quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Família em stress


1) Ho Wai Tim, oficialmente presidente da Associação Ecológica de Macau mas nome ligado a 26 (!) associações do território, passou ao lado de uma brilhante carreira de humorista. Numa entrevista publicada pelo Ponto Final e num artigo do Hoje Macau desta quinta, o homem que saltou para a ribalta devido à sua ligação com uma associação que defendia a demolição de uma caserna dos tempos da Administração Portuguesa em Coloane diz de sua justiça, afirmando que se sente "perseguido", com consequências deagradáveis para si "e para a sua família". De recordar que o nome de Ho Wai Tim está ligado a um sem número de associações da mais diversa natureza em Macau, e enas 3 delas terão recebido os últimos trÊs anos um total de 1,8 milhões de patacas em apoio financeiro. Ho acusa a Associação do Novo Macau Democrático (NMD) de o perseguir, ao ponto de, e vejam só, ter "verificado se a sua morada coincidia com a sede das associações" - o que se confirmou, de facto. Estas são, segundo o próprio, "manobras do NMD motivadas por vingança", pois em 2006 Ho terá acusado os democratas de "fazerem um espectáculo público" a propósito de uma polémica quanto às marés salgadas e outras questões do ordenamento do território e do seu impacto ambiental. Ho diz ainda que "não confirma" o valor dos seus rendimentos nos últimos anos, e que isso "é uma conta que o NMD fará por ele". Ah, ah! Tomem lá que já almoçaram, seus democratas malvados. Até porque a associação que Ho Wai Tim (realmente) preside, a Associação de Ecologia de Macau, "tem provas dadas, e reconhecidas pela população". Uh, o quê? Importa-se de repetir?

2) A deputada Melinda Chan quer que a cara dos candidatos às próximas eleições para a Assembleia Legislativa conste dos boletins de voto, para que os eleitores identifiquem melhor os candidatos. É uma coisa "à Macau": é mais fácil identificar o cabeça de lista do que o extenso nome da associação ou lista a que este pertence, e alguns podem mesmo ficar confusos com a simbologia: "Eu não queria vir aqui, e tal...mas a patroa deu-me um lai-si para vir votar...onde é que eu ponho a cruz?" Faz todo o sentido, apesar de dar a entender que os cidadãos recenseados de Macau são atrasadinhos mentais. Faz lembrar alguns países de África, onde a maior parte da população era analfabeta, e os supermercados colavam uma etiqueta com o desenho do animal de onde a carne era originária. Quando a Gerber entrou no mercado com a sua comida para bebés, com a imagem de um petiz no frasco, os africanos pensaram que se tratava de alguma forma de canibalismo. Uma curiosidade engraçada. Se a ideia da sra. deputada for avante, até pode ser que alguns indecisos votem nela pelos seus lindos olhos.

3) Uma notícia de hoje do jornal Tribuna de Macau na minha secção favorita (a página 4, dedicada ao crime) tem contornos aboslutamente surrealistas. Uma jovem de 22 anos diz ter sido "violada" por mais de uma vez por um homem de 47 anos, uma acusação grave que é aqui utilizada de forma muito "libertária". A jovem em questão conheceu o homem na internet, envolveram-se num caso amoroso, mas quando ela descobriu que o namorado era casado, quis terminar a relação. Este ameaçou publicar fotos íntimas na internet, e com esse pretexto forçou-a a manter relações sexuais...no trilho da Taipa Grande, o que dá a entender que a relação consentida - que durou mais que um ano antes da jovem saber que o homem era casado - resumia-se a beijinhos e passeios de mão dada. Depois disso o suspeito "forçou-a" a mais pouca vergonha, desta vez do outro lado das Portas do Cerco, num hotel em Gongbei. É supreendente que na alfândega ninguém tenha reparado na forma "violenta" com que este homem horrível arrastou esta jovem inocente através da fronteira, enquanto esperneava e gritava "nãããooo...violação!", sem que ninguém impedisse a concretização do horrível acto. Violação, um crime sério que em Macau parece servir de paleativo para a dor de corno.

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