sábado, 15 de fevereiro de 2014

Papa cupido


Como os leitores devem saber, sou grande admirador do Papa Francisco, que difere dos seus antecessores (pelo menos os mais recentes) por não ser um fanático fingido que dá cobertura a sacerdotes pedófilos (que se saiba...). Só não me agrada quando o senhor fala sem conhecimento de causa, e nesse contexto ainda aconselha os outros, e ainda por cima os jovens, que como se sabe, são muito influenciáveis - especialmente se forem jovens, ahem, "católicos". Acontece que o sumo pontífice recebeu ontem no Vaticano, Dia de S. Valentim, 30 mil casais de namorados oriundos de 30 países diferentes (não terá sido individualmente, suponho), deu-lhes conselhos terríveis, falou do que não sabe, e ainda deu aconselhamento em temas que ignora por completo, e tudo isto num tom jocoso. Que sádico. Primeiro disse aos jovens que "não tenham medo de casar", que como se sabe é o maior receio de qualquer jovem moderno com dois palmos de testa, especialmente se for do sexo masculino. De seguida lembrou que "não existe a família perfeita...nem a mulher perfeita, nem o marido perfeito, nem a sogra perfeita". Oh oh oh. As mães dos jovens casais devem ter dado barrigadas de riso com a, digamos, "menção especial" por parte do Papa Chico. Que ele fale de família ainda se entende, pois nasceu e foi criado no seio de uma, mas de "sogras"? Certamente que terá conhecido algumas, mas nenhuma delas a sua, e muito menos a dos seus filhos ou/e filhas, que como se sabem não existem. Pelo menos oficialmente. Quanto à vida a dois, o Papa reconhece que "às vezes é normal os casais zangarem-se...e às vezes voa um prato". Não é uma piada muito elaborada, e muito menos nova, mas tenho a certeza que no Vaticano se escutou um coro de gargalhadas cujo som em uníssono era semalhante ao de um trovão. É que o seu antecessor desconjurava quem ousasse esboçar um sorriso em cerimónias que contassem com a sua presence, portanto tudo o que este diga que se afaste remotamente do evangelho, chega a ser hilariante. Mas voltando aos conselhos sobre o matrimónio vindos de quem nunca foi casado, o Papa diz que os casais "nunca devem ir dormir depois de uma discussão sem fazer as pazes" (yo fato la pace con Control, eh...eh...), e que por vezes "palavras simples como "obrigado" e "desculpa" podem fazer toda a diferença". Bem eu que fui e sou casado, ao contrário do Papa, digo: depende, depende, e ainda, depende. Depois concluíu a cerimónia com uma oração, a benção aos noivos, e ofereceu a cada casal uma almofada de cetim para os anéis, com o brasão de armas do Papa. Uma vez que vão enfrentar o casamento, "armas" era algo que dava jeito, mas que não fossem as do Papa.

1 comentário:

EJSantos disse...

Uma aula de teologia aplicada ao casamento:
Deus prometeu às mulheres que elas iam encontrar homens bons e perfeitos em todos os cantos do mundo.
Mas depois fez o mundo redondo...