sábado, 26 de abril de 2014

Os sons dos 80: Joan Jett


Se há uma mulher que representa na perfeição o espírito do "rock'n'roll" na sua vertente "pura e dura" dos anos 80, essa é sem dúvida Joan Jett. O nome pode não dizer muito à maioria dos leitores, mesmo aos da minha geração, mas esperem até verem os vídeos e vão dizer "ah sim, esta!". Joan batia não só o pé aos seus competidores "roqueiros" masculinos, como ainda recebia a aprovação de Satanás, senhor das Trevas. Nascida em Filadélfia em 1958, mudou-se para Maryland, onde começou a aprender guitarra aos 14 anos. Depois foi com a família para a Califórnia, e formou os Runaways em finais dos anos 70. Em 1979 gravou três temas com Steve Jones e Paul Cook, dos Sex Pistols, e em 1980 formou a sua própria banda, os Blackhearts. Em Janeiro de 1980 sai o seu primeiro álbum, intitulado "Joan Jett" nos Estados Unidos, e "Bad Reputation" no resto do mundo, aquando do lançamento da versão internacional, em 1981. Joan Jett pagou os custos da produção do seu próprio bolso.


Em Novembro de 1981 sai o álbum que a torna num sucesso internacional: "I Love Rock'n'Roll", que vende mais de um milhão de cópias nos Estados Unidos, chegando a nº 2 da Billboard, e é nº 25 no top de álbums do Reino Unido. O single com o mesmo nome, um original dos britânicos Arrows, de 1979, torna-se num clássico, chegando a nº 4 do top do Reino Unido, e nº 1 da Billboard, além de outros países, como a Austrália, Canadá, Países Baixos, Nova Zelândia, África do Sul e Suécia. "Weird Al" Yankovic, de quem falarei um dia destes, fez uma paródia do tema, com o título "I Love Rocky Road", e Britney Spears faria ela própria uma versão em Maio de 2002.


Em 1983 sai o terceiro álbum de originais, que se chama simplesmente "Album", e que chega a disco de ouro nos Estados Unidos, vendendo mais de meio milhão de cópias, mas o regresso aos tops e aos grandes êxitos ficaria para o ano seguinte, com "Glorious Results of a Misspent Youth". Apesar do álbum em si ter sido uma desilusão em termos de vendas, continha uma versão de "I Love You Love Me Love", de Gary Glitter, além de "Cherry Bomb", um original da cantora. Em 1986 sai "Good Music", e por muito boa que fosse a música, era evidente que Joan atravessava um período de pouca inspiração.


Tudo mudaria em 1988 com "Up Your Alley", que seria nº 19 da Billboard. Neste álbum está aquele que seria o segundo maior êxito de Joan depois de "I Love Rock'n'Roll". "I Hate Myself for Loving You", que marcaria o seu regresso ao top-10 de singles da Billboard, e ficaria-se por um modesto nº 46 no top do Reino Unido. Esta é uma daquelas canções que toda a gente ouviu, mas poucos sabem quem canta.


A década de 80 terminaria em 1990, com "The Hit List", uma colecção de temas "rock" de outros artistas gravada entre 1986 e 1989 na Hit Factory em Nova Iorque - daí o título do álbum. A crítica não recebeu muito bem a ideia, e isso reflectiu-se nas vendas, mas mesmo assim Joan obteve algum reconhecimento com a sua interpretação de "Dirty Deeds Done Dirt Cheap", um clássico dos AC/DC. No entanto escolhi este vídeo de "Love Hurts", um tema de 1960 originalmente dos Everly Brothers, que se tornou "heavy" nas mãos dos Nazareth, em 1974, e que tem versões por artistas como Cher, Jim Capaldi, Don McLean, Paul Young, Rod Stewart ou The Who.


Joan Jett gravaria mais seis álbums de originais até "Unvarnished", saído 2013, que conta com a participação do ex-Nirvana Dave Grohl. Os Nirvana seriam uma das amizades da cantora nos inícios da década de 90, como se pode comprovar por esta gravação recente no Brclay Centre, em Nova Iorque, com Jett a substituir o malogrado Kurt Cobain e a cantar "Smells Like Teen Spirit". Hoje aos 55 anos, Joan Jett continua a ser uma dama do "rock'n'roll".

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