sexta-feira, 7 de maio de 2010

Os blogues dos outros


Quase aposto que se Bento XVI vir esta Nossa Senhora de Fátima, uma produção da Atlantis, vai proibir a sua entrada em conventos! Já estou a ver as freiras em permanente penitência.

Jumento, O Jumento

Creio que muito boa gente ainda não se deu conta que a União Europeia morreu. Ora, a União Europeia não deve ser confundida com a Europa. Europas há muitas, como sempre houve, pelo que confundi-la com essa coisa regulamentadora, unidimensional, seca de cultura e sem história, desdenhosa das Europas de sempre, entregue a ficções autoritárias e a gente que nunca pôs os pés numa biblioteca ou num museu, que não sabe nem quer saber e que exprime o nadir do embotamento e da estupidificação é, para além de atrevimento, um grosseiro insulto às fontes e correntes profundas da nossa civilização. São cabeças de ontem, inamovíveis, incapazes de sair das falácias dos anos 60, do boom, do crescimento económico ascendente e contínuo, do mundo a três velocidades, das causas ditas justas defendidas a partir de uma rodoma de abastança. Isso tudo acabou. Com o afundamento da Islândia, da Grécia e dos estados bálticos, soou o alarme da última chamada para Portugal e para a Grã-Bretanha, nações euro-atlânticas que em nada comungam na ideia de nação-império que ainda entretém as patéticas guerrilhas nos corredores de Estrasburgo e Bruxelas. Só espero que a Europa atlântica saiba sacudir o jugo do centripetismo e da vassalidade e lançar-se de novo nas soluções do futuro. Quem melhor que o Infante luso-inglês para ilustrar essa outra Europa, a nossa Europa, que quase sucumbiu às mãos dos continentalistas já sem Napoleão, Metternich e Bismarck?

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Pouco divulgado em Portugal, o termo Putinism (Putinismo?) representa, em política internacional, o estranho regime específico em que a Rússia vive há cerca de uma década. Na essência, é o poder de um homem, Vladimir Putin, frio, sem escrúpulos (alguém se lembra do submarino Kursk?), que se fez rodear de uma mão cheia de empresários, que por vias mais ou menos obscuras constituiram um oligarcado que o Kremlin protegia. Os empresários não pertencentes a esse oligarcado, ou que a ele se opunham, viviam no exterior, ou, por via de regra eram detidos. O cerne do poder é a figura de Putin. Ele comanda as marionetes que aparentam (?) algum protagonismo, como Medvedev, e decide quem promove e quando. O líder da oposição, o carismático ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, já por vária vezes foi detido. Não consegui evitar lembrar-me de Putin a respeito do regime em que vivemos. Porque no mesmo dia ler que Ricardo Rodrigues, o vice-presidente da bancada parlamentar do PS que, num acesso de mau feitio, fugiu de um entrevista no Parlamento com os gravadores dos jornalistas da Sábado, foi nomeado para o Conselho Superior de Segurança Interna, pelo PM, com solidariedade total do PS, e ler que Ascenso Simões, que foi Secretário de Estado na Administração Interna, na Agricultura e organizador da campanha eleitoral, além de twitteiro dos que lá vivem 24 horas por dia, foi nomeado para a Direcção da ERSE, a entidade reguladora da Energia, mostra o que de pior a partidocracia vigente tem. Ascenso Simões fez toda a carreira no PS, e apenas deu mais um passo agora. Ricardo Rodrigues atenta contra a liberdade de imprensa no governo cujo primeiro ministro mais atacou essa liberdade, e é recompensado com um posto e a solidariedade da bancada. Putin, gota se fazer fotografar a mostrar a musculatura. Sócrates a correr de boxers como um atleta. Putin tem mau feitio, e Sócrates nem se fala. Ambos gozam de um privilégio de serem suspeitos de tudo e culpados de nada. E ambos dispõe da máquina estatal como querem. De todos os líderes actuais, Ahmedinejad incluído, Putin é claramente o modelo de Sócrates. E o pior dos modelos. É que a Rússia está também endividada até ao pescoço.

Carlos Santos, Corta-Fitas

Podia Ricardo Rodrigues renunciar de imediato ao seu mandato depois de, ao furtar dois gravadores, ter sido apanhado e filmado em flagrante tentativa de condicionamento da liberdade de imprensa? Podia. Podia Francisco Assis, surpreso com a falta de decência do seu deputado em não renunciar ao lugar, demiti-lo ao menos das funções de direcção da bancada parlamentar? Podia. Podia o Partido Socialista, atónito com a solidariedade de Francisco Assis e surpreso com a falta de decência do seu deputado, retirar a confiança política a Ricardo Rodrigues? Podia. Podia, mas não seria o mesmo PS.

Adolfo Mesquita Nunes, Delito de Opinião

Sócrates é teimoso que nem uma mula, mas dificilmente pode demitir o seu Ministro das Finanças como lhe apetecerá neste momento. Isso seria um sinal desastroso para os mercados e para Bruxelas. Sinal que não iria cumprir as medidas de austeridade económica que se impõem, embora diga o contrário. Se não quer mexer do lado das receitas tem que mexer do lado das despesas. Não há almoços grátis, como diria o Prof. César das Neves. Mas ao mexer nas despesas públicas estará a dar o flanco à oposição e ao Presidente da República. Basta olhar de relance para 35 anos de regime democrático para tirar a conclusão que se o governo não der um sinal sério que é hora de apertar o cinto, os cidadãos nada farão para conter o consumo privado nem os empreiteiros amigos do PS conterão a sofreguidão como olham para as ditas cujas grandes obras públicas. Mota & Cia e outros têm que perceber que o país não tem mais dinheiro para se endividar e os salários que auferem os seus gestores, na ordem dos 30 000, 40 000 euros, são um insulto para quem trabalha. Não há volta a dar a este imbróglio, nem solução win-win, ou escolhe-se um caminho ou outro.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Podíamos passar horas a escrever sobre a crise na Grécia. E para quê? Foi um golpe clássico. Nós em Portugal é que não sabemos fazer as coisas. Anda o quase engenheiro a aldrabar as contas para depois no Tribunal de Contas o mister Bean (também conhecido por Oliveira Martins) dizer que está tudo porreiro ... os Gregos nem se deram ao trabalho, atalharam caminho. "Alô Bruxelas? Daqui é o Papandreu Palopolopilis. É só pa dizer que já não há euros. Temos praia, o Fernando Santos, alguns pratos e uns quantos vasos. Euros é que já não. Como é que combinamos pó Verão?". Eureka, pá.

Pulha Garcia, O Bom Sacana

O famoso comentador da TV, Marcelo Rebelo de Sousa, seguia a bordo de um avião, de Lisboa para o Porto. O lugar a seu lado estava ocupado por um garoto de uns 10 anos, natural de Amarante, de óculos, com ar sério e compenetrado. Assim que o avião descolou, o garoto abriu um livro, mas Marcelo Rebelo de Sousa puxou conversa.
- Ouvi dizer que o voo parece mais curto se conversarmos com o passageiro do lado. Gostarias de conversar comigo?
O garoto fechou calmamente o livro e respondeu:
- Talvez seja interessante. Qual o tema que gostaria de discutir?
- Ah, que tal política? Achas que devemos reeleger Sócrates ou dar uma oportunidade ao Passos Coelho?
O garoto suspirou e replicou:
- Poderá ser um bom tema, mas, antes, gostaria de lhe colocar uma questão.
- Então manda! - encorajou o professor Marcelo.
- Os cavalos, as vacas e os cabritos comem a mesma coisa, certo? Pasto, ervas, rações. Concorda?
- Sim. - disse o professor.
- No entanto, os excrementos dos cabritos são umas bolinhas, as vacas largam placas de bosta e, os cavalos, umas bolas bem grandes... Qual é a razão para isto?
Marcelo Rebelo de Sousa pensou por alguns instantes, mas acabou por confessar que não sabia a resposta...
E o garoto concluiu:
- Então como é que o senhor se sente qualificado para discutir quem deve governar Portugal se não entende de "merda" nenhuma???


Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

- É pá, os ingleses passaram só a gostar de marisco?!
- Por que é que dizes isso?!
- Então, só querem cameron...


João Severino, Pau Para Toda a Obra

O Facebook tem-se revelado uma ferramenta útil e poderosa de estabelecimento de ligações interpessoais e de difusão de informação. A visita do Papa, curiosamente, já levou à formação de vários grupos que protestam contra vários aspectos da visita do Papa. Deixo aqui as referências para quem quiser aderir. Grupos que protestam contra a tolerância de ponto: «Eu trabalho e não quero tolerância de ponto no dia 13 de Maio», «Somos contra as tolerâncias de ponto a atribuir aquando da visita do Papa». Grupos que protestam contra o desperdício de dinheiro: «Não quero pagar a visita do Papa a Portugal», «Contra o gasto de milhões de euros na visita do Papa», «Não queremos pagar a visita e dispensamos a presença do Papa em Portugal». Grupos que tentam organizar eventos durante a visita do Papa: «Contra os crimes da Igreja: panos e bandeiras negras para receber o Papa», «Preservativos “ao” Papa em Portugal». Quase todos estes grupos têm milhares de membros cada um.

Ricardo Alves, Diário Ateísta

- Dás-me um copo de água?
- Só tenho de vidro ou de plástico. Posso é enche-lo com água.
Repito sempre isto. Umas pessoas percebem. Outras ficam só a olhar para mim.


João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

3 comentários:

joãoeduardoseverino disse...

Pelos vistos gostou da piada. Obrigado.

Anónimo disse...

Excelentes os artigos de Miguel Castelo-Branco e Carlos Santos. Tão bons que gostaria que tivessem saído do meu próprio punho. Subscrevo-os totalmente.

Anónimo disse...

A visita do Papão também se insere no PEC? Grandes salafrários, para isto já há dinheiro...