A pataca, quão gloriosa foi. Consta dos alfarrábios dos mais devotos numismatas como o papel-moeda em português do extremo-oriente, de Macau e Timor. Como fez sonhar tantas almas. Como deu origem ao mito da "árvore das patacas". Como fazia salivar tantos políticos da nossa distante República. E como ensinou tantos portugueses chegados no contingente dos anos 90 a multiplicar por 20. Como era conhecida pelo sr. Berlusconi, que lhe chamou "batata".
Foi a pataca que os fez deixar a aldeia na serra ou o monte alentejano e galgar meio mundo para chegar a Oriente. Lembram-se quando mesmo antes de Portugal entrar no maldito Euro a pataca valia 28 escudos? E mesmo no início um euro eram apenas seis patacas. Lembram-se quando o baht estava quase a sete? E o peso filipino a nove? Lembram-se quando do outro lado das Portas do Cerco lhe era prestada reverência?
Mas como tudo mudou. A inflação hoje é endémica, não há aumento que resista, e muito se fala de crise. A pataca a três baht, a cinco pesos, e, pior para nós expatriados, o euro a mais de 12 patacas! Isto faz mossa. Em Gongbei já é olhada com desprezo. Passou de uma moeda respeitável a dinheiro de brincar. Ainda hoje paguei 400 patacas por um jantar de três pessoas e achei "pouco". A pataca já não pesa no bolso.
E o que se faz para combater este estado de coisas? Nada. Continua a reverência ao dólar de Hong Kong e ultimamente ao Renminbi (ao ponto das caixas ATM providenciarem a moeda chinesa, coisa que nunca pensei que chegasse a acontecer). Dizem que se está à espera do próximo inquilino (ou inquilina) na Casa Branca para se mexer na pataca. Agora, e por enquanto, é só para consumo interno.
1 comentário:
É caso para perguntar se será de deixar as míseras pataquinhas no Banco à espera de dias melhores ou se, tendo como assente que só poderá descambar para pior, será antes de perder dinheiro agora (quase 13 patacas para perfazer um euro!) em vez de perder ainda mais num futuro próxino... :S
Angústias...
Enviar um comentário