Como já é hábito no Bairro do Oriente, a véspera da entrega dos Oscares da Academia de Artes e Ciências de Hollywood é dia de previsões. O meu registo neste departamento tem sido até bastante positivo, e normalmente não me engano em mais que uma ou duas previsões. Contudo este ano, e apesar de algumas quase-certezas, hesitei bastante no vencedor das principais categorias, pelo que vou optar pela saída "à Macau", e arriscar. Eis a lista dos "meus" vencedores:
Melhor filme: A corrida volta a ser a dois, e é bastante equilibrada, mas aposto em
12 Years a Slave. Todos sabemos que o vencedor na categoria de melhor filme não é necessariamente o melhor filme do ano. Tivemos vencedores que recolheram uma aprovação quase unânime, tanto da crítica como do público, mas muitas das vezes o "politicamente correcto" entra nas contas, especialmente em anos como este, onde não se apresenta aos Oscares um filme com qualidade para ficar na História. A escravatura, tema do filme que aposto para grande vencedor, apresenta-se como um daqueles sabores de gelado que quando em vez volta a ser moda. Além disso, se recuarmos até há vinte cinco anos, observamos como "A Cor Púrpura" de Steven Spielberg foi arrasado por "Out of Africa", de Sydney Pollack, deixando a causa da emancipação dos escravos americanos sem o devido reconhecimento. "Gravity", o thriller espacial com Sandra Bullock e George Clooney nos papéis principais, começou por ser apontado como favorito, mas "12 Years a Slave" foi paulatinamente ganhando terreno, e aqui também entrou um pouco de "marketing" - muito se falou de um, e quase nada do outro. O facto de George Clooney não ter sido nomeado na categoria de melhor actor também debilita em parte a candidatura de "Gravity". Na eventualidade de uma surpresa - o que duvido que venha a acontecer - aposto em "American Hustle", uma vez que me é dada essa opção. Uma coisa é quase certa: filme que não esteja nomeado tanto para este galardão como igualmente para o de melhor realizador, não ganha.
Melhor realizador: Aqui volta a ser entre um e o outro, e para "Gravity" temos Alfonso Cuarón, e para "12 Years a Slave" está Steve McQueen. Aqui a Academia pode querer baralhar, e dar a estatueta ao realizador do filme que perder, mas duvido. Aposto em
Steve McQueen, e assim "12 Years a Slave" faz a dobradinha. Se me perguntassem quem é que eu gostava que ganhasse, a resposta é simples: Martin Scorsese. Porque ele é o máximo, mesmo sabendo que um segundo Oscar é praticamente impossível.
Melhor actor: Parecem não existir dúvidas que este ano Leonardo di Caprio levará o Oscar, até porque recentemente uma reportagem sobre o fabrico das estatuetas deixou revelar o seu nome numa delas, e como não estj nomeado para mais nenhuma categoria, parece fazer sentido. Mas ignorando esse incidente, a maior ameaça ao desempenho de Di Caprio em "The Wolf of Wall Street" é Matthew McConaughey em "The Dallas Buyer's Club". Alguns dão mesmo assim McConaughey como favorito, talvez devido ao facto de ter perdido vinte quilos para o papel de um doente com SIDA que combateu a Food and Drug Administration Americana ao contrabandear medicamentos retrovirais não aprovados. É verdade que o desempenho é valoroso, é verdade que a Academia aprecia este tipo de sacrifício, como ganhar ou perder peso, ou aparecer desfigurado, e no passado premiou Robert de Niro, Christian Bale ou Charlize Theron pelo esforço, mas se essa regra fosse tiro-e-queda, iamo s ter dúzias de filmes por anos com actores anoréxicos ou morbidamente obesos.
Melhor actriz: Esta categoria tem este ano actrizes de elevado "pedigree", e com excepção de Amy Adams, já todas venceram o Oscar. No entanto
Cate Blanchett parece de cabeça e ombros acima da concorrência, pois o seu papel de "socialite" nova-iorquina que subitamente se encontra na miséria já recebeu resmas de prémios, e este seria apenas a cereja no topo do bolo. O filme onde participa, "Blue Jasmine", é realizado por Woody Allen, que recentemente foi notícia devido às "confissões" da sua filha adoptiva, que davam conta de abusos sexuais por parte do realizador quando esta tinha apenas 7 anos de idade. Isto não deverá interferir nas contas desta noite, manhã em Macau, e Blanchett deve juntar ao Oscar de melhor actriz secundária obtida em 2004 em "The Aviator" mais este.
Melhor actor secundário: A categoria que umas vezes serve de prémio de consolação, e por outras pode abrir muitas portas está recheada de boas interpretações este ano. Michael Fassbender poderia complementar a noite grande de "12 Years a Slave" com um prémio de representação, maso filme é, no conjunto, um esforço colectivo. Neste departamento onde os rasgos de génio individuais contam bastante e não é preciso fazer papel de "bonzinho" para ganhar - antes pelo contrário - inclino-me para Jared Leto no papel de mulher transsexual seropositiva em "American Buyer's Club" para ganhar o prémio que Matthew McConaughey provavelmente deixará escaper. Sim, e já era tempo das mulheres transsexuais seropositivas serem reconhecidas pela Academia.
Melhor actriz secundária: Aqui o único "monstro sagrado" é Julia Roberts, que dificilmente ganhará com o seu desempenho no discreto "August: Osange County". Um bom filme, mas pouco publicitado. Aqui arrisco o nome da desconhecida mas sensacional
Lupita Nyong'o em "12 Years a Slave". A única que lhe pode surgir como ameaça é Jennifer Lawrence em "American Hustle", mas penso que esta já venceu uma vez, se não me engano, e esta categoria serve muitas vezes para reconhecer novos talentos.
Melhor argumento original: Mesmo sabendo que não vai ganhar, digo
Woody Allen, em "Blue Jasmine". Por uma questão de coerência, apenas.
Melhor argumento adaptado: Por tudo aquilo que já foi aqui dito,
"12 Years a Slave".
Melhor filme estrangeiro: Não vi nenhum deles, mas disseram-me que
"La grande bellezza" de Itália ia ganhar, por isso...
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