...e os madeirenses não gostam dos portugueses

Entrevista de Rui Alves, presidente do CD Nacional do Funchal, publicada na edição de ontem do DN:

Rui Alves, PRESIDENTE DO CLUBE DESPORTIVO NACIONAL DA MADEIRA
Não gosta de ser português, não gosta da cultura portuguesa, disse-o em entrevista à Antena 1, mas dirige um clube que se chama Nacional. Vai mudar-lhe o nome?

Não! Um dia, se a Madeira for independente, o Nacional representará um clube nacional da República Independente da Madeira. O Nacional não tem nada a ver com a portugalidade. Estamos a atingir os 600 anos do achamento da Madeira e é possível hoje falar de uma idiossincrasia do madeirense que é distinta da idiossincrasia do português continental.

Acha que há uma maneira diferente de ser e de sentir entre uns e outros?

Acho. Não tenho dúvidas que os portugueses não gostam dos madeirenses e os madeirenses não gostam dos portugueses. O resto é tudo uma treta.

Como é que pode falar por uma população inteira?

Falo pelo que sinto. Basta ver como reagem os portugueses quando entra uma equipa da Madeira num estádio português. Depois do 25 de Abril foi possível criar aqui, com algum ideal libertário, uma autonomia que dissipou muito das tensões que nos opõe aos portugueses. Pese as razões económicas que determinam ainda esta ligação a Portugal a verdade é ela só tem essa ligação. Com a ocupação napoleónica e a fuga do rei para Brasil, tenho na memória o pedido do rei para a Madeira ser protegida pelos ingleses que aqui estiveram e não quiseram ficar com a ilha só por simpatia com a Coroa. Portugal reconheceu, por exemplo, a independência de S. Tomé e Príncipe e de Cabo Verde, não percebo porque não há-de reconhecer a independência da Madeira.

Também não gosta da língua portuguesa, porquê?

Não me diga que não tem dificuldade em falar português? Os portugueses quando viajam pelo mundo têm necessidade de falar outras línguas para serem entendidos. Qualquer inglês e francês deve sentir-se bem mais confortável do que um português.

Diz que em 2011 abandona o País. Ano em que Alberto João Jardim abandona a liderança do PSD. Coincidência?

A minha saída tem unicamente a ver com timings eleitorais. O Nacional terá eleições em Junho e o prazo da direcção é de três anos.

E como rei, vai para o Brasil?

É provável…

E escolhe um país de língua portuguesa?

Não confirmei que ia para o Brasil.

Não se orgulha de ser português por causa da justiça portuguesa?

Todo o sistema judiciário português deixou-se absorver numa teia mediática.

Refere-se ao "Apito Dourado"?

Destacar para este processo a magistrada com maior competência na área da investigação criminal (Maria José Morgado) é um pouco caricato porque tenta criar--se crimes preferenciais.