Amanhã passam 20 anos sobre a queda do Muro de Berlim, e não sei porquê, não me apetece festejar. Vivi este dia intensamente, assim como a minha família e amigos, porque assistimos a uma coisa que nunca pensámos ser possível: derrubar um mundo obscuro e perigoso, armado até aos dentes. Só que passado todo este tempo, e quando pensámos que saímos de um século das ideologias e entrámos no século das pessoas, percebemos que não foi bem assim.
Os
bullies do século XXI continuam a deixar as crianças, as mulheres e os mais fracos assustados. Questionam-se a toda a hora os poucos direitos adquiridos por homens e mulheres que deram a própria vida por eles. Quando sei que conheço pessoas que ainda trabalham 12 horas por dia ou acumulam empregos para viver melhor, tudo para o bem da “economia”, penso nos combatentes de Maio, que tanto lutaram para que as pessoas fossem tratadas como pessoas e não como máquinas. Quando vejo que se empurram os funcionários públicos para um regime semi-privado e no qual trabalham até cada vez mais tarde e andam suspensos em contratos, penso que em tempos existiam pessoas que seguiam uma carreira pública com dignidade, e eram bastante respeitáveis.
Quando penso no terrorismo islâmico lembro-me dos filmes americanos da Guerra Fria, em que os russos eram os maus da fita e os afegãos “um pobre povo oprimido por Moscovo”. A intolerância religiosa lembra-me quando era fixe sonhar num mundo em que as pessoas de tratassem com o mesmo respeito de que gostariam de ser tratadas, independente de qual a versão de Deus todo poderoso que quisessem seguir. Quando olho para uma USB pen, penso que afinal as engenhocas dos filmes de James Bond eram uma tremenda bosta.
Quando assisto a presidentes que ainda de perpetuam no poder, lembro-me da Guerra Colonial, da libertação de África, do palco de conflito entre as duas maiores potências mundiais. Nada mudou, só os intérpretes. Quando vejo o primeiro presidente norte-americano negro da História, lembro-me de quando Kennedy, o primeiro e único presidente católico, e Martin Luther King, o primeiro líder negro da nação, foram barbaramente assassinados.
Quando penso em George W. Bush, o primeiro presidente norte-americano do novo século, lembro-me de Reagan, que era assim igualmente embrutecido, mas muito mais inteligente e sensato. Bush não foi um líder como Reagan, que liderava o mundo livre quando o Muro de Berlim caíu. O que Reagan conseguiu quando disse "Sr. Gorbachev, derrube-me este muro", não foi uma intervenção militar com o intuíto de libertar alguém. Foi pura diplomacia.
Quando penso nos pedófilos e nos maus tratos às crianças, lembro-me das mulheres, que encontraram a saída de um casulo de opressão através da luta e do empenho para contribuir para uma sociedade que já foi dos homens. Hoje são as criancinhas vítimas desta sede de oprimir e violentar alguém mais fraco que nós. Quando penso em países que consideram uma mudança à esquerda como solução para todos os males, penso no comunismo soviete, que envolveu milhões numa teia de que há 20 anos, quando caíu o muro, se conseguiram finalmente libertar.
Quando fui a Fátima e vi aquele pedaço do muro, fiquei a olhar uns dois minutos. O que chamava a atenção era a idade daquilo: parecia bastante velho. Pintado pelos graffitis e corroído com as ideologias. É a mesma corrosão de que sofre hoje a crosta terrestre. Quando se faz uma revolução, espera-se que venha mais liberdade, e não menos.
4 comentários:
Isto agora é o mundo Bildenberg, ainda mais opressor que o anterior, e mais perigoso, porque se esconde atrás de uma pretensa capa democrática.
Julgo que o Clinton também era (e é) católico.
Julgo que o Clinton também era (e é) católico.
Julgo que o Clinton também era (e é) católico.
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