José Pedro Castanheira passou pelo território, e participou na passada sexta-feira num debate organizado pela Associação de Imprensa em Língua Portuguesa e Inglesa de Macau. O jornalista, mais conhecido por ter relatado "os últimos cem dias do Império", e autor do livro "Os 52 dias que abalaram Macau", apresentou o trabalho "No Reino do Anonimato – Estudo sobre o jornalismo online". Como material de pesquisa JPC usou os comentários da edição online do Jornal Expresso, aquando das notícias da criação da Fundação Jorge Álvares. Segundo o jornalista, dos 800 comentários analisados, a esmagadora maioria (quase todos) eram anónimos. Careciam parcialmente ou por completo da identificação do autor.
Não me vou alongar sobre as conclusões de JPC sobre o "fenómeno" do anonimato, uma vez que falo com conhecimento de causa. Não que seja eu próprio anónimo na acepção do termo, uma vez que escrevo sob o pseudónimo de Leocardo. Outros há que escrevem usando pseudónimos em jornais do território, alguns dos quais (jornais, entenda-se) fazem do seu passatempo de eleição condenar o anonimato, num moralismo hipócrita e vil, de que prefiro não falar agora, correndo o risco de regurgitar o jantar. Falo sobretudo dos comentários anónimos dos meus queridos leitores, que fazem do Bairro do Oriente o blogue em português mais lido de Macau.
Para mim uma ideia é uma ideia, e todas as opiniões são válidas, e não precisam de estar identificadas. Se os comentários anónimos atingem terceiros ou inocentes, basta simplesmente apagá-los. E sou eu o juíz dessa decisão. Estou-me nas tintas se um anónimo insulta outro anónimo, pois fica tudo "em casa". Quem é muito sensível e se sente ofendido, pode simplesmente navegar para outras paragens. Não modero comentários porque acho que não existe essa necessidade, uma vez que tenho a sorte de ter leitores inteligentes dos mais diversos sectores e quadrantes da sociedade local. Os que preferem usar o espaço reservado aos comentários do blogue para me atingir ou insultar, até os invejo: têm mais tempo livre que eu.
Mas porque optam as pessoas pelo anonimato? Primeiro porque não estão para se chatear, e segundo porque temem represálias. Sim, represálias. Quem exige que fulano ou outrano se "identifique devidamente" (nome, morada, telefone, número de identidade e grupo sanguíneo?) quando escreve um comentário mais polémico ou em tom de crítica, não lhe quer mandar um cartão no Natal ou um SMS no aniversário. Quer retaliar se e quando tiver oportunidade. Quer pedir-lhe satisfações, confrontá-lo em público, ameaçá-lo. Exemplos disto, mesmo aqui em Macau, chegam e sobram. Temos ainda muito que aprender sobre liberdade de expressão, e sobretudo quanto ao respeito pela opinião de outrém, mesmo que não seja do nosso agrado.
Quem "dá a cara" em defesa de opiniões que vão contra a "ordem instituída" ou em prejuízo de alguém "muito querido" (leia-se poderoso), está a meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam, citando o Cardeal Patriarca de Lisboa. Quem tem o desplante de opinar contra o sistema, vê portas a serem-lhe fechadas, amigos a virarem-lhe a cara, sofre pressões de familiares, entra numa espiral de pesadelo. Não me venham dizer que os tais "canais apropriados" estão abertos e funcionam. Isso é mentira. Quem é convidado a ter uma opinião, mesmo que vá contra um seu superior hierárquico, está a cair numa armadilha. Está a arriscar-se a levar com a moca. Quando se lixa de vez, "ninguém o conhece". Os "amigos" desaparecem todos. "Quem o mandou ser parvo?", diz-se em surdina.
O que não admito é receber lições de bajuladores, engraxadores e afins. Para quem está sempre tudo bem, adula abertamente e sem vergonha os detentores do poder, perdoando-lhes tudo e omitindo as suas falhas quando até tem o dever de informar, não merece qualquer crédito. Quem usa os meios que dispõe, que deveriam ser usados com isenção e rigor, para atacar os inimigos e opositores da nomenclatura, que confunde frontalidade com sabujice, e liberdade de opinião com chicana, é o último que deve apontar o dedo seja a quem for. E a quem a carapuça servir, que a enfie.
19 comentários:
Para quando o fim da vinda a Macau de jornalistas chico-espertos pagos a peso de ouro e só para fazerem fretes?
Anónimo com muita honra
Pois, o que eles queriam era que eu lhes desse o meu número do BIR ou o meu nome para me delatarem. Salazaristas! Ao contrário do que esses mesmos parolos dizem, o Leocardo é que já deu, e continua a dar, mostras de abertura de espírito, de tolerância para com as opiniões alheias. Ao contrário desses legalistas pidescos.
Muito bem Leocardo...Apesar de não concordar com muito do que escreve, essa atitude é de louvar.
Já não há muitos assim...
Cumprimentos
Essa coisa do anonimato na internet tem muito que se lhe diga.
Então queriam o quê, que as pessoas se identificassem?
Ok eu sou o Pedro Pinto (devem haver umas largas centenas de milhares em todo o mundo).
Não chega? Então querem saber a morada? Ok vivo na Rua Pedro Nunes no.2, no Montijo. (como é que sabem se é verdadeira ou falsa? vão lá confirmar?)
Também querem mais? OK, o meu BI é o no.410125215. (tanto pode ser verdadeiro como ser o número do totoloto da semana passada, como vão saber?).
OK e que tal colocar uma foto no meu profile do blogger? Como faz o amigo Cambeta? E quem diz que essa foto é mesmo verdadeira, e não uma qualquer tirada da internet?
E isto tudo fazia tornar-me de repente num comentador identificado e orgulhoso, ao contrário dos outros cobardes anónimos? (mesmo que nenhuma informação pudesse ser comprovada?)
Onde quero chegar é que, ao fim ao cabo, somos quase todos anónimos neste mundo que é a internet. Quem nos diz até que o Leocardo é mesmo casado com uma chinesa e tem filhos, ou até que vive em Macau??
E se ele inventou tudo para não deixar pistas acerca da sua identidade?
Eu acho que as coisas na internet funcionam mesmo assim, sob uma enorme cortina de fumo, e não podiam ser de outra maneira pois essa é a base sob a qual assenta todo este mundo virtual.
Ao anónimo das 12:12: quando o Governo deixe de pagar os jornáis de língua portuguesa.
Estimado Amigo Leocardo,
Adorei este seu artigo, ali]as eu concordo com o seu pensamento na maioria das vezes.
Eu nunca usei o anonimato, e em meu ex blog, O MAR DO POETA, que desde ontem deixou de fazer ondas, as fotos l]a postadas sao todas elas originais e muitas minhas, quem me conhece o sabera.
Como la refei ontem, estou cansado, ja me pesam nos ombros os 66 anos de idade, e como nao gosto de poliquices, dei por fim a minha parca escrita.
Ao Bairro do Oriente por ca passarei como leitor apenas.
Lhe desejo um optimo e Feliz Natal bem como a todos os leitores do seu maravilhoso blog.
O último parágrafo assenta que nem uma luva ao lambe-botas do Rocha Dinis.
Bom post
Parabéns ó Leocardo. Você saiu em defesa de nós todos. Nem o capitão Rocha Dinis fazia melhor.
Ó Cambota, então você fechou o tasco ou foi silenciado?
AA
Eu, Rocha Dinis, vou pôr a PJ a investigar quem é este Leocas e depois atiram-te da ponte abaixo, para parecer suicídio. Ou faço queixa ao meu amigo Chui e ele tira-te o emprego.
Comigo ninguém se mete. Eu é que meto nas minhas amigas da mongólia.
E ponto final. Ai, ponto final não. Hoje, macau está perdido. Ai, hoje macau também não. Falo do alto da minha tribuna de macau. Sim, tribuna soa-me bem.
Está a fazer birrinha, o poeta...
Mas o castanheira veio convidado poelos "jornáis" portugueses? O que eu aprendo aqui...
Mas o castanheira veio convidado pelos "jornáis" portugueses? O que eu aprendo aqui...
Não é preciso repetir, que não somos surdos.
"poelos"? O que se aprende por aqui...
quem não le nao sabe.. o Jose Pedro Castanheira está em Macau a trabalhar para o Expresso.
Que dois idiotas!
Este Castanheira é o mesmo Castanheira que parava muito pelo Hotel Lisboa e no Golden Dragon antes da transferência?
AA
Acho que o batraquio a esta hora deve ter virado azul! temos pena!
Ai o Castanheira costumava ir as putas antes da transferencia? ui que malandrão!
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