terça-feira, 25 de março de 2008

Considerações feitas ao sabor de uma chávena de chá (numa tarde cinzenta)


São quatro da tarde quando escrevo estas linhas. Está uma tarde cinzenta, com um tempo que nos habituámos a descrever como “de chuva”. Quando era miúdo ouvia sempre os mais velhos dizer “está de chuva”, estado do tempo que podia durar uma semana sem que caísse uma gota. E é escrevendo estas linhas, contemplando esta cidade, também ela cinzenta, e tomando o chá Massala que trouxe da minha última viagem à Índia, enquanto aproveito para desfolhar as páginas da imprensa de hoje.

No PF fala-se da lei da paridade, que obrigou neste caso José Pereira Coutinho a incluir um terço de elementos do sexo feminino na lista para o Conselho das Comunidades. Eu até sou contra qualquer forma de discriminação, mesmo a positiva, mas isto só quem sente na pele é que sabe exactamente do que se trata. O mesmo se aplica para os figurões que acham que a emancipação das mulheres “acontece naturalmente”. Aconteceu para elas, sim. Podem falar.

Leio que os vinte jovens envolvidos nos confrontos em Hac-Sá na noite do dia 13, dos quais resultaram três feridos, agrediram-se mutualmente porque os elementos de um grupo fizeram “olhares antipáticos” a outros. Mas que diabo. Ninguém ensina aos jovens que este tipo de comportamentos é digno dos ursos, dos cães ou de outro tipo de quadrúpede? Aceita-se que sejam comportamentos típicos da juventude, mas entrar numa autêntica batalha campal por causa de uma cara feia, haja dó.

As concessionárias de transportes públicos começam a ver a vida a andar para trás, à medida que se vão repensando o papel dessas mesmas companhias, passando sempre por eventuais cortes, claro. Não me surpreende que se exaltem agora com conceitos do tipo “avaliação da qualidade dos serviços prestados” ou com qualquer outra ideia que inclua a palavra “qualidade”. Eles que – especialmente nos últimos dois ou três anos – prestaram um serviço medíocre, em que chegam a tratar os utentes como gado.

Parei esta manhã no THS Honolulu da Rua do Campo para beber o habitual café das dez, e quase que me caía a alma aos pés quando descobri que em menos de duas semanas a “bica” aumentou de dez para treze (!) patacas? Um aumento de 30%, que atinge o bolso como um raio, dúvidas houvessem sobre os efeitos da inflação no dia a dia de um expatriado. Que o digam os compatriotas que ainda têm que pagar as contas em Portugal e vêem a Euro a subir vertiginosamente em relação à pataca.

Encontrei-me hoje à hora de almoço com o meu amigo L. no Centro Hospitalar Conde S. Januário, onde nos dirigimos ambos para uma consulta. Fazia anos que não entrava no CHCSJ, juro (a consulta não era urgente…) e já me tinha esquecido da elevadíssima qualidade das instalações e do equipamento, e porque não dize-lo, dos profissionais de saúde que coitados, fazem o que podem. O pior é o resto. E que resto!

5 comentários:

Anónimo disse...

É claro que as mulheres que estão bem na vida ou realizadas profissionalmente são contra a lei da paridade. As mulheres são muito egoístas e invejosas, e não conseguem ser unidas. É por isso que o mundo é dos homens!

Anónimo disse...

Anónimo!!!!!
Bom dia Leocardo.
Então caiu-lhe a alma aos pés pelo aumento de 30% da "bica", no café Honolulu, pois aconteceu-me exactamente o mesmo na pizaria Toscana, uma vez que moro a 20 minutos de carro de Macau, sou obrigado a almoçar diáriamente por aqui, o que faz com que esteja farto dos menus que os restaurantes das redondezas oferecem, desde os portugueses, chineses, tailandeses etc...um dia destes e, à semelhença do que faço muitas vezes, resolvi ir à Toscana pedir uma "foccacia" e comer no serviço. O preço era MOP$28,00 mais as taxas, pois actualmente está a MOP$47,00, nem reparei se já estavam as taxas incluidas ou não, saí de lá furibundo, não sem antes ter dito à senhora que aquilo não era um aumento, mas um roubo descarado!!!
Resumindo: desde aí e, sempre que tenho pachorra para me levantar mais cedo, preparo um Thermos com boa comida que trago de caso e, deixei de engordar gulosos!!!
Um bom dia de trabalho.

Anónimo disse...

Por falar em Toscana, café, aumentos e "roubos", deixem-me desabafar que, no último sábado, exactamente no Toscana, me "roubaram" MOP$18,00 após a ingestão de um expresso "Lavazza" e a senhora ainda queria "roubar-me" + 10% a título de taxa de serviço! Era só o que faltava! Até o diabo se ria!

Anónimo disse...

O lavazza do Café Toscana está mais caro (com a taxa de serviço) do que o expresso "doppio" do Starbucks. Isto faz algum sentido? Deixei de lá ir, claro. Que chulem os americanos!

Anónimo disse...

Cara anónima (??!!!) das 21:43 ninguém tem culpa que voçê viva a 20 min de Macau ou seja em Coloane. Só come na Toscana quem quer, e toda a gente sabe que a Toscana é um restaurante com comida excelente e que pratica preços altos. Sempre foi assim! Eu dou-lhe um conselho, já foi ao 4º andar do Mercado S. Domingos? Claro que não foi, porque voçê gosta de comer bem e até não se importa de pagar, então vá lá e coma 3 Bs, isto claro, quando se fartar de trazer o thermos com boa comida. Assim deixa de engordar gulosos e passa a comer com o Zé povinho por um preço que para si é de borla!!!