Rambo (2008)
*1/2
Realização: Sylvester Stallone
Com: Sylvester Stallone, Julie Benz, Matthew Marsden, Graham McTavish
Duração: 91 minutos
Rating MPAA: R (violência gráfica e sangrenta, violações, cenas horrendas e linguagem)
Cerca de 20 anos depois do último Rambo, eis que o sexagenário Sylvester Stallone regressa com o quarto filme da série. Desde que a Guerra Fria acabou e a Cortina de Ferro caíu, começa a ser cada vez mais difícil arranjar carne para canhão neste tipo de filmes. Como rebentar com árabes ou chineses não é politicamente correcto, eis um inimigo com que todos se identificam: a junta militar birmanesa. Ouvi dizer que o filme foi elogiado por “denunciar as atrocidades cometidas pela junta contra o povo birmanês”, mas no fundo é difícil descortinar quem comete o quê aqui, tantos são os troncos, membros e cabeças pelo ar.
Os primeiros trinta minutos do filme demonstram apenas quão cruéis são os soldados da junta, e como só o Rambo tem tomates para ir vivendo por ali. O filme diz-nos que o Rambo tem uma espécie de prazer masoquista em viver numa área de conflito, em vez de ir para a sua
all-american casa na pradaria e tal. Só isto já explica metade do filme. O resto é simples: os gajos da junta são personagens uni-dimensionais que só estão contentes a matar civis, queimar aldeias inteiras, violar mulheres e empalar criancinhas. Nem é preciso legendas para que se entenda o que eles dizem, é tudo “ba...bu...bababu”, já o nosso Rambo fala um thai (?) impecável, com honras de legendagem.
Mas eis que um raio de sol espreita na tempestuosa vida deste povo. Um grupo religioso qualquer vem com ajuda humanitária, medicamentos e Bíblias para amenizar a dor, e é o nosso Rambo quem os leva à aldeia dos pobres nativos. A meio caminho o barquinho onde Rambo leva os “gravatinhas” é interceptada por uma lancha do exército. Começam logo a ser malcriados com o nosso herói, e eis que em três segundos (ou quatro, contem) Rambo rebenta com meia dúzia deles. Um dos missionários fica chateado e diz quer vai reportar Rambo pelo sucedido. Mas o rapazola além de bonzinho é um palerma que não percebe nada disto. Estes gajos são maus como as cobras e segundo o próprio Rambo “violavam-vos cinquenta vezes e arrancavam-vos as cabeças”. O melhor é disparar primeiro e fazer perguntas depois.
E não é que, e que cabeça a deles, os missionários ficam lá no meio de nenhures, ensinando os selvagens a ser bons cristãos e não sei que mais, até ao belo dia em que a junta passa por lá, massacra a aldeia inteira e faz dos missionários brancos prisioneiros. O pastor ou lá o que é contrata um grupo de mercenários também brancos para resgatar as suas ovelhas, e quem tem que os levar lá é o nosso Rambo. No princípio o nosso herói é desprezado, visto apenas como um barqueiro, mas mais tarde consegue quase sozinho matar centenas de soldados da junta e resgatar os prisioneiros. Limpinho. Numa das cenas Rambo arranca a garganta de um oficial com as próprias mãos, e noutra corta um deles ao meio com uma faca de mato.
Este é o filme da série em que Rambo menos fala, e mais mata. E sempre que fala parece que tem a boca cheia de favas. Aliás este deve ser o filme mais violento de toda a série, e o número de mortes no ecrã deve ser superior a um milhar. Algumas destas mortes entram para a galeria das mais sangrentas da história do cinema. Fico sem perceber qual o objectivo deste filme. São só 91 minutos (parece muito menos) e na maior parte do tempo só se vê matança. Dou uma estrela pelo filme e mais meia pela forte possibilidade de ter sido o último. Ah sim, e no fim ele vai mesmo para a tal casa na pradaria.
Sem comentários:
Enviar um comentário