Já sei, já sei o que estão a pensar, mas acontece que censurei esta imagem apenas para "não assustar idosos e crianças". Yep, parece que o critério para aquilo que assusta pessoas sensíveis é muito variável, e segundo um certo deputado, exercer o direito à manifestação, que paradoxalmente considera "legítimo", ostentando caricaturas e "atirando aviõezinhos de papel" é "ofensivo", e "censurável", e ainda "será que esses manifestantes não têm famílias???" Eu respondo: famílias têm, o que não têm é acesso a 100 milhões para dispor assim por dá-lá-aquela-palha, sem dar satisfações a ninguém, mas isso não ofende ninguém, não senhora. Eu já tinha dado uma risota quando ouvi a justificação das autoridades para não autorizar a passagem da manifestação pela praça onde está situada a Assembleia Legislativa: "é uma zona verde protegida" - deve ser pelas aves raras que ali habitam de vez em quando. Mas isto é demais. Eu até entendo que o figurão aí venha defender a sua dama, ou neste caso cavaleiro, e quero dizer literalmente, uma vez que foi este quem lhe arranjou o tacho, mas isto é um exagero, sinceramente. Aqui quem fica ofendido sou eu, e possivelmente qualquer pessoa com o mínimo de pudor que detecte sem muito esforço o atentado à inteligência que este indivíduo levou a cabo. E estava a falar para quem, no fim de contas? Alguém secundou aquela palhaçada? Mais valia ter ficado calado, como por exemplo...
Aqui, no editorial/comentário/o que vocês quiserem que ficou por escrever sobre o assunto, o que seria muito estranho, uma vez que esta temática costuma ser prato do dia na publicação aqui ao pé de casa, e que habitualmente toma posições a favor "da casa". Pois é, há limites para tudo, e há injustificáveis que são mesmo impossíveis de justificar. Mais vale, sei lá, falar dos táxis? Dos 50 anos da Revolução Cultural? Ou se calhar faz-se um descargo de consciência, assim em jeito de texto tão ambíguo que é impossível de se decifrar, dedicado ao vírus das vacas loucas (?). Não quero insinuar nada, entenda-se, e a referência deve-se apenas ao "timing", sei lá? 'Bora lá falar de outra coisa, pronto, dos juristas que não pescam nada sobre Direito de Macau, e obtêm os canudos na Farinha Amparo, por exemplo. Isso sim, é grave (fora de brincadeiras, é mesmo). Cem milhões? Pff...e o vento levou.
Mas voltando ao início, quando digo que o nosso CE é "mal assessorado". De facto, em vez de uns pacóvios que se limitam a dizer "depois as pessoas esquecem", tomando o mundo todo de parvinho, dava muito mais jeito ter este indivíduo ali em cima na imagem para desatar estes nós. Um hipnotista, sim, que convencesse o povão que "sim senhor, justifica-se a doação de 100 milhões à tal Universidade de compadres lá do tai-lok", e que é mesmo uma evidência de que "formam a maioria dos médicos de Macau", e até se podia ir mais longe, acrescentando que "se não fosse por eles, estávamos todos mortos", e que tal? Na falta do encantador encantador (nos dois sentidos, portanto), temos jovens completamente insuspeitos a participar numa manifestação, onde ainda por cima dizem coisas como "o dinheiro é da população, e não deve ser usado assim sem mais nem menos", quando lhes metem o microfone à frente. Epá, e que tal dizer que os putos que disseram aquilo estavam combinados com os democratas, esses malvados? Na, é melhor não, que isso era a mesma coisa que mandar um secretário justificar-se a toda a hora de uma coisa que ninguém perguntou, como aconteceu recentemente com um lamentável infortúnio, que no fim custou a alguém a vida. Aqui foi mais um tiro no pé, pronto, e quanto vale ter quer andar por aí, assim, coxo? Cem milhões, chega?
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