quarta-feira, 2 de abril de 2008

Enganados em Zhongshan


Cerca de cem residentes de Macau temem ter perdido cerca de 78 milhões de yuans, num investimento imobiliário, realizado em Sanxiang, perto da cidade de Zhongshan, na província de Guangdong.

É que a firma em causa, a Jiya Property Development Lda, terá alegadamente vendido as mesmas propriedades a outros compradores. As vítimas apresentaram queixa, quer em Sanxiang quer em Zhongshan, mas consideram que as autoridades não lhes prestaram a necessária atenção, decidindo agora voltar-se para os responsáveis de Macau, na tentativa de reaverem o seu dinheiro. Este caso foi apadrinhado pelos deputados Chan Meng Kam e Ung Choi, que ontem o divulgaram em conferência de imprensa. Para além dos dois deputados, também o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM foi contactado e, segundo um dos queixosos, terá prometido ter o assunto em consideração.

Os cidadãos de Macau foram alertados por notícias que foram saindo nos jornais da província de Guangdong sobre a companhia com quem tinham negociado. “venda de propriedades a mais de um comprador” e “crise financeira”, foram algumas das notícias que vieram a lume. Contudo, as autoridades de Sanxiang consideram o caso uma “disputa de contrato”.

Segundo os compradores, cerca de 100 indivíduos compraram mais de 500 apartamentos, comerciais e residenciais, durante 2006. Os contratos foram assinados pela companhia Jiya Property Development Lda e reconhecidos pelo notário da cidade de Zhongshan, tendo mesmo sido emitido um documento que permitiria a consequente venda das propriedades. Contudo, o registo das propriedades nunca chegou a ser feito, apesar de numerosas insistências dos compradores nesse sentido. A firma não só apresentou descontos muito favoráveis, como se ofereceu para arrendar as propriedades pelo período de três anos.

Um cidadão de nome Lee disse ao Hoje Macau que investiu dois milhões em Agosto de 2006, mas que não consegue contactar a companhia e que o registo nunca foi feito. “Depois de termos contratado um advogado para se informar do estado da propriedade, descobrimos uma senhora que também possuía uma propriedade na mesma morada, embora de tamanho diferente”, contou.

Entretanto, a firma foi alegadamente arranjando desculpas sucessivas para não efectuar o registo, sendo que só ela poderia requerer o registo. “Tivemos de esperar”, suspira Lee. “De facto, tenho recebido a renda, mas ainda assim perdi muito. Espero que este caso possa ser resolvido”.

Já outro comprador, de nome Ng, que investiu sete milhões, só quer mesmo é recuperar o dinheiro e não põe de parte tomar outras medidas. “Confiámos no governo e nas autoridades notariais de Zhongshan. Mas eles venderam também as propriedades a outras pessoas”, afirmou.

Segundo o representante de Chan Meng Kam, trata-se um claro caso de vender mais de uma vez a mesma propriedade a pessoas diferentes, o que, segundo ele, se enquadra na moldura penal da fraude intencional. Segundo as leis da RPC, qualquer comprador de propriedades pode consultar o estado dessas mesmas propriedades junto das autoridades se possuírem o contrato de transacção comercial ou o registo de propriedade.

Island Ian in Hoje Macau

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