terça-feira, 10 de novembro de 2009

Por falar em McDonald's...





A semana passada foi a semana anti-McDonald’s em muitas partes do mundo. Não dei por nada, pois para mim todas as semanas são anti-McDonald’s. Com a alimentação não se brinca, e se alguém continua a consumir “comida” da McDonald’s, alheio ao que já está mais que provado, é livre de fazê-lo, mas não conte comigo. Aqui em casa a malta até come, especialmente aos Sábados ou feriados de manhã, mas parece-me uma maneira bastante violenta de começar o dia. E o que como eu? Começo a ficar cada vez mais desconfiado de tudo (e todos), e limito-me a três pilares fundamentais: aves, peixe e vegetais. Aves, todas. Adoro galinhas, patos, perus, perdizes, codornizes, quase tudo com asinhas menos insectos e morcegos. Nunca provei mochos, águias ou gaivotas, mas imagino que devem ser deliciosos.

Depois o peixe. Garanto que existe muito mais variedade no mar do que na terra. Quando era chavalinho a minha avó cozinhava tamboril e besugo como se não houvesse amanhã. Só não sou um grande adepto de peixe-espada ou de polvo, mas tudo o que tem casca ou carapaça marcha a grande velocidade, seja camarão, caranguejo ou ostras. As ostras de Macau é que não recomendo muito, que sinceramente já apanhei muitas que ficaram amolecidas no trânsito antes de cá chegarem. Uma ideia: compre daqueles dois filetes de peixe batauchos, sem espinhas, e frite em pouco azeite e algum alho. Quando estiverem meio cozinhados, junte três colheres de sopa de caril indiano (existe um próprio para peixe), uma chávena de água e mexa. Quando a água começar a ferver, junte um iogurte natural magro e sem açucar. Mexa até ficar consistente e junta sal a gosto, se bem que não é realmente necessário. Sirva com arroz, de preferência integral ou do tipo basmati.

Quando aos vegetais, gosto deles simples, ou na forma de proteína de soja, vulgo aquilo que se convencionou chamar “comida vegetariana”. A comida vegetariana vem em muitas formas e feitios, mas são maioritariamente compostas de proteína de soja, o caule de alguns cogumelos, monoglutimato de sódio, corantes e conservantes. Alguma desta comida é perfeitamente intragável, mas existem óptimos substitutos para a carne de vaca, porco, carneiro, e até peixe. As salsichas têm uma certa tendência para saber a pensos hospitalares, mas tenho um truque. Lave sete ou oito dessas salsichas (as finas) em água quente, corte cada uma em três pedaços e deixe de lado. Corte meia couve em pedaços não muito pequenos, e uma cenoura grande em rodelas não muito grossas. Numa frigideira, faça um refogado com azeite e massa de alho, e junte um pouco de molho de tomate (com alho, cebola ou basílico, ou simples). Junte as couves, as cenouras e as salsichas e misture o composto. Depois tape e deixe em lume brando cerca de 10 minutos, mexendo de vez em quando. Não precisa de sal. Uma delícia.

Os médicos recomendam que se consumam 4/5 porções de vegetais por dia, mas como isso é praticamente impossível (quem come vegetais ao pequeno-almoço, por exemplo?), aconselha-se que coma uma grande salada de alface e tomate ao almoço, e beba um sumo de cenoura a meio da tarde, por exemplo. O pequeno-almoço, por exemplo, consiste de cereais, leite ou iogurte. Cuidado com os cereais que dá aos miúdos; verifique a quantidade de açucar nas embalagens, e prefira os que têm de menos de 10% de açucar (10 gramas em cada 100). Evite os frosties, os cocoa balls ou qualquer coisa que prometa marshmallows. O pior é que os miúdos ficam viciado na sucrose, e começam a recusar cereais que sejam genuinamente mais ricos em...cereal. Para os iogurtes, escusado será dizer: magro. Existem mil e uma variedades e sabores em qualquer supermercado ou 7-11, e até iogurte líquido, que se pode muito bem beber quando se tem sede, em vez de uma gasosa. Lembre-se que os iogurtes são uma excelente fonte de cálcio e uma forma de renovar a flora intestinal, e prevenir doenças do foro grástico.

Quanto à carne propriamente dita, não como porco nem vaca. O sabor não compensa as gramas de gordura pura no organismo. Quando quero carne vermelha propriamente dita, como carneiro ou cabra, ou ocasionalmente coelho, uma carne fantástica que é ao mesmo tempo muito difícil de encontrar em Macau. Isto apenas duas ou três vezes por semana, sem exagerar no consumo daquele tipo de carne que é mais difícil de ingerir. Três conselhos: corte no sal, beba muito leite, coma duas peças de fruta (coma bananas, pelo potássio) por dia e muito cuidado com o açucar. Se não conseguir passar sem a substância branca que mais mal faz depois da cocaína, opte pelo “raw sugar” ou o moscovado, ou utilize adoçante do tipo Hermesetas, que contém sorbitol. Evite o Equal e a família da Fenilalanina e do ácido aspártico, que se encontra muito nos refrigerantes ditos sem açucar. A Diet Coke está cheio dele. Quanto ao McDonald’s propriamente dito, vou continuar a dispensar. Que deliciosas, as alternativas. E o esófago agradece.

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