Arrancou no último dia 16 a edição de 2015 da Liga de Elite de Macau, a divisão principal do futebol da RAEM, que no ano passado foi conquistada pelo Benfica de Macau, que terminou com mais três pontos que o Sporting de Macau. O título ficou decidido na derradeira jornada, com as dois emblemas a defrontarem-se no Estádio da Taipa em igualdade pontual, sorrindo a vitória para os encarnados por 2-1. Este ano junta-se às filiais dos dois rivais de Lisboa uma terceira formação de matriz portuguesa, a Casa de Portugal, promovida da 2ª divisão em 2014. Sem as mesmas ambições de águias e leões, a equipa treinada pelo ex-jogador Pelé tem também um orçamento bem mais modesto, e da equipa que foi campeã da divisão secundária no passado viu sairem o defesa Vidigal e o avançado Nicolas Friedmann para o Sporting, enquanto o avançado brasileiro Leandro fez o caminho contrário. Outras contratações de monta incluem o defesa norte-americano Kyle Kern (ex-Ka I) e o avançado João Ramos (ex-Benfica). O plantel continua a ser basicamente amador, com a disponibilidade dos atletas a depender dos seus empregos, e a juntar a isto a falta de experiência no escalão principal, o arranque não foi o melhor que se poderia desejar, com uma derrota por 3-0 frente ao Monte Carlo na jornada inaugural - que marcou ainda o início desta edição da Liga de Elite - e outra derrota pesada frente ao Chao Pak Kei por 5-1 no último Sábado. Tudo indica que os objectivos da Casa de Portugal passem apenas pela manutenção, e Pelé terá um trabalho muito difícil pela frente.
Este ano o campeonato conta com 10 equipas, ao contrário das 9 da época anterior, que teve um início atribulado devido à desistência de 3 formações, obrigando a que a AF Macau convidasse as duas que haviam sido despromovidas em 2013 a participar, deixando uma vaga por preencher. Esta confusão causada pelo abandono de Lam Pak, Lam Ieng e Kuan Tai fez com que uma equipa folgasse em cada jornada, e que no final de 2014 apenas uma fosse despromovida - o Kei Lun, que tinha sido uma das equipas repescadas. Além da Casa de Portugal, foi promovida ainda a formação do Chuac Lun (雀聯), que significa literalmente "União Andorinha". Se a equipa da agremiação representante da Comunidade Portuguesa em Macau vai encontrar dificuldades para se manter na Liga de Elite, as "andorinhas" têm ainda uma tarefa mais complicada, pois nas primeiras duas rondas evidenciaram uma enorme fragilidade, perdendo de goleada por 6-0 com o Chau Pak Kei, e na sexta-feira passada com o Ka I. A propósito deste último jogo, não podia deixar partilhar esta imagem de um website de futebol do território, que ao artigo dedicado ao encontro dá o sugestivo título em chinês "Ka I frita os passarinhos".
Outra equipa que conhece bem os lugares do fundo da tabela é a dos Sub-21 da AFM, que nos últimos dois anos só conseguiram evitar a despromoção graças à baralhada organizativa que é o campeonato local: em 2013 ficaram em último lugar apenas com derrotas, mas foram repescados, e o ano passado terminaram em penúltimo com 3 vitórias em 18 partidas, mas beneficiaram do facto de descer apenas uma equipa. Os jovens patrocinados pela AFM têm exactamente essa particularidade como "handicap": só podem alinhar com jogadores locais com idade igual ou inferior a 23 anos, enquanto as restantes equipas podem reforçar-se com jogadores mais maduros, e outros de fora do território, com outra "formação", digamos. Contudo este ano o começo não foi assim tão mau, com um empate a uma bola na primeira ronda contra o Lai Chi, e no último fim-de-semana venderam cara a derrota ao Monte Carlo, perdendo apenas por 1-2. Com outro "handicap" mas menos limitações em termos de idade está a formação da Polícia, uma das regulares da divisão principal do território. A formação composta por agentes da autoridade fez jus à sua fama de equipa batalhadora, de pendor defensivo, ao empatar a zero na jornada inaugural frente ao Sporting, perdendo depois pela margem mínima para o Lai Chi.
Duas equipas que andam habitualmente pela segunda metade da tabela e que parecem ter investido nos seus plantéis são o Lai Chi e o Chao Pak Kei. Os primeiros, conhecidos em português pelo nome de "Os Velozes" foram contratar nem mais nem menos que cinco jogadores do Monte Carlo, habitualmente titulares na equipa canarinha na última época, dois ao Chao Pak Kei, outros tantos ao Ka I e ainda um jovem dos Sub-23. É ainda cedo para dizer o que vai dar esta revolução total no plantel do Lai Chi, pois para já registaram um empate a uma bola frente aos Sub-23 e venceram na ronda seguinte a Polícia pela margem mínima - pelo menos é um início positivo. E falando de inícios promissores, nenhum registo é melhor do que o do Chao Pak Kei nas primeiras duas jornadas. A formação patrocinada por uma empresa de equipamentos de hotelaria com o mesmo nome (鄒北記) "entrou a matar", goleando o Chuac Lun e a Casa de Portugal por 6-0 e 5-1, respectivamente. É preciso ter em conta que os adversários eram apenas recém-promovidos, e o CPK tem habitualmente sorte com o calendário - três das quatro vitórias obtidas em 2014 foram exactamente nas três primeiras jornadas. Mas não ser preciso esperar muito tempo para ficarmos a par do verdadeiro potencial desta equipa, pois na 3ª jornada vai ter pela frente o Ka I.
E finalmente falemos dos candidatos ao título, que pelo menos em teoria são os mesmos quatro que tinhamos há exactamente um ano, e só a profissionalização progressiva do futebol local vai originando variantes no que antes eram apenas certezas absolutas. Assim temos os já referidos Benfica e Sporting, as duas equipas que lutaram até ao fim pelo título, que iria para a prateleira das águias. Pode-se dizer que tiveram testes complicados a abrir, as duas equipas de matriz portuguesa: o Sporting não conseguiu ultrapassar a armadilha defensiva da Polícia na ronda inaugural, e o Benfica suou para vencer o Ka I por 2-1. Os dois encontraram-se este Domingo na Taipa e o resultado foi um empate a uma bola, que deixa o Sporting com dois pontos, e o Benfica com 4. Os encarnados voltaram a demonstrar uma capacidade financeira capaz de garantir a qualidade do plantel, reforçando-se com cinco atletas, dois vindos do Campeonato Nacional de Seniores, em Portugal, e outp do futebol brasileiro, mais precisamente do Grêmio de Barueri, de S. Paulo. Quanto a baixas, dois dos campeões de 2014 regressaram ao futebol português, enquanto o médio ofensivo Bruno Martinho, um dos jogadores que mais se destacou na campanha da época passada foi contratado pelo Ka I. A equipa de Josecler aposta forte na reconquista do título que lhe vem fugindo há dois anos, indo buscar jogadores brasileiros ao país do futebol, de modo a tentar fazer esquecer a pálida imagem deixada pelo 4º lugar obtido em 2014. Finalmente o Monte Carlo, campeão há dois anos e terceiro na época passada, é uma verdadeira incógnita; a equipa treinada por William Chu perdeu várias peças importantes da sua estrutura, e apesar de ter duas vitórias no arranque da época, estas foram perante equipas sem as mesmas ambições. A ver vamos, portanto.
Deixo-vos com a classificação actual, após a 2ª jornada:
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