Quando vivia ainda em Portugal, recebi um dia uma chamada. Um rapaz simpático do outro lado da linha dizia que eu ganharia um jantar para duas pessoas num conhecido Hotel de Lisboa, caso respondesse a uma pergunta. Reconheci imediatamente o "esquema", utilizado pelos vendedores de "time-sharing". Depois de me pedir que lhe dissesse três formas de cozinhar bacalhau, respondi: "cozido...assado...não me lembro", como que para lhe dar um pouco de face. O rapaz não se intimidou e insistiu: "não faz mal, já é um vencedor!". Desliguei.
Lembrei-me deste pequeno incidente quando lia o
editorial do director do JTM, José Rocha Dinis, na edição de hoje daquele diário. Aparentemente o senhor foi abordado (não sei como) por uma funcionária da Hutchinson, que alegadamente utilizou métodos pouco ortodoxos para que o director do JTM mudasse o plano de pagamento do telemóvel. Não fui, não sou, nem nunca serei jornalista, nem sei o que consta do
código deontológico dos jornalistas portugueses, mas parece-me que aqui o mais indicado seria referir-se à Hutchinson como "outra companhia".
Outra companhia, pois então. O director do JTM utiliza os serviços da nossa CTM "há 25 anos" e "está muito satisfeito". Pois é. Quando em meados dos anos 80 a CTM se separou dos CTT, a população teve duas opções: a CTM, ou nada. Isso mesmo. Que parâmetros se podem utilizar quando se opta 1) por um determinado serviço prestado por uma determinada companhia ou 2) absolutamente nada? Escolha difícil...Ah é verdade, e será que JRD se lembra de como era nesses tempos? Quem pedia a instalação de linha telefónica via os seus desejos atendidos no dia de S. Nunca, a não ser que...bem, já se sabe, "estórias" de Macau e dos seus monopólios.
E por falar em monopólios, é curiosa a forma como a CTM, que emprega centenas de trabalhadores, ameaça com despedimentos cada vez que vê esse monopólio ameaçado. Mesmo quando o governo atribuíu licenças a mais dois operadores há alguns anos (à tal Hutchinson e à SmarTone) ia caindo o Carmo e a Trindade. O serviço de internet é dos mais caros do mundo em países desenvolvidos. As chamadas internacionais são um autêntico maná, e, coincidência ou não, foi hoje anunciado que a CTM teve lucros de 600 milhões de patacas em 2007. "Foi um bom ano", disse um dos seus responsáveis. Pois claro, é sempre um bom ano, ou não existindo outra alternativa, o que vão os consumidores fazer? Tornar-se incomunicáveis?
Confrontados com esta situação, os responsáveis desta operadora deverão agora publicar um desmentido, esclarecer o sucedido, ou localizar a tal funcionária que terá dito qualquer coisa como "o facto de ser cliente das CTM não interessava nada porque o 'package' que ia oferecer era mais vantajoso" ou ainda "o cliente deve escolher os preços mais baixos, e os preços da Hutchinson são os mais baixos". Dá quase para suspeitar da integridade mental da menina em questão.
Quando JRD diz que em Macau "são poucos os que acreditam em promessas de mundos e fundos" quando se refere a um serviço que, bom ou mau, melhor ou pior que outros, é providenciado, deve andar mesmo distraído. Então e os casos de cidadãos mais crentes e incautos que caiem em contos de vigário de bruxos, adivinhos, pais-de-santo e afins? E os tais esquemas de empresas em pirâmide? E mais recentemente os funcionários públicos que investiram parte das suas reformas na bolsa? Mas cair na esparrela da Hutchinson? Ah! São de Olhão e jogam no Boavista!
E já agora, pergunta-me o prezado leitor, "mas que serviço usa o Leocardo?". A CTM. E sou hipócrita? Não, e só por isso não quer dizer que esteja satisfeito. Devia estar? E nunca me telefonaram da Hutchinson a prometer pacotes, nem a ninguém que eu conheça. Entendidos?
9 comentários:
Esse JRD não se lembra como foi o processo de transferência das comunicações para o monopólio da CTM porque ele só veio para Macau já no tempo das vacas gordas. No tempo em que o "bandido" do Almeida e Costa, governador que fez que ele viesse para Macau para o guerrear e deitar abaixo, iniciou a grande mudança para o desenvolvimento desta terra. Ainda me lembro quando o Almeida e Costa falou em aeroporto o que esse JRD o difamou. E depois o homem tem que defender a CTM no editorial que é para a CTM continuar a dar-lhe as benesses de que goza. Ai, se houvesse uma investigação cá na empresa CTM às benesses que se dão a certos privilegiados...
Isto é tudo muito simples meus caros amigos, com o JRC é tudo uma questão de toma lá, dá cá...
Senão vejam, ou melhor, leiam o que está escrito na mesma edição do JTM de onde saiu este editorial, na secção LOCAL, bem no fundo da página (para quem procurar na versão online).
Portanto eu sugeria à Hutchinson que seguisse o exemplo da CTM, organizasse uns jantarzitos à rapaziada, depois uma publicidadezita de vez em quando aqui e ali, mais aqueles sempre indispensáveis anúncios de meia página de felicitações de Natal e Ano Novo Chinês, e fica tudo resolvido. Esquece-se o sucedido, aquilo até nem era bem o conto do vigário, a rapariga até tinha uma voz simpática, e volta e meia a Hutchinson até ganha um novo cliente.
Pensando que não era uma notícia. É um editorial.É discutivel
Ò Leocardo, há mais companhias telefónicas para alem das 3 que indicou. Isso não interessa. O que interessa é que o meu amigo deveria ser mais patriótico e apoiar o que é ainda luso em Macau, como faz o Dinis, e muito bem.
Um Abraço do Armando.
Armando disse:
"o meu amigo deveria ser mais patriótico e apoiar o que é ainda luso em Macau, como faz o Dinis, e muito bem."
Ironia?
Este Armando é completamente obtuso! Homem, mas é assim tão difícil escrever alguma coisa de jeito?
Sobre o texto do RD, o facto de se tratar de um editorial e não uma notícia (mas, também, que raio de notícia poderia ser aquela?) não justifica, em minha opinião, a forma completamente tendenciosa como o RD abordou o assunto. O que o RD fez foi aproveitar o "incidente" para fazer mais uma das suas habituais sabujices; desta feita, à CTM. Só não vê isto quem anda distraído ou é limitadinho como o Armando.
Ó Armando agora és tu o palerma e o idiota aqui no blog do Leocardo, que comentários sem sentido nenhum, o que tem a ver isto com patriotismo consegues ultrapassar o tal cardoso em estupidez - tem dó.
Leocardo
Também fiquei surpreendido pelo Editorial do batráquio.
No entanto, depois de ter lido no pasquim da batracagem ou num dos jornais sérios que tinha havido uma almoçarada oferecida pela CTM aos jornalistas, consegui perceber o editorial do batráquio.
A CTM é a pior e mais incompetente companhia de Macau não admira que o pior e mais incompetente jornaleiro desta terra os defenda... é, de facto, lamentável que o batráquio se venda por um almoço.
OUMUN TERRA DE MIL ENCANTOS....
Quem quer que tenha "baptizado" o Rocha Dinis de batráquio é um génio. E a CTM é de facto uma empresa muito incompetente, veja-se o tempo de espera para tratar de um assunto banal naquele "túmulo" que é a agência do centro da cidade. Quem teria sido o "idiota" que teve a ideia daquela remodelação?
Um bom dia para todos.
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