Quem já leu a Bíblia – e não é preciso ser cristão ou sequer crente para o efeito, basta saber ler – terá certamente reparado numa série de passagens que pouco dignificam o conceito de “bom livro”. Algumas incidências tornam mesmo o livro sagrado não recomendável a menores e pessoas sensíveis. Mas como se contam pelos dedos de uma mão os crentes que leram aquilo de princípio a fim, estes vão vivendo na doce ilusão que a obra do Senhor é acima de qualquer suspeita. Alguns mais atentos (e teimosos) justificam as partes mais “picantes” com a “interpretação” do evangelho, que requer um estudo mais aprofundado, blá, blá, blá. Nós que não somos burros sabemos que isso são tretas, ora, o que está ali escrito é bem claro, está preto no branco, e não há interpretação que lhe valha. Deixo-vos então com alguns episódios bíblicos que são de deixar a boca aberta de espanto. Todas são perfeitamente verificáveis, e para isso basta abrir a Bíblia e confirmar.
LUCAS 8:26
Jesus manda as febras para o abismo
Jesus e os discípulos desembarcam na cidade de Gadarena, nas margens da Galileia, e ali encontram um homem possuído por demónios, completamente despido, que dormia entre os túmulos de um cemitério. O homem implora a Jesus que o livre dos demónios, e diz-lhe que se chama “Multidão”, devido aos inúmeros habitantes do seu corpo. Jesus usa os seus poderes para ajudar o homem, e os demónios imploram-lhe então que não os atire para o abismo. Jesus vê uma vara de porcos que ali pastava, e expulsa os demónios para o corpo dos suínos, que se atiram do monte e caem num lago, onde morrem afogados. A população fica surpreendida quando vê o homem recomposto e vestido, mas ao verem o que aconteceu com os porcos, pedem a Jesus que vá embora e não volte mais. Jesus parte com os discípulos e com o homem que curou, que implorava que o levasse com ele. Quem mais ficou a perder com toda esta comoção foram os pobres porcos, primeiro possuídos, depois afogados.
REIS 2:23
Elias era careca, mas um grande devoto
Um homem chamado Elias era bom e justo, mas calvo, e este facto tornava-o infeliz. Um dia ia Elias a caminho de Bethel, sem chatear ninguém, e foi acercado por um grupo de crianças que começaram a troçar dele e da sua calvície. Elias amaldiçoou-os em nome de Deus, e da floresta surgiram dois grandes ursos que desfizeram as crianças em pedaços. Resultado: 42 mortos, todos crianças. Moral da história? Não façam pouco dos carecas! É o décimo-primeiro mandamento que Moisés se esqueceu de anunciar.
JUÍZES 3:21
O momento antes de Eúde transformar Eglom em merda...literalmente
Eúde recebeu de Deus a missão de libertar os israelitas do jugo dos Moabitas, e para o efeito foi visitar o rei Eglom, com o intuíto de o assassinar. Chegado ao palácio de Eglom, Eúde diz ter uma mensagem de Deus, pelo que o rei aceita recebê-lo em privado na sala do trono. Uma vez a sós, Eúde puxa de uma espada e atinge Elgom no abdómen. O rei era tão obeso que a espada lhe atravessou os intestinos e causou que defecasse copiosamente pelo salão. Os seus guardas não ousaram entrar ouvindo os gritos de agonia do rei, julgando que ele se estava apenas “a aliviar” (devia ser hábito o rei cagar na sala do trono). Eúde perfura o rei até ao limite da extensão da sua espada, e este morre finalmente, completamente coberto de excrementos. Eúde parte tranquilamente para Seriah, enquanto os guardas deparam com o merdoso cenário do seu soberano assassinado. Uma fábula linda, que pode ser contada à hora do jantar.
GENESIS 38:8
Onã era um tipo porreiro, mas "mijou fora do penico"
“Onanismo” é sinónimo de masturbação, poucos sabem isto, e menos ainda sabem que a palavra tem origem no livro da Genesis, o primeiro do Antigo Testamento. Ora bem, então temos Judá, quarto filho de Jacob, patriarca de Israel. Judá tinha dois filhos, Er e Onã. Pouco depois de casar, Er é morto por Deus (qualquer coisa a ver com a simbolização da morte de um clã, mas coitado do Er…), sem deixar descendência. Judá convida então Onã a fazer um filho à viúva do irmão, e depois de alguma relutância, Onã aceita. Quando se preparava para concretizar o acto, Onã tira o instrumento e “despeja a semente no chão”, criando o coito interrompido, essa forma de contracepção de debatível eficácia. Deus fica muito zangado com isto, e mata também Onã, deixando Judá sem descendência. Por incrível que pareça, a Igreja sustenta-se nesta horrível história para justificar a reprovação dos métodos contraceptivos. Palmas e Amén.
JUÍZES 19:22
Uma orgia de proporções bíblicas
Um homem e a sua concubina passeam a horas tardias pela rua e resolvem procurar um alojamento para passar a noite. Encontram uma casa onde um bom homem lhes oferece estadia. Durante a madrugada, chega à casa um grupo de homens que deseja conhecer o hóspede, de modo a ter relações sexuais com ele (sim, eles com ele). Com o objectivo de proteger o seu convidado, o homem oferece em seu lugar a sua filha virgem, que os homens aceitam. Só que ainda não satisfeitos, insistem em ver o hóspede, pelo que bom caseiro resolve oferecer a concubina que acompanhava o seu visitante. Os outros homens violaram a concubina, e deixaram-na na porta a sangrar até à morte. Na manhã seguinte o hóspede depara com o cadáver da companheira, corta-a em 12 partes e manda cada uma às doze tribos de Israel. Mais uma história incrível e horrenda do livro de Juízes, que me leva a pensar que o tipo ou tipos que escreveram isto eram sádicos e estavam com uma grande moca.
GENESIS 19:31
Ló e as suas filhas levianas
O livro de Genesis é talvez o mais surrealista de toda a Bíblia, talvez porque não fosse fácil explicar a origem da humanidade pelos padrões dos evangelhos. Dado que não havia muita gente pela Terra, o incesto era considerado um mal necessário, e ainda ninguém conseguiu explicar muito bem com quem os filhos de Adão e Eva tiveram filhos. Assim temos aqui a história de Ló, o tal que ficou viúvo depois da mulher ter olhado para trás enquanto fugiam de Sodoma, e transformou-se numa estátua de sal – uma daquelas coisas bíblicas que provoca uma morte indesejada. Já velho e sem descendência, as suas próprias filhas encarregaram-se de continuar a linhagem. Para o efeito, “deram vinho a beber ao seu pai” e deitaram-se com ele, primeiro a mais velha, e a outra no dia seguinte. Nove meses depois deram à luz dois filhos, sem que Ló se recordasse de nada, mas nem a incestuosa bebedeira impediu Ló de viver até aos 205 anos, Segundo a Bíblia. O mais irónico é mesmo que tudo isto aconteceu depois de terem escapado de Sodoma, que Deus obliterou devido à elevada badalhoquice que por lá grassava. É difícil imaginar o que faziam os Sodomitas. Além do que é óbvio, claro.
Esta é uma pequena amostra do que se pode encontrar um pouco por toda a Bíblia: incesto, traição, violações, um Deus que mata e destrói a seu bel-prazer, o maior tipo de preversidades. Descubra você também algumas, lendo a Bíblia de vez em quando. Encontrar atrocidades no livro sagrado é como fazer uma sopa de letras.
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