segunda-feira, 3 de março de 2008

Poltergeists modernos


Com o aparecimento da internet (leia-se "world wide web") apareceram alguns fenómenos interessantes. Um dia, mais cedo do que possamos pensar, a humanidade vai-se questionar como era possível viver sem internet, telemóveis ou TV cabo, e a tal "auto-estrada da informação". Se antes os nossos pais nos criticavam se passavamos muito tempo em frente à televisão, hoje os papás rendem-se às consolas, megadrives e outros artefactos sem os quais parece não ser possível um petiz moderno viver.

Agora que sai um estudo do IASM que indica que 40% dos conflitos domésticos em Macau são derivados do uso da internet e dos jogos "online", isso não me surpreende. Não faltam jogos e alienações diversas que façam os jovens passar horas a fio em frente ao computador, o que se por um lado é bom (é insensato afastar as crianças do computador), por outro lado torna-se uma obsessão. Olhos no ecrã, phones nos ouvidos a fazer lembrar o "Battlestar Galactica", olhamos para os nossos filhos e sabe-se lá porquê, não nos revemos.

É como se fosse uma espécie de Poltergeist bonzinho que passa o dia a jogar ping pong com os fedelhos e nunca se cansa. Diabólicas as Nintendo, Sega, Blizzard Entertainment e outras companhias que enriquecem à custa dos putos que consomem avidamente os seus aditivos produtos. Existe mesmo uma série de jogos chamada "Warcraft" em que os petizes - e que grande responsabilidade - têm que cortar madeira, fabricar armas e partir em combate para defender a aldeia, conquistar não sei quê, enfim, parece complicado mas faz-se sentado, com um ar pálido e abatido enquanto se ganha peso ao ficar com o rabo inerte o dia todo.

E pior! Existe uma série de jogos em que os jovens tomam contacto com música "rock" através de simuladores em forma de guitarra mas que não produzem qualquer som. Há quem considere isto a "tábua de salvação" da indústria discográfica, pois caso contrário os jovens nunca conheceriam a música! Escusado será dizer que os lucros das editoras discográficas são uma sombra quando comparados com as maiores developers de jogos de vídeo. Curiosamente aprender a tocar uma guitarra a sério é uma ideia que não atrai a juventude nos dias que correm.

É por isso que é preciso colocar alguma ordem na casa, e não deixar que os nossos miúdos sejam educados em frente ao PC, por muito eficazmente que isso substitua uma baby-sitter. É preciso manter as pernas a mexer, uma bola a saltar, e um sorriso genuíno nos lábios. Educá-los é a nossa função. Conflitos domésticos? Sem discussão possível.

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