Os vegetais em Macau estão mais caros, e a culpa é do calor. Ainda hoje paguei 11 patacas por duas alfaces mijonas. Não que eu dê muita importância ao assunto, mas a minha mulher ficou escandalizada com o preço. Os cidadãos não se inibem em atravessar as Portas do Cerco e ir comprar os vegetais a Zhuhai, que assim sempre saem meia dúzia de patacas mais baratos. Sinceramente não faço ideia quanto custa uma alface, um molho de grelos, um quilo de batatas ou uma couve-flor. Quando vou ao mercado preocupo-me apenas em perceber os números, para não fazer figura de parvo e dar sempre o dinheiro certo. Há hábitos que adquiro, claro. Por exemplo, dois limões são
sei man (4 patacas), três maçãs vermelhinhas são
sap man (10 patacas), e por aí fora. Nem me lembro quando os limões ou as maças foram mais baratos.
Na verdade oiço a população queixar-se que está tudo "muito caro". Ou então é a população que está cada vez mais pobre. Um almoço de 50 patacas "é caro", um gelado, que sabe sempre bem agora nos dias do calor, é "caríssimo" se custar 20 patacas, e por aí fora. A palavra que se ouve mais nos mercados e nas lojas por essa Macau fora é
hou kwai (muito caro), seguido de uma explicação engasgada dos comerciantes, a explicar que é mais caro porque não-sei-quê, que há seca na China, que chegaram poucos ovos, que a inflação está pela hora da morte e "estão a perder dinheiro", enfim, o que o povão queria é que fosse tudo de borla, ou que fossem praticados os preços de 1987.
Não sei se já passaram ali pelas traseiras do Mercado de S. Domingos, naquelas lojas de roupa baratinha. Estão sempre cheias! São um verdadeiro negócio da China. Vestidos alegadamente "fabricados na Tailândia" a 50 ou 60 patacas, t-shirts a 20 patacas, e umas cuecas "boxer" com uns designs muito criativos - e muito jeitosas, por sinal - a apenas 10 patacas. Nos supermercados que vendem sapatos e chinelos de plástico a procura é também enorme. Sabem quanto custa um par de sapatos pretos que os estudantes usam com o uniforme da escola? Menos de cem patacas! Por um par de sapatos!
Mas já diz o ditado chinês: "pode não haver dinheiro para comer, mas há sempre dinheiro para jogar". Pegando
neste post do meu colega El Comandante, o que não falta mesmo é dinheiro para gastar nas apostas desportivas. Ainda esta manhã, bem cedo, vi um indivíduo na rua aos berros a lamentar-se com a derrota do Uruguai. Berrava em chinês qualquer coisa como "quem me mandou apostar na morte?" - uma referência ao último caracter do nome chinês do Uruguai,
kwai (圭), que tem um som semelhante a "morte". Realmente, e com a quantidade de surpresas a que temos assistido neste mundial, quem tem ficado a lucrar é a Macau Slot. Resta aos apostadores deprimidos comprarem comida mais barata e roupas nas tendinhas. Alfaces, nem pensar.
7 comentários:
Coitados,se acham tudo caro em Macau,deviam viver em Portugal para verem como é a vida aqui.
Ehehe,apostar no Uruguai deu azar eheh,uma equipa que vai ficar no 4ºlugar na pior da hipóteses.Agora imagina quem apostou em França,Itália,Inglaterra,Portugal,Argentina,Brasil.
Pois é, do que está mais caro, que são as apostas, não se queixam eles. Compram sempre. Qualquer dia reclamam um subsídio do governo para apostadores.
Eu ouvi um monte de malta a rogar pragas aos alemães e argentinos por causa dos 4-0.
Como eu percebo tanto de apostas como de alfaces (estamos na mesma, Leocardo)não entendi bem o porquê de tanta animosidade.
Desconfiava.
Perguntei e fiquei esclarecido - ninguém comprou aquele resultado e foi toda a malta a "perder na aposta" (sic).
O comentário que fiz então é o que aqui deixo - Tadinhos!!!
Pois a fruta de dormir está cara está
Não são vegetais! São legumes.
Por amor de Deus
Não são vegetais porquê? "Vegetal" pode ser um substantivo, tal como "legume".
Enviar um comentário