sexta-feira, 14 de março de 2014

Policarpo


Faleceu na quarta-feira o antigo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que exerceu entre 1998 e 2013 o cargo máximo do clero português, tendo sido substituído por D. Manuel Clemente nestas funções. Conhecido por não ter papas na língua (papas, não Papa), pronunciava-se sempre que tinha a oportunidade sobre os mais diversos temas relacionados com a sociedade, desde a crise aos temas fracturantes da igreja, como o aborto, a contracepção ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ficou famosa a sua posição sobre o casamento entre mulheres católicas e homens muçulmanos, que causou uma brecha no diálogo interreligioso. Com uma presença cândida, contudo imponente perante a comunicação social, foi considerado uma das grandes figuras do prelado português do último quartel do século passado, e da primeira década deste. Não foi à toa que era indicado como um dos possíveis substitutos de João Paulo II, nem surpreende que tenha o ano passado renunciado ao cargo que exerceu durante quinze anos, alegadamente por motivos de idade - o aneurisma que o vitimou é a prova de que padecia de problemas de saúde. O homem que desaparece agora aos 78 anos pode não ter sido uma figura consensual, e nunca o seria de qualquer das formas, mas deixa o seu nome indelevelmente ligado à história da igreja no nosso país, como uma figura tolerante, sóbria e sensata. Pelo menos até onde o seu cargo lhe permitia chegar.

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