Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé, "rei do futebol" está triste com os seus súbditos, ou seja, os adeptos de futebol brasileiros, que nestes moldes engloba a esmagadora maioria da população. Em causa estão os protestos contra a organização do mundial de futebol este ano pelo país do samba, e que voltaram a subir de tom há uma semana, causando mesmo vítimas mortais em alguns pontos do país. Pelé diz que os manifestantes "estão a estragar o que devia ser uma festa", e que receber o evento organozado pela FIFA "é prestigiante para o Brasil", tanto em termos de "imagem", como de "receitas que podem ser geradas pela afluência de turistas". Sim, como se sabe o que Brasil precisa mais são turistas - ninguém quer lá ir, actualmente.
O ex-futebolista tri-campeão mundial, actualmente com 72 anos, disse "ter ficado mais tranquilo" quando o Brasil venceu a Taça das Confederações o ano passado, e pensou que o "povão" ia querer "ajudar à festa". Tal como as suas previsões sobre os vencedores da "copa", parece que o "rei" enganou-se, e ainda aproveitou para fazer um comentário que reforça a sua faceta de pantomimeiro: "o futebol não tem nada a ver com a corrupção dos politicos". E não é só, pois imaginem que esta declaração foi feita a propósito da construção das infra-estruturas que vão acolher o mundial este ano e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro dois anos depois. Ah! Ah! Ah! Corrupção...política...futebol...nada a ver. Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Parece que nós é que somos todos burros, e o Pelé é um génio. Afinal os estádios, os centros de estágio, as condições para acomodar atletas, técnicos e visitantes, a melhoria da rede de transportes, da qualidade dos acessos, o investimento na segurança, tudo isso e muito mais, aparecem do ar, e não dos impostos que os contribuintes pagam. Não lhes sai do bolso, portanto toca a ir sambar para entrter os "gringos" e meter a panela ao lume para lhes fazer umas feijoadas, como bons brasileiros que são. Canalizar esse dinheiro dos cofres federais para construír estádios e para o bolso de politicos desonestos em vez de aplicá-lo em valências de que a população efectivamente necessita parece "uma boa ideia" para este senhor.
O problema de Pelé é que o homem só percebe de futebol, e pelos vistos era apenas como jogador. Claro, há que lhe dar o mérito por ter gerido bem a sua imagem, o que lhe tem valido a (lucrativa) carreira como embaixador do desporto-rei na FIFA, mas há alturas em que ficava melhor calado. Mas é preciso dar-lhe um desconto, pois toda a vida comeu, bebeu e respirou futebol - até o seu pai era jogador, mesmo que pouco conhecido. Uma coisa que sempre me impressionou no Brasil foi o verdadeiro estado de alienação que o futebol provoca, que leva aquele povo tantas vezes a deixar todo o resto para segundo plano. Folgo em saber que agora isso está a mudra. Fico contente que tenham passado do seu estado bruto de "Pelés" para um degrau acima na escala da evolução. Não tenho nada contra o Brasil organizar o mundial, e até penso que vai corer tudo bem, mas isso são contas de outro rosário.
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