Morreu ontem aos 68 anos o cantor grego Demis Roussos, figura que conheci durante a infância graças a um disco que os meus pais tinham. O que me chamou a atenção na capa do tal disco foi o aspecto do indivíduo: obeso, barbudo, de cabelo desgrenhado, usando vestido de senhora e um ar acima de grave, de como quem não come há meia hora e implora por um cachorro-quente. Ou dois. Ou dez. O seu nome levou-me a pensar que era russo - é preciso ter em conta que eu tinha cinco, seis anos, e só o facto de ler o nome já era indício deste génio que hoje aqui têm perante vossas senhorias. Outra mostra de génio foi não ter ousado colocar o LP no gira-discos, pois a voz daquele que mais tarde vim a saber ser o equivalente grego do nosso Marco Paulo podia causar danos rreversíveis nos meus pristinos tímpanos, alimentados à base de José Barata Moura e outros educadores da pequena classe operária. Com o tempo, mesmo sem dar importância de maior ao sujeito, vim a saber que não era russo, mas mesmo sendo grego, nasceu no Egipto, e que aquela vestimenta não era um vestido mas um "kaftan", uma espécie de roupão da antiga Mesopotânia - não era apenas a sua aparência que nos deixava meio confusos, portanto. A certo ponto deixou de ser obeso, mas permaneceu sempre peludo, com um aspecto que só de olhar para ele sinto cócegas. Em sua defesa, tornou-se popular na sua helénica pátria no final dos anos 60 com o conjunto de rock progressivo Aphrodite's Child, onde teve a companhia do gigante compositor Vangelis. Vamos recordá-lo nesses tempos, quando ainda tinha o futuro pela frente. Coitado...
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