segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Dicionário Mourisco e Gíria dos Rufiões



A página Histórias de Portugal e Marrocos é da autoria do arquitecto Frederico Mendes Paula, membro da Direcção e sócio-fundador do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, membro da Fundação Al-Idrisi Hispano-Marroquí, membro da Associação da Comunidade Marroquina em Portugal e membro do Conselho de Curadores dos Centros Históricos Portugueses. Uma página fascinante, que nos ajuda a entender melhor uma boa parte da nossa herança cultural e genealógica, deixada pela presença do Islão durante quatro séculos no nosso território nacional de hoje.

O Dicionário Mourisco e Gíria dos Rufiões, uma entrada de há cerca de um ano, e para a qual um amigo me chamou a atenção é absolutamente genial, e uma prova acabada daquilo que disse no primeiro parágrafo: muitas da linguagem e terminologia actualmente utilizada na língua portuguesa  - até na gíria e no calão, é de origem árabe. Pois, pois, "já sabiam", não era, seus marafados? Mas sabiam por exemplo que a palavra "queca" deriva do árabe kecha, que quer dizer "manta; coito; cópula"? Ou que "peida" vem de bayta, que é "nádegas", e um "panasca" era originalmente binaqa, ou "homossexual"? Imaginem que até o c... e a f... têm uma raíz etimológica árabe! Quem diria. Numa nota mais ligeira, descobrimos ainda que as palavras "fado" (khadu), "fandango" (fandura) e até mesmo "saudade" (saudá) foram deixadas pelos nossos antepassados mouriscos.

E então, para quê ter vergonha e medo, afinal? E do quê? Até os ranhosos (do árabe ranan: que chora compulsivamente; que não se assoa; nojento) da extrema-direita xenófoba e nazi pronunciam diariamente e a um ritmo frenético palavras herdadas de uma cultura que rejeitam de uma forma asinina. Até quando comem açorda (do árabe at-turda, ou "sopa de pão"). São mesmo ra'ya, esses tipos, e começa a faltar bachara para os aturar.


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