Checa, um dos países do antigo bloco de leste, conseguiu um feito extraordinário: atrair o turista chinês. Penso que nunca, mas nunca passou pela cabeça da malta visitar o teatro nacional de Praga, aprender sobre a Morávia, a Boémia, ver os castelos, as igrejas, os monumentos. Outros favoritos incluem a Áustria, a Bélgica ou a Floresta Negra, na Alemanha. O "Danúbio", de que tanto ouviram falar, é muito requisitado. E o que os encanta? A cultura, a História, as diferenças. Tudo o que não existe em Macau, por exemplo.
Não que tenham muita vontade de aprender da forma mais interessante, ou seja, partir sem destino, à aventura, tomar contacto com aquelas gentes sem depender dos enfadonhos
tours. O turista chinês prefere ver, sentir, ser levado aos locais mais interessantes sem precisar de se incomodar em procurá-los, e acordar às seis da madrugada. O turista ocidental (e acidental) pela-se por se embrenhar nas selvas da Tailândia, percorrer a China e pé, dormitar nos
hostels de Ho Chi Minh. O turista asiático prefere o conforto.
Tempos houve em que o expoente máximo da civilização ocidental era os Estados Unidos da América. Nos anos 80 e 90 os pacotes para Los Angeles, Las Vegas e Nova Iorque vendiam como pãezinhos quentes. Hoje estão no fundo das gavetas das agências de viagem a ganhar pó. E o que é que a "Europa" tem que os States não têm? Castelos, por exemplo! Só que da próxima vez que alguém me disser que foi "à Europa", eu grito. Já não aguento mais. Podiam ser mais específicos, fáxavôr?
10 comentários:
Oh Leocardo, pergunte, por favor, à sua amiga se passou por Espanha. Em caso afirmativo, pergunte se ela comprou o "Caín" para o malvada inquisição. Obrigado.
Há gente ignorante, mas humilde, que só é ignorante porque a vida não lhe deu oportunidades. Outros há, como a besta que aqui comentou, que gostam de fazer alarde da sua ignorância. E não adianta tentar-lhes explicar nada porque se agarram à sua estúpida ignorância como se fosse o oxigénio de que precisam para sobreviver.
Há no artigo do Leocardo apenas um erro de análise: os chineses vão para hotéis confortáveis porque os que viajam têm dinheiro para isso; os europeus gostam do mesmo, só que a maioria dos europeus que andam a viajar são pés-rapados que só podem viajar porque qualquer outro sítio é mais barato do que a Europa, só que depois têm de se hospedar em reles pensões. Os europeus com dinheiro também vão para hotéis de luxo.
pormenor pormenor...falta é as bandeiras no mapa da bósnia, macedónia, bielorrússia, letónia, estónia, lituania, albânia e a moldávia...
tudo uma Europa de segunda sem importância para os chineses..hihi
Europeu Endinheirado: nunca é realmente análise, mas sim opinião. E neste caso socorro-me da minha própria experiência, e apesar de muitas vezes poder também ficar em hotéis de 5 estrelas, prefiro outros mais baratuchos onde dê para dormir e nada mais.
Cumprimentos.
Pronto, está bem. Mas a mim quem me tira um bom hotel tira-me tudo.
Como vai a leitura em castelhano meu caro? É melhor ou a trampa do trolha é exactamente igual?
Alarde da ignorância fizeste tu minha besta, que comeste por português o título da capa de um livro e só depois te deste conta. Vires depois para aqui inventar que tal foi intencional pois o livrinho foi publicado em castelhano e te apetecia esquecer a nacionalidade portuguesa ninguém engole. Estás tal e qual o trolha: arrogaste o direito de opinar sobre o que queres e como queres mas não admites que outros opinem o que querem e como querem.
És burro até à quinta casa, comes o que te enfiam à frente e não tens dois dedos de testa para reconhecer que tal não é português. O resto é treta minha besta. Não passas de um analfabeto disfarçado.
Não é para esquecer a nacionalidade portuguesa, é para não me lembrar que sou da mesma nacionalidade de energúmenos como tu. São duas coisas diferentes, embora não percebas. Eu sou português, tu é que te identificas mais com o Vaticano. Veste um disfarce de cruzado e vai servir o teu chefe de estado, que é o Papa, ó parolo.
Oh minha real besta. Por muito que tu tentes não consegues com os teus comentários disfarçar a realidade: não sabes o título em português do livrinho e nem uma palavra minha viste aqui a defender a igreja, o papa ou vaticano. Apenas me viste a expressar a minha opinião sobre a opinião de uma besta. Continua a mandar postas de pescada burro.
Não és tu o mesmo paspalho que diz num comentário no "post" acima que já sabias que eu me estava a referir ao título em castelhano? Afinal, em que ficamos, ó energúmeno?
E mais: se lesses Saramago saberias que não se escreve "Oh minha real besta", mas sim "Ó minha real besta" (interjeição que exprime chamamento ou invocação, e não espanto ou admiração); que não é "a igreja, o papa ou vaticano", mas sim "a Igreja, o Papa ou o Vaticano" (tudo com maiúsculas e artigo definido antes de "Vaticano"); e que não é "postas de pescada burro", mas "postas de pescada, burro" (com uma virgulazinha a separar os dois animais). E por aqui me fico nas lições, sejam elas de literatura ou de ortografia e pontuação. Se quiseres aprender mais, vais ter de pagar.
O "trolha de Lanzarote", como lhe chamas, ao menos sabe escrever. Já doutores da mula ruça como tu, é o que se vê...
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