Realizou-se no Domingo a 86ª edição da entrega dos Oscares, e das minhas 9 previsões errei três: uma porque fui teimoso, outra porque quis, e finalmente outra porque saíu ananás em vez de abacaxi. Vamos fazer uma análise sucinta aos vencedores da noite e tentar entender alguns dos critério da academia.
Na categoria de melhor filme, a Academia optou por premiar o "hip" que tem sido o filme "12 Years a Slave", tal como previ - eu e muita gente, aliás. Após serem conhecidas as nomeações, "Gravity" partia como o grande favorito, mas é por isso que há nomeações em vez da entrega directa das estatuetas, e entre amabs dista um espaço considerável de tempo, em que muita coisa pode mudar. Foi aí que o mundo passou a olhar com curiosidade este "12 Years a Slave", um filme sobre a escravatura - um tema sempre na berra, e que nunca tinha sido devidamente agraciado pelo Oscar. Entre os créditos da produção encontrava-se Brad Pitt, o que é sempre de ter em conta, e o elenco era composto por actors jovens, ambiciosos, pouco conhecidos, e que levaram a cabo uma interpretação despretenciosa mas bem conseguida. Juntou-se o factor "Slumdog Millionaire" ao factor "A Cor Púrpura", o último grande candidato que se debruçava sobre este tema, e
voilà!, temos Oscar.
"Gravity" acabou por ser o grande vencedor em número, com sete estatuetas, mas das mais importantes só levou a de melhor realizador, que foi para Alfonso Cuarón. Aqui a minha previsão falhou, mas fiz a devida ressalva: a Academia acabou por dar o prémio de consolação ao filme que perderia a categoria principal. Foi o tal ananás em vez de abacaxi. Cuaró, que poucos conhecerão, é um realizador mexicano de 52 anos que tem no seu currículo filmes como "Y Tu Mama también" e "Harry Potter and the Prisoner of Azkaban". Certamente que este prémio lhe poderá abrir mais portas.
Nas categorias de interpretação, acertei em todas menos numa, e apenas falhei o pleno por teimosia minha, em pensar que a Academia não se ia repetir, batendo novamente na mesma tecla. Assim Cate Blanchett confirmou o seu enorme favoritismo, juntando-se à galeria de actrizes que venceram Oscares com filmes de Woody Allen, e de onde constam nomes como Diane Keaton, Dianne Wiest, Mira Sorvino ou Penelope Cruz. A jovem promissora Lupita Nyong'o ganhou para melhor actriz secundária em "12 Years a Slave", e Jared Leto confirmou a regra de que para ganhar na categoria de melhor actor secundário há duas receitas que são tiro o queda: anti-heroísmo e excentricidade. Resultou para Joe Pesci em "Goodfellas", no papel de Mafioso com boca-suja, e deu carto para Heath Ledger, no papel do Joker mais maníaco de que há memória em "The Dark Knight", e ainda acrescentou à (brilhante) interpretação o facto de ter morrido antes de receber o galardão, algo que a Acadmia teve também em conta. Jared Leto com o seu "boneco", uma mulher transsexual, toxicodependente e doente de SIDA só lhe podia valer o Oscar.
Agora o que falhou: a categoria para melhor actor. Mais uma vez Leonardo di Caprio voltou para casa de mãos a abanar, e começa a tornar-se preocupante o facto daquele que é provavelmente o maior actor da sua geração não ter ganho ainda o Oscar. As comparações com Robert de Niro tem sido frequentes: ambos italo-americanos, métodos semelhantes e dirigidos por Martin Scorsese. Só que em menos tempo de carreira De Niro já tinha ganho em duas ocasiões, em "The Godfather - parte II" e "Raging Bull". Talvez "The Wolf of Wall Street" não seja o papel memorável que Di Caprio precisa para convencer Hollywood (já agora, qual é, então?), mas há muito que lhe é devido o reconhecimento devido, e espero que o (ainda) jovem actor não se torne num campeão das nomeações inglórias, como sir Peter O'Toole.
Mais uma vez a Academia acaba por premiar um actor que deu cabo da saúde para desempenhar o seu papel, ao contrário do que previ no Domingo. Assim Matthew McConaughey, que perdeu vinte quilos para fazer de doente com SIDA em "Dallas Buyer's Club" leva o Oscar e perpetua o cliché. nada contra Matthew McConaughey, apesar de ser nitidamente inferior a Di Caprio como actor, e "Dallas Buyer's Club" é provavelmente o melhor filme do ano, e só não ganhou nessa categoria devido à sua temática um tanto ou quanto "indigesta". Só que a continuar assim, qualquer dia temos actors a irem receber o Oscar sem um braço ou sem uma perna.
Nas restantes categorias, "12 Years as Slave" venceu para o melhor argumento adaptado, e no ,ehor argumento original ganhou "Her", escrito por Spike Jonze, e que apesar de ter sido nomeado também para melhor filme não foi um dos mais badalados do ano. Talvez seja melhor ler o guião do que ver o filme (que por acaso tem Joaquin Phoenix no papel principal). Apostei em Woody Allen apenas porque achei que lhe devia essa homenagem, depois de tudo o que foi dito sobre ele, e à devassa que foi feita da sua vida privada, remexendo num passado que já estava morto e enterrado. Para melhor filme estrangeiro ganhou "La grande bellezza", mas penso que ninguém duvidava do contrário.
O espectáculo deste ano foi apresentado por Ellen DeGeneres, que não foi uma estreia, mas manteve o nível acima do pretendido para o evento. Os elogios foram muitos de quem considera a cerimónia ela própria um "filme", e houve até um momento para mais tarde recordar, com uma pizza a ser entregue durante o "show" - e aparentemente era a sério. Os galardões do cinema respeitantes ao melhor que se fez em cinema no ano de 2013 estão entregues, e para o ano há mais.
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