terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Os sons dos 80: Eurythmics


David Stewart e Annie Lennox, dois jovens sonhadores nos anos 80.

Falar dos anos 80 é falar dos Eurythmics, uma banda inglesa que apesar das posteriores reuniões (para engordar as contas bancárias, claro), começou em 1980 e terminou em 1990. Os Eurythmics eram um duo composto pela cantora Annie Lennox e o instrumentalista David Stewart. Os dois conheceram-se em 1975 num restaurante em Londres onde Lennox era empregada de mesa, e fundaram no ano seguinte o grupo "punk" The Catch, que viria a mudar de nome para The Tourists, e acabar em 1979. Já com o nome de Eurythmics, Lennox e Stewart assinam pela RCA Records em 1980, e começam a trabalhar em material original, com vista à gravação de um álbum.


O primeiro trabalho dos Eurythmics surge em 1981, com o título "In the Garden", que continha os singles "Never gonna cry again" e "Belinda". A estreia da banda é "discreta", e isto é o melhor que se pode dizer do seu esforço inicial. Contudo, e dois anos depois, Lennox e Stewart acertam no "jackpot" com o sigle "Sweet Dreams (are made of this)", que chega a nº 1 da Billboard e nº 2 no Reino Unido, onde só não consegue destronar o "gigante" tema dos Police, "Every Breath You Take". "Sweet Dreams" torna-se no cartão de visita dos Eurythmics, e o álbum com o mesmo nome chega ao 3º lugar no Reino Unido e ao nº 15 da Billboard.


Ainda em 1983 a veia criativa do grupo produz um terceiro trabalho de originais, "Touch", que inclui o êxito "Here Comes the Rain Again". Em 1984 gravam a banda sonora do filme "1984", de Michael Redford, baseado na obra homónima de George Orwell. O tema "Sexcrime (nineteen-eighty-four)" chega a nº 4 na tabela de singles do Reino Unido, e apesar do modesto nº 81 da Billboard, chega a nº 2 na lista de temas de dança. É caso para dizer que os Eurythmics colocavam a sua audiência a dançar, pelo menos.


Faltava um sucesso comercial de excelência para que os Eurythmics se afirmassem como potência dos anos 80, e este em 1985 com "Be Yourself Tonight", de onde sairam os singles "Would I Lie To You?", "It's Allright (Baby's Coming Back)", "Sisters Are Doin' It for Themselves", com a participação de Aretha Franklin, e este "There Must be an Angel (Palying with my heart)", que marcou o meu conhecimento da existência deste grupo. Basta prestar atenção à melodia, ao alcance vocal de Annie Lennox, e à estética do vídeo para perceber a razão dos Eurythmics serem um grupo muito fácil de se gostar. Para promover o novo disco seguiu-se uma digressão, e o desgaste causou nódulos nas cordas vocais de Lennox, e fez com que a banda perdesse a oportunidade de se apresentar no Live Aid, em Julho desse ano.


Mas os Eurythmics teriam a sua vingança no ano seguinte com um novo trabalho de originais, que ficou exactamente intitulado de "Revenge" (Vingança). A voz de Lennox estava melhor que nunca, e a afinação de David Stewart não lhe ficava atrás. O quinto álbum dos Eurythmics chegava a nº 3 no Reino Unido e a nº 12 nas Billboard, mas chegava a nº 1 noutros países, como a Suécia, Noruega ou Nova Zelândia. Deste "Revenge" sairam classicos como "When Tomorrow Comes", "The Miracle of Love", ou o meu favorito, este "Thorn in my Side". Já sei, já sei que ficava melhor ilustrar este parágrafo com "The Miracle of Love", mas aprecio a carga irónica de "Thorn in my Side", além de ser provavelmente a única vez em que Annie Lennox parece atraente com o cabelo curto. Ah sim, as figurantes são também um docinho, e a pretinha que faz os coros com David Stewart é o máximo.


Na onda do sucesso, os Eurythmics lançam em 1987 mais um álbum, desta feita "Savage", que marca uma viragem no som do grupo, mas não para melhor. Nenhum dos quatro singles que sairam de "Savage" chegam ao top-10 de seja onde for, e começava aqui o declínio da colaboração entre Lennox e Stewart. Este declínio ficaria comprovado com o trabalho seguinte, "We Two Are One", de 1989, ano anterior ao fim dos Eurythmics. Curiosamente o tema mais interessante desde aí é este "I Saved the World Today", do disco de 1999 "Peace", que assinalou a primeira reunião da dupla.


Os Eurythmics em 2005, num elevado estado de maturidade.

Na origem da desagregação dos Eurythmics terá estado a aura de Annie Lennox, que sempre se considerou uma espécie de diva - e alias "Diva" seria o nome do seu primeiro trabalho a solo, em 1992. E de facto Lennox gozou de uma enorme popularidade como cantora solo na primeira metade dos anos 90, enquanto Stewart criava os The Spiritual Cowboys, que com excepção do excelente "Jack's Talking" tiveram uma carreira muito discreta. Actualmente, e quase com 60 anos, Lennox esteve em destaque nos últimos anos devido ao seu activismo no combate à epidemia de SIDA (?), e ainda mais recentemente reeditou a sua discografia e gravou canções de Natal. Em 2012 fez aparições no Jubileu da rainha Isabel II e no encerramento das Olímpiadas de Verão, que se realizaram em Londres. David Stewart casou em 1987 com a ex-Bananarama Siobhan Fahey, que fundaria depois as Shakespear's Sisters, mas os dois divorciariam-se em 1996. Passou grande parte dos anos 90 a produzir e co-produzir trabalhos de outros artistas, e desde 2004 trabalha com a cantora norte-americana Kara DioGuardi no projecto Platinum Weird.

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