segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Foi um concerto de rock


Os Delfins passaram por Macau, e deram um concerto na Fortaleza do Monte, no topo do Museu de Macau. Os Delfins são uma banda simpática, e mesmo que não se goste, há que respeitar uma banda que tem pelo menos duas mãos cheias de canções que toda a gente conhece, e sabe mais ou menos de cor. Há quem não goste dos Delfins ao ponto de os considerar "insuportáveis", e quem se congratule pelo fim anunciado da banda, uma vez que que esta torunée "25 anos, 25 êxitos e 1 abraço" é de despedida. Mas epá, esse gajos que se lixem. Os Delfins não são uma banda pretenciosa, que tenta criar "arte" da treta. São um grupo de rock.

Não foram 25 canções, foram menos. Desfilaram pelo palco improvisado da Fortaleza temas como "Canção do Engate", "Ser Maior", "Aquele Inverno", "Num Sonho Teu" ou "Cor Azul", tudo momentos altos. Estariam no concerto umas 300 pessoas, a olho nu, e como é habitual, o público de Macau demora a aquecer. Houve quem não tivesse percebido, ou previsto, que se tratava de um concerto de rock. Os senhores da fila da frente, por exemplo, gente mui digna e respeitosa, muito "no nonsense" que é incapaz de se agitar, cantar, pular, enfim, comportar-se como deve ser. Foi aos primeiros acordes de "Sou Como Um Rio" que Miguel Ângelo convidou a malta lá de trás, que se estava a divertir, a vir para a frente e dançar.

A malta chinesa (e filipina) juntou-se à festa, mas a música dos Delfins era um pouco difícil de "penetrar". Para que se perceba bem o problema, houve gente que estava ali completamente deslocalizada, sabendo que era "música" que ia ali acontecer. Ninguém lhes explicou que era um concerto de rock. Ou o que é um "encore". Quando os Delfins terminaram "Há uma razão" e despediram-se do público, muitos dos locais foram simplesmente embora, provavelmente para evitar o trânsito. E foram três os encores: "1 Lugar ao Sol", "Nasce Selvagem" e "Baía de Cascais", a canção mais emblemática da banda.

Uma nota muito negativa para a organização. É verdade que o concerto se incluía na XXIII edição do Festival de Música de Macau, mas era mesmo necessária aquela caganeira toda? "Desliguem os telemóveis e outros aparelhos sonoros". Porquê? Qual era o telemóvel que ia tocar mais alto que a música dos Delfins? E porque não se podia fumar num concerto de rock ainda por cima ao ar livre? E qual é a ideia de ter os elementos da organização a impedir as pessoas de se mexerem e andar de um lado para o outro? Não eram os Pequenos Cantores de Viena, era um concerto de rock! Posso
estar enganado, mas se na sexta-feira a corda for assim tão apertada para o kuduro electrónico dos Buraka Som Sistema, vai haver merda da grossa.

À entrada do concerto distribuía-se um folhetim com a história e a lista de canções. Havia uma tradução para chinês das canções dos Delfins que a minha sinóloga de serviço (que foi e gostou do concerto) me ajudou a traduzir. "Saber Amar" ficou "Sei amor", "Canção do Engate" ficou "Canção da Tentação", "Aquele Inverno" ficou "Qual Inverno", "Solta os prisioneiros" ficou "Solta os criminosos" e "Nasce Selvagenm" ficou "Bárbaro por natureza". Valeu a intenção. Foi um concerto de rock, e foi muito bom.

14 comentários:

Anónimo disse...

Se sexta-feira quiserem transformar o concerto dos Buraka num recital de música de câmara, e se houver merda, eu sou bem capaz de ajudar à merda. Se não percebem a diferença, mais vale estarem quietos e não organizarem concertos destes.

Jean Cocteau disse...

Nada existe de audacioso sem a desobediência às regras.

Anónimo disse...

Caro Leocardo, conto consigo para juntos fazermos merda no "concerto de câmara" dos Buraka Som Sistema.
Na peida é o que eles querem!

Anónimo disse...

é como tudo na vida,gostos não se discutem,há quem gosta dos delfins e há quem não goste.eu pessoalmente gosto dos delfins.Buraka Som que é uma porcaria

Anónimo disse...

Excelente artigo.

Não posso com os cagões pseudo apreciadores de música e a sua postura "superior" a analisar o que "é bom" e o que "não é".

Os Delfins, quer se goste ou não, são e foram uma banda que marcou a história do rock português. Não é a minha banda favorita, mas tem qualidade, com excelentes músicos e um som único, próprio. E ,viu-se ontem, capaz de mobilizar as pessoas. Mereciam muito mais do que o triste espectaculo que foi aquela organização. Felizmente que houve gente com coragem para romper barreiras, e de parabéns ao Miguel Angelo por puxar pelo publico e pelo carinho que teve por esta terra. Não me esqueço tão cedo dos "contraplacados de Zuhai"!

Anónimo disse...

E quem não se levantou para pular junto ao palco, não faz ideia da reacção da organização. Tudo era de mandar parar, não saltar, não dançar, tudo o que se faz num concerto rock. Fica a lição a aprender.

Anónimo disse...

No domingo à noite, depois de encerrar a festa da lusofonia, ficou um grupo de cerca de 30 pessoas junto à barraca de Portugal, a conversar, tocar música e cantar noite dentro. Pois tiveram direito a dois polícias a vigiá-los o tempo todo, além dos seguranças do local. Devia ser para os proteger dos ladrões...

Anónimo disse...

Não percebo como é que a organização, onda há portugueses pois uma subiu ao palco a "ameaçar" não haver encore por razões de segurança não sabe o que é um concerto dos delfins!!!
Viva a lusofonia onde se podia pular à vontade no concerto dos Quinta do Bill!!!!
Sandra

Anónimo disse...

Concordo com a Sandra.
Cadeirinhas para os velhotes chineses que apareceram ao engano, mas tinham direito a estar lá, para os VIP que à primeira manifestação de espírito rock debandaram, até concordo, mas lá atrás, naquela plataforma mais alta, à frente é para pular, para sentir a música e o ritmo! Bendita a hora em que o Miguel Ângelo parou tudo e chamou os fãs paa a frente!

Lembro-me de festivais passados em que a beleza dos espectáculos na fortaleza residia precisamente em nos sentarmos na relva, saltar, até fazer o pino, se nos apetecesse!

Espero que a organização tenha aprendido a lição e não volte a repetir.

Aposto é que os portugueses, após mais este repúdio por regras que foram feitas para quebrar, perante os (poucos) chineses ali presentes, são bárbaros, malucos, arruaceiros, sei lá que mais.

Queremos fotos do concerto, Leocardo!

Anónimo disse...

Delfins? Foda-se!

Anónimo disse...

Emanuel, Marco Paulo e afins é que a tugada gosta.
pimbalhada a dar com eles.
e para acompanhar o ritmo junta-se o bacalhau + o garrafão de 5 litros

Anónimo disse...

Emanuel não, mas a Ana Malhoa é que cá podia vir. Gosto de porcas sensuais.

Anónimo disse...

A Ana Malhoa deve agarrar bem no microfone tem aspecto disso

TOY FOREVER disse...

Eu gosto é do TOY.