Vallecas, arredores de Madrid. Este subúrbio industrial predominantemente habitado pela classe média-baixa operário é o cenário para uma grande paixão:
Eis o Rayo Vallecano, agremiação desportiva, orgulho de todos os habitantes da cidade-dormitório da capital de Castela, e como eles, que assenta em certos valores que se podem classificar por "solidários". A claque do Rayo, do tipo "ultras" tem ligações conhecidas ao PODEMOS, o Syriza espanhol. E aproveito desde já para lamentar esta mixórdia de futebol e política, que deu no sarilho de que vou falar a seguir, mas que nos ensina uma moral curiosa.
Este é o avançado internacional ucraniano Roman Zozulya, recrutado pelo Bétis de Sevilha ao Dnepr, e emprestado ao Rayo no último dia da janela de Inverno do mercado de transferências, no passado dia 31. O jogador exerce no seu país uma espécie de "actividade política", que a julgar por estas imagens, nos parecem algo familiares:
Há que referir que o jogador nem sequer estava convocado para este jogo onde no final decide ir agredir o árbitro, por se encontrar suspenso. Mas em Vallecas a reacção ao empréstimo do jogador não se fizeram esperar:
Bem, "not welcome", mas não pela sua qualidade como jogador (nota: em seis jogos que alinhou esta temporada pelo Bétis não marcou qualquer golo), mas mais por uma questão de "atitude": Zozulya é conotado com a extrema-direita ucraniana. O jogador defendeu-se...
...dizendo que tudo não passou de uma "questão de indumentária". Só que mal o ucraniano subiu ao relvado do Teresa Rivero, em Vallecas...
...teve esta recepção dos "Bukaneros", o tal grupo acusado por alguns de representar a extrema-esquerda, e considerado "violento". Isto porque combate o racismo no futebol, insurge-se contra o machismo e a homofobia no desporto, entre outras actividades consideradas hoje em dia "terroristas". Ora bem, e parece que houve mesmo quem tivesse dirigido ameaças graves ao jogador, que após esta aterrorizante experiência...
...fez as malas e regressou a Sevilha, dizendo "temer pela sua segurança, e a da sua família. Bem, a julgar pela imagem acima, nem parece que estamos aqui a falar da mesma pessoa. Seja como for, a época pode ter acabado para Zozulya, que uma vez sendo inscrito pelo Rayo na II Liga, terá que esperar pelo termo do empréstimo em Julho próximo, para voltar a esperar. Uma confusão entre futebol e política que se lamenta, volto a repetir, mas os adeptos do Rayo explicaram-se dias depois:
Sim senhor, folgo em saber que naquela macedónia de povos e vontades diversas que é a "Espanha" há quem não se tenha esquecido da noite negra do fascismo, onde pessoas inocentes eram fuziladas com base em "suspeições". E mais importante do que isso:
Apresentam provas, e se quiserem podem ver aqui no seu todo. Pois é, parece que quem mais lixado ficou nesta história toda foi o Zozulya, mas também...
...quem é que lhe manda ser tão NAZI? E quanto às pessoas de Vallecas...
O clube assenta em valores com que toda a gente de bem se identifica - ou se deveria identificar, pelo menos. Se este é um caso de discriminação - e já está aberto o debate na opinião pública em Castela & Cia. Lda. entre esquerdas, direitas, e "antis" de ambos os lados - é um daqueles que para mim, é pela melhor das razões. Força Vallekas! Aupa Rayo!
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