segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Se me vou a eles, anonimato-os


José Pedro Castanheira passou pelo território, e participou na passada sexta-feira num debate organizado pela Associação de Imprensa em Língua Portuguesa e Inglesa de Macau. O jornalista, mais conhecido por ter relatado "os últimos cem dias do Império", e autor do livro "Os 52 dias que abalaram Macau", apresentou o trabalho "No Reino do Anonimato – Estudo sobre o jornalismo online". Como material de pesquisa JPC usou os comentários da edição online do Jornal Expresso, aquando das notícias da criação da Fundação Jorge Álvares. Segundo o jornalista, dos 800 comentários analisados, a esmagadora maioria (quase todos) eram anónimos. Careciam parcialmente ou por completo da identificação do autor.

Não me vou alongar sobre as conclusões de JPC sobre o "fenómeno" do anonimato, uma vez que falo com conhecimento de causa. Não que seja eu próprio anónimo na acepção do termo, uma vez que escrevo sob o pseudónimo de Leocardo. Outros há que escrevem usando pseudónimos em jornais do território, alguns dos quais (jornais, entenda-se) fazem do seu passatempo de eleição condenar o anonimato, num moralismo hipócrita e vil, de que prefiro não falar agora, correndo o risco de regurgitar o jantar. Falo sobretudo dos comentários anónimos dos meus queridos leitores, que fazem do Bairro do Oriente o blogue em português mais lido de Macau.

Para mim uma ideia é uma ideia, e todas as opiniões são válidas, e não precisam de estar identificadas. Se os comentários anónimos atingem terceiros ou inocentes, basta simplesmente apagá-los. E sou eu o juíz dessa decisão. Estou-me nas tintas se um anónimo insulta outro anónimo, pois fica tudo "em casa". Quem é muito sensível e se sente ofendido, pode simplesmente navegar para outras paragens. Não modero comentários porque acho que não existe essa necessidade, uma vez que tenho a sorte de ter leitores inteligentes dos mais diversos sectores e quadrantes da sociedade local. Os que preferem usar o espaço reservado aos comentários do blogue para me atingir ou insultar, até os invejo: têm mais tempo livre que eu.

Mas porque optam as pessoas pelo anonimato? Primeiro porque não estão para se chatear, e segundo porque temem represálias. Sim, represálias. Quem exige que fulano ou outrano se "identifique devidamente" (nome, morada, telefone, número de identidade e grupo sanguíneo?) quando escreve um comentário mais polémico ou em tom de crítica, não lhe quer mandar um cartão no Natal ou um SMS no aniversário. Quer retaliar se e quando tiver oportunidade. Quer pedir-lhe satisfações, confrontá-lo em público, ameaçá-lo. Exemplos disto, mesmo aqui em Macau, chegam e sobram. Temos ainda muito que aprender sobre liberdade de expressão, e sobretudo quanto ao respeito pela opinião de outrém, mesmo que não seja do nosso agrado.

Quem "dá a cara" em defesa de opiniões que vão contra a "ordem instituída" ou em prejuízo de alguém "muito querido" (leia-se poderoso), está a meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam, citando o Cardeal Patriarca de Lisboa. Quem tem o desplante de opinar contra o sistema, vê portas a serem-lhe fechadas, amigos a virarem-lhe a cara, sofre pressões de familiares, entra numa espiral de pesadelo. Não me venham dizer que os tais "canais apropriados" estão abertos e funcionam. Isso é mentira. Quem é convidado a ter uma opinião, mesmo que vá contra um seu superior hierárquico, está a cair numa armadilha. Está a arriscar-se a levar com a moca. Quando se lixa de vez, "ninguém o conhece". Os "amigos" desaparecem todos. "Quem o mandou ser parvo?", diz-se em surdina.

O que não admito é receber lições de bajuladores, engraxadores e afins. Para quem está sempre tudo bem, adula abertamente e sem vergonha os detentores do poder, perdoando-lhes tudo e omitindo as suas falhas quando até tem o dever de informar, não merece qualquer crédito. Quem usa os meios que dispõe, que deveriam ser usados com isenção e rigor, para atacar os inimigos e opositores da nomenclatura, que confunde frontalidade com sabujice, e liberdade de opinião com chicana, é o último que deve apontar o dedo seja a quem for. E a quem a carapuça servir, que a enfie.

19 comentários:

Anónimo disse...

Para quando o fim da vinda a Macau de jornalistas chico-espertos pagos a peso de ouro e só para fazerem fretes?

Anónimo com muita honra

Pirata do Zhuhai disse...

Pois, o que eles queriam era que eu lhes desse o meu número do BIR ou o meu nome para me delatarem. Salazaristas! Ao contrário do que esses mesmos parolos dizem, o Leocardo é que já deu, e continua a dar, mostras de abertura de espírito, de tolerância para com as opiniões alheias. Ao contrário desses legalistas pidescos.

Anónimo disse...

Muito bem Leocardo...Apesar de não concordar com muito do que escreve, essa atitude é de louvar.
Já não há muitos assim...
Cumprimentos

Anónimo disse...

Essa coisa do anonimato na internet tem muito que se lhe diga.

Então queriam o quê, que as pessoas se identificassem?

Ok eu sou o Pedro Pinto (devem haver umas largas centenas de milhares em todo o mundo).

Não chega? Então querem saber a morada? Ok vivo na Rua Pedro Nunes no.2, no Montijo. (como é que sabem se é verdadeira ou falsa? vão lá confirmar?)

Também querem mais? OK, o meu BI é o no.410125215. (tanto pode ser verdadeiro como ser o número do totoloto da semana passada, como vão saber?).

OK e que tal colocar uma foto no meu profile do blogger? Como faz o amigo Cambeta? E quem diz que essa foto é mesmo verdadeira, e não uma qualquer tirada da internet?

E isto tudo fazia tornar-me de repente num comentador identificado e orgulhoso, ao contrário dos outros cobardes anónimos? (mesmo que nenhuma informação pudesse ser comprovada?)

Onde quero chegar é que, ao fim ao cabo, somos quase todos anónimos neste mundo que é a internet. Quem nos diz até que o Leocardo é mesmo casado com uma chinesa e tem filhos, ou até que vive em Macau??
E se ele inventou tudo para não deixar pistas acerca da sua identidade?

Eu acho que as coisas na internet funcionam mesmo assim, sob uma enorme cortina de fumo, e não podiam ser de outra maneira pois essa é a base sob a qual assenta todo este mundo virtual.

Anónimo disse...

Ao anónimo das 12:12: quando o Governo deixe de pagar os jornáis de língua portuguesa.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo Leocardo,
Adorei este seu artigo, ali]as eu concordo com o seu pensamento na maioria das vezes.
Eu nunca usei o anonimato, e em meu ex blog, O MAR DO POETA, que desde ontem deixou de fazer ondas, as fotos l]a postadas sao todas elas originais e muitas minhas, quem me conhece o sabera.
Como la refei ontem, estou cansado, ja me pesam nos ombros os 66 anos de idade, e como nao gosto de poliquices, dei por fim a minha parca escrita.
Ao Bairro do Oriente por ca passarei como leitor apenas.
Lhe desejo um optimo e Feliz Natal bem como a todos os leitores do seu maravilhoso blog.

Anónimo disse...

O último parágrafo assenta que nem uma luva ao lambe-botas do Rocha Dinis.
Bom post

Anónimo disse...

Parabéns ó Leocardo. Você saiu em defesa de nós todos. Nem o capitão Rocha Dinis fazia melhor.

Ó Cambota, então você fechou o tasco ou foi silenciado?

AA

Anónimo disse...

Eu, Rocha Dinis, vou pôr a PJ a investigar quem é este Leocas e depois atiram-te da ponte abaixo, para parecer suicídio. Ou faço queixa ao meu amigo Chui e ele tira-te o emprego.
Comigo ninguém se mete. Eu é que meto nas minhas amigas da mongólia.
E ponto final. Ai, ponto final não. Hoje, macau está perdido. Ai, hoje macau também não. Falo do alto da minha tribuna de macau. Sim, tribuna soa-me bem.

Anónimo disse...

Está a fazer birrinha, o poeta...

Anónimo disse...

Mas o castanheira veio convidado poelos "jornáis" portugueses? O que eu aprendo aqui...

Anónimo disse...

Mas o castanheira veio convidado pelos "jornáis" portugueses? O que eu aprendo aqui...

Anónimo disse...

Não é preciso repetir, que não somos surdos.

Anónimo disse...

"poelos"? O que se aprende por aqui...

Anónimo disse...

quem não le nao sabe.. o Jose Pedro Castanheira está em Macau a trabalhar para o Expresso.

Anónimo disse...

Que dois idiotas!

Anónimo disse...

Este Castanheira é o mesmo Castanheira que parava muito pelo Hotel Lisboa e no Golden Dragon antes da transferência?

AA

Anónimo disse...

Acho que o batraquio a esta hora deve ter virado azul! temos pena!

Anónimo disse...

Ai o Castanheira costumava ir as putas antes da transferencia? ui que malandrão!