Barack Obama terminou a sua visita de três dias à China, parte de um périplo de nove dias à Ásia, que inclui ainda mais uma visita à Coreia do Sul. Apesar das vozes críticas que consideram que "não foram dados passos importantes" na resolução das diferenças entre Estados Unidos e China, o presidente norte-americano veio dar uma lição de humildade e amizade, e veio apenas armado com a diplomacia. Não precisou de lições de moral fajutas, de paternalismos nem de outras cobóiadas. Não afirmou uma única vez que está do lado certo, ou que a China deve olhar para os Estados Unidos "de baixo". No seu tom habitualmente calmo e dotado do poder da oratória, Obama encontrou-se com as maiores individualidades do governo chinês e com estudantes, e passou uma mensagem de paz, cooperação e respeito mútuos. Na China, Obama foi recebido como o chefe de estado de uma das maiores nações do mundo, foi tratado como igual, e mais importante que isso, foi ouvido. Apenas o futuro o dirá, mas penso que se terá tratado de uma visita histórica. E os laços estão hoje mais estreitos que nunca.
6 comentários:
Lições de moral deu ele ao ser o primeiro presidente norte-americano que se recusou a receber o Dalai Lama (tudo para não hostilizar os camaradas Chineses e manter a bela curvatura da coluna perante os interesses capitalistas).
Mas é natural quando se está perante uma retórica redonda, por vezes naive, prenhe dos lugares comuns típicos do linguarejar politicamente correcto, num cocktail de palavreado desejante, que está para a oratória como a música pimba está para a música, e que tem a fantástica característica de hipnotizar as mentes débeis, dadas ao culto do sagrado e da personalidade milagrosa.
Obama visitou a China agora e tem todo o tempo do mundo para receber o Dalai Lama. Tem razão quando diz que "se recusou a receber o Dalai Lama para não hostilizar os camaradas Chineses e manter a bela curvatura da coluna perante os interesses capitalistas", concordo consigo nesse ponto. Mas por outro lado, para quê tomar uma atitude que já se sabia não ia produzir resultados, e antes pelo contrário, criar tensões? E não leve isto do Dalai Lama muito a sério. A chanceler Merkel recebe o líder espiritual tibetano quando muito bem lhe apetece e as relações comerciais e os investimentos alemães na China andam maravilhosamente bem. É só política de gabinete.
Cumprimentos.
Há quem tenha saudades do Bush e queira que tudo se resolva com bombardeamentos. Esses, nunca hão-de perceber um gajo superior como o Obama. Mas os chineses, pelo contrário, se algum mérito têm, é o de perceberem mais facilmente que a diplomacia tem os seus méritos. Ainda bem.
Pois é. Tem o discurso, tem os princípios, tem a moral e tem os chavões marketeiros. Mas isto das tensões para se tentar melhorar algo ou defender uma causa é muito chato e as pessoas podem ficar aborrecidas. Veja-se o Soares. Munido dos princípios da esquerdalhada assobia para o lado quando o amigo Chavez fecha estações televisivas privadas que se lhe opõem. É que depois não há compra de "ordinadores" para ninguém.
A oratória e a retórica funciona lindamente até ao momento em que a coisa aperta. Chegados aí mandam-se às malvas todos os princípios. Ao menos a Merkl que é uma senhora tem mais tomates que este gajo.
Caro anónimo das 11:03, ou anda distraído ou embevecido como o ungido de Deus. Saudades do Bush pelos vistos tem o marketeiro Obama, apesar da verborreia que ele utiliza para inebriar a moleirinha dos enfeitiçados, como é o seu caso. Senão vejamos:
1. Ainda não fechou Guantanamo.
2. Combatentes inimigos continuam a ser sujeitos a procedimentos jurídicos especiais à margem da constituição americana.
3. Autorizou o uso de drones contra a Al Qaeda no Paquistão (o que implica que por cada líder da Al Qaeda morrem uns 5 civis).
4. Manteve a política de Robert Gates para o Iraque.
5. Reforçou a presença no Afeganistão com mais 4 mil soldados.
6. Autorizou que se atirasse a matar contra piratas.
7. Manteve a autorização para a CIA capturar e transportar suspeitos de terrorismo para países pouco amigos dos direitos humanos (as famosas “renditions”).
8. Arrebentou com a possibilidade de qualquer acordo sobre o meio ambiente em Copenhaga ao adiar a votação de uma lei nos EUA sobre esta matéria.
Isto é o tão apregoado "Change" que encantou a esquerdalhada e os líricos deste Mundo?
Por muito que procure, não consigo encontrar o anónimo das 11:03.
na minha humildade pergunto ao Sr. Leocardo como pode fazer a afirmação: "...e mais importante que isso, foi ouvido.", quando o dircurso não foi emitido pelas TVs da RPC...apenas partes que interessavam mais tarde apareceram nos jornais chineses...
é que duvido que as palavras "free expression", "think for themselves" e "unfettered access to information and unrestricted political participation" tenham ou serão alguma vez transmitidas pelas autoridades chinesas...e mais digo: a plateia que assistiu ao discurso, pode ter sido de muitos estudantes, mas estes escolhidos a dedo.
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