quinta-feira, 13 de março de 2008

Explique lá melhor...


Em primeiro lugar gostava de congratular o JTM pela iniciativa de publicar diariamente, e ainda mais desde o início deste Ano do Rato, artigos de opinião de personalidades do território dos mais diversos quadrantes. É bom saber o que vai na cabeça da nossa inteligenzia, seja sobre o que for, seja o urbanismo, a economia, a situação do ensino do português, o minchi, o patuá, Confúcio, enfim, tudo e mais alguma coisa.

E leio com muita atenção todos eles, mesmo em áreas onde não esteja muito à vontade. Não quero perder pitada. Todos têm valor. O que não percebi muito bem foi uma passagem da autoria do Luís Machado no seu artigo de ontem intitulado "Ser ou não ser Macaense - Eis a questão". É a seguinte: "No entanto, também já há muitos macaenses, que nascidos depois de 20 de Dezembro de 1999, são chineses pelas leis da aquisição de nacionalidade". Errado. A não ser que eu esteja aqui a ler ou a perceber mal qualquer coisinha, isto é completamente falso.

Não é necessário enfiar nenhum jurista ou especialista em Direito num avião, em primeira classe e com tudo pago, para vir aqui palrar durante duas ou três horas sobre este tema. É muito simples. Basta olhar para a tal lei da nacionalidade, e penso que é esta a que o Luís se refere, a Lei 37/81, e à al. b) do nº 1 do artº 1º: "[são cidadãos portugueses] Os filhos de pai português ou mãe portuguesa nascidos no estrangeiro se declararem que querem ser portugueses ou inscreverem o nascimento no registo civil português". Nem é preciso ir mais longe.

Ora atendendo ao facto que todos os macaenses nascidos antes de 20/12/1999 têm nacionalidade portuguesa, o mesmo é verdade para os seus filhos, nascidos depois dessa data. O meu filho mais novo, por exemplo, nasceu em Macau depois da transferência. O pai (eu) tem nacionalidade portuguesa, a mãe (chinesa de Macau) também, e ele, macaense, nem precisa de nenhum tipo de requerimento ou prova. Tem também nacionalidade portuguesa. Nunca me foi levantada qualquer questão nem lhe foi pedido para optar por qualquer nacionalidade. A única em cima da mesa foi sempre a portuguesa.

E o caso nem muda muito de figura para os chineses de Macau. Eles próprios, de etnia chinesa, mesmo nem sabendo onde fica Portugal ou sabendo dizer uma única palavra na língua de Camões, são titulares de nacionalidade portuguesa, bem como os seus filhos. Basta que apenas um dos pais tenha a nacionalidade portuguesa. Se por acaso existem macaenses que "nasceram depois de 1999" que tenham nacionalidade chinesa, desconheço. Mas não será certamente a generalidade, nem a maioria, e duvido que até "muitos".

E é mesmo verdade quando o Luís diz que quando atinge a maioridade, o jovem macaense pode optar pela mudança de nacionalidade. Diabos me levem, até eu posso, através do casamento. O mais difícil ia ser convencer a minha mulher a optar pela nacionalidade chinesa. Aliás, sem a devida motivação, ia ser complicado convencer os cidadãos que se apinham à porta do consulado geral a renunciar aquele passaporte que lhes abre as portas do mundo, que os ajuda a estudar no estrangeiro, entre outras vantagens.

É natural que muitos macaenses, que são etnicamente portugueses e chineses, na maioria dos casos, queiram optar pela nacionalidade chinesa, renunciando assim à portuguesa. Não os censuro por o quererem fazer, nem os censuro que o façam por motivos profissionais, políticos ou outros, e continuam a merecer da minha parte todo o respeito e admiração mesmo que afirmem que se pelam ao ouvir a "Marcha dos voluntários". Desde que façam tudo de acordo com a legalidade, é limpinho.

E também não é preciso salvaguardar o facto de que também são portugueses, não vá a coisa correr para o torto. Ser português é como ser escuteiro: uma vez português, sempre português. Longe de mim apontar-lhes o dedo se os vir um dia na Ginginha do Rossio e gritar "teje, chinês!". Como dizia a minha avózinha, e bem, "cada um é como cada qual". O resto são "estórias" para boi dormir.

82 comentários:

C disse...

Grande postal caro Leocardo!

O meu antigo prof. Jorge Miranda ("Pai" da actual Constituição da República Portuguesa) disse o mesmo, não há nada que saber, uma vez que para os macaenses é de facto uma vantagem permanecerem com a nacionalidade portuguesa, digam o que disserem.

Entendo perfeitamente quem ambicione seguir uma carreira política chinesa popular ou através da integração na classe política da RPC poder ver florescer os seus negócios, perfeitamente legal. Que esses tais cheguem a Primeiros-Ministros ou PR's da RPC duvido muito que seja possível (pelos macaenses para além de não serem "puros sangues", têm sangue estrangeiro), porque há de facto internamente fortes disputas políticas de base étnico-raciais para não falar em religiosos, ora os Manchús destronam os Han, ora os Han os Manchús, os Hakka coitados, e as outras minorias nem expressão têm, para não falar das "agressivas" disputas entre os grupúsculos Han, uma questão de conhecer minimamente a História multimilenar do grandioso Império do Meio, mas não lhes deixava de dar os meus parabéns caso conseguissem tal proeza.

Há dias um taxista português comentou comigo que uma estudante chinesa em Lisboa disse que depois de terminados os estudos, tinha o desejo de regressar à sua Pátria Mãe para prosseguir a sua carreira profissional (e muito bem!) e sem sombra de dúvidas está decidida em entrar para o Partido, pois na RPC quem não é do Partido não vai a lado nenhum, porque é assim que a sociedade está estruturada.

Creio que os portugueses nem se devem intrometer nestas questões porque se a sociedade chinesa assim está estruturada nada tem a ver connosco, felicidades é o que se pode desejar, os chineses que se governem a si próprios que nós portugueses nos governamos e mesmo assim com imensas dificuldades, que permaneçam os bons e óptimos laços de cooperação e amizade entre os dois Estados Soberanos e Independentes e os seus cidadãos.

Pessoalmente, por mera convicção pessoal em valores e princípios, até por questão de carácter, acredito e estou convicto que um homem não pode nem consegue servir dois senhores (admito poder estar enganado, mas até prova em contrário). Segundo a antiga tradição lusitana, recordando sempre as palavras e actos da sábia Roma "Roma não paga a traidores" e executou "Audax, Ditalco e Minuro" (lusitanos que trairam Viriato ao serviço de Roma) e segundo a chinesa, "é preferível fiar num ladrão do que num traidor ou "cão fugidio""... traidor uma vez, traidor para sempre.

Cada qual escolherá o modo de vida que mais lhe convier (estando sempre sujeito a apreciações ou depreciações da sua comunidade, porque a pessoa humana é um animal social e não um mero átomo) e mais tranquilidade de consciência lhe der. O famoso Miguel de Vasconcelos fez as suas opções e viveu as suas glórias e cada qual nasce para o que nasce, encarando sempre as consequências dos seus actos.

Anónimo disse...

Caro Leocardo,
e o que leva a pensar que a lei da nacionalidade em causa seja a Lei da nacionalidade Portuguesa? Isto é a República Popular da China!!! Aqui manda a Lei da Nacionalidade Chinesa!!! e não a Portuguesa! Ora ficque sabendo:
"Artigo 4.º Um indivíduo nascido na China cujos progenitores, ou um deles, sejam cidadãos chineses tem nacionalidade chinesa." Ora, como é natural os seus filhos são chineses. Mai' nada!! Ou é preciso um jurista da ANP explicar-lhe isso? E fique sabendo que o "lider" não-oficial da comunidade Macaense teve oportunidade de dizer aos Media que os macaenses, enquanto parte da nação chinesa, tem de contribuir e participar para o desenvolviemnto e prosperidade do seu País (Rep. Pop. da China, entenda-se).
adeus!

C disse...

Caro Anónimo permita-me a intromissão,

Presumo que a mulher do Leocardo não seja chinesa de Zhuhai, ou Zhongshan, Cantão, Pequim, Xangai, mongol, tibetana, manchú ou até de Fujian, mas sim de Macau, ou mesmo que até fosse dessas proveniências.

Sendo ela de Macau, presumo nascida em Macau ou que antes de 1999 tenha ido viver para o nosso enclave mais do que X anos para ter direito à fixação de residência e o Leocardo tenha casado antes de 20/D., logo à luz do Direito português a mulher do Leocardo é portuguesa.

Sobre a Lei da Nacionalidade, que eu saiba não se pauta por pré-requisitos étnico-rácicos (atestados por análises ao ADN, ao sangue, medição craneana, registo da cor da pele, etc...) sei que haverão alguns portugueses de formatado pensamento filosófico-materialista que assim gostaria que fosse, mas felizmente não é isso que se passa.
Para dizer que o pequeno rebento do Leocardo é legalmente atestado "Made in Macau" mas 100% português - filho de ambos pais de nacionalidade portuguesa, citando Leocardo: "O mais difícil ia ser convencer a minha mulher a optar pela nacionalidade chinesa."

Sempre duvidei de gentes de pensamento filosófico-materialista-racionalista-atomista-revolucionária-progressista-modernista-pós-modernista, vulgus socialistas que vão dos anarco-sindicalistas aos nacionais-socialistas ou neo-nacionais-socialistas. Vulgus racistas ou racialistas, como preferir.

Infelizmente ainda há alguma gentinha que confunde nacionalidade com naturalidade, e no caso português, através dos portugueses, Portugal como Nação valente e imortal está pelo mundo em pedaços repartida e assim continuará a ser.

Saudações,

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Na comunidade macaense, o que é comum e normal, são os macaenses a casarem-se com macaenses ou então com "metropolitanos(as)" (portugueses(as)), e apenas uma pequena fasquia é que se casa com pessoas etnicamente "puro sangue" chinês, devendo-se muito ao nível cultural, educação familiar, e ambiente social em que cedo se inseriu.
Isto tem uma explicação racional, se bem que às vezes de difícil entendimento para alguns "metropolitanos" ou continentais portugueses, porque os macaenses já nasceram no meio de um ambiente cheio de "chinesinhas" e para nós elas não são novidade, nem nada de extraordinário, é normal, é vulgar, um pouco mais do mesmo, (modéstia à parte acho que as macaenses são mais giras que as chinesas), ao contrário da percepção de um ocidental que acaba de descobrir o Oriente pela primeira vez e que fica embasbacado, como um boi a olhar para um palácio, percebo também essa reacção, é normal, natural...

Mas muitas das análises feitas neste e noutros espaços, provavelmente por portugueses continentais sobre os macaenses, o crasso erro que arriscam em incorrer sempre é o de não analisarem as questões relativas aos macaenses com os olhos de macaenses, mas com as "lentes erradas" de um português continental. Quando queremos analisar ou entender uma cultura ou sub-cultura específica, devemos fazê-lo mergunhando-nos completamente nessa cultura ou sub-cultura, caso contrário, os "PRÉ" - Conceitos irão deturpar sempre as nossas análises.
Recordo as doces palavras de uma amiga chinesa de Macau, de nome Helena, hoje professora e a caminho de um doutoramento com orientadora portuguesa, mesmo etnicamente chinesa, sente-se muito portuguesa, com muito orgulho em ser portuguesa e foi um sonho concretizado ter no ano passado visitado Portugal (Lisboa e Porto). Ficou maravilhada e a amar cada vez mais a sua Pátria portuguesa, apesar de apenas saber umas palavras na Língua de Camões. No mundo há coisas destas, e ainda bem.

Viva Portugal!

Anónimo disse...

Espero que o Vitório não seja jurista, pois se fosse saberia qualificar esta situação como um conflito positivo,já que as duas leis se consideram competentes para regular a nacionalidade da mulher do Leocardo. Há que desempatar, dir-se-á. Como? Pergunta. É simples, respondo. Deveremos necessariamente de considerar a mulher do leocardo cidadã da RPC quando se encontrar nesse país e Portuguesa em Portugal. Em país terceiro pode escolher. Aliás, o vitório deveria saber, que na condição de mestiço, é chinês em Macau ou em qualquer outra parte da RPC, independentemente do documento de viagem que utilize. O Vitório só é Português em Portugal ou quando se enconntrar em País terceiro e invocar a qualidade de cidadão Português. De resto, como estudioso que é de Macau, o Vitório sabe e de certeza que conhece bem a Declaração conjunta e a lei básica da RAEM.
Assim, continuo a dizer que a mulher do leocardo é chinesa, tal como os seus filhos. Parte da nação chinesa. Aliás, talvez o Vitório se reveja mais enquanto "Wa kio".
Adeus!

Leocardo disse...

Uma lei da nacionalidade não "manda" em lado nenhum, e Macau não é "a República Popular da China". Macau é uma Região Administrativa Especial com um elevado grau de autonomia, governado pelas suas gentes, etc, etc já todos conhecemos este paleio.

A lei da nacionalidade da RPC aplica-se aos cidadãos da RPC, a lei da nacionalidade portuguesa aplica-se aos cidadãos portugueses, e a lei da nacionalidade tailandesa aplica-se aos cidadãos tailandeses. Tudo isto em Macau!!! Não é fantástico???

Sim, reitero a afirmação do post: "O mais difícil ia ser convencer a minha mulher a optar pela nacionalidade chinesa". Até porque ela, bem como todos os seus ascendentes, descendentes e parentes nascidos em Macau têm nacionalidade portuguesa, bem como terão os que ainda estão para nascer.

Seria difícil convence-la a ela ou a qualquer outro cidadão de Macau detentor da nacionalidade portuguesa. Quem ia renunciar à nacionalidade portuguesa sem com isso tirar qualquer proveito político, profissional ou outro?

Finalmente, a afirmação "os macaenses nascidos em Macau depois de 1999 têm nacionalidade chinesa", é falsa. Isto à luz do que quer que seja, é completamente falso.

Acho super-porreiro que, tendo uma opção (e há tantos que nem isso...) se faça aquela que se acha melhor. Agora queria ver como seria se uma vez renunciando à nacionalidade portuguesa não se pudesse readquiri-la. Aí iamos poder distinguir os verdadeiros patriotas dos outros.

Já agora gostava de lembrá-lo que segundo o artº 25 da Lei Básica: "Os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social."

Se quiser saber quem são "os residentes de Macau" recomendo-lhe a leitura do artº 24 da mesma Lei Básica.

ANP? Não sei do que fala. Onde fica? Em Macau? É ao lado do Centro Cultural?

Cumprimentos

Anónimo disse...

Este anónimo das 8:27 anda a ir buscar fundamentalismos próprios de um Ayatola da beira da estrada. O que é que a RPC e a sua lei da nacionalidade têm a ver com o direito inato dos cidadãos chineses de Macau à nacionalidade portuguesa? O que quer dizer com "jurista da ANP"? Isto é tudo uma questão de patacas e avos, quem tem a ganhar com a nacionalidade chinesa opta por ela. Patriotismos não enchem a barriga nem as algibeiras a ninguém...

C disse...

Caro Anónimo das 11:18,

Está redondamente enganado.

Quem da minha família poderia eventualmente e hipoteticamente ter a nacionalidade "chinesa nacionalista" (República da China)e se desde cedo não tivesse renunciado à nacionalidade e adquirido a portuguesa por casamento com o Avô materno (Mário Augusto Navarro do Rosário de ascendência espanhola, índia (inca) e macaense, seriam os exemplos da Avó e da Bisavó maternas (Mãe da Mãe da Mãe). Ambas, fugiram da guerra civil, de Cantão para Macau durante a retirada dos nacionalistas, e que o bisavô teve a honra de morrer a defender a China Nacionalista em combate contra a comunagem.
Ora, com todo o meu orgulho e dos meus avós, esse ramo familiar foi de nacionalidade chinesa nacionalista ou seja da República da China (antes de 1 de Outubro de 1949 chegaram a Macau), hoje denominação essa "disputada/invocada" pela Ilha Formosa.

Da China Popular não tenho nenhuma relação no máximo teria da República da China que já foi há duas gerações e registou-se um corte vertical.

Com todo o respeito poderia dizer que chinês é o seu Pai, mas não entro por aí, para não desrespeitar e inferiorizar a elevada e superior civilização (chinesa) que esta representa. Não seja boçal caro Anónimo, e tente não demonstrar a sua tamanha ignorância que até lhe fica mal, é mesmo daqueles casos que ficaria a ganhar estando calado.

Repito, qualquer registo de nacionalidade chinesa de qualquer meu ramo familiar foi cortado há três gerações, o que remonta a antes de 1949.

A minha amada e saudosa Bisavó tinha um pó, ódio de morte à China Popular (China comunista) e da perspectiva dela até à morte esteve sempre orgulhosa de nunca ter colocado os pés em terrenos decretado da RPC. Pela ironia dos destinos os seus restos mortais repousam hoje na Reg. Adm. de Macau da RPC. Mas como a Família, todos nós acreditamos na forma superior do Ser, a "carcaça" pode aí estar depositada, mas o mais importante, o seu (Bisavó) Espírito, a sua alma, repousa eternamente junto de Deus Pai, acompanhada pela Nossa Senhora de Fátima.

Nunca esquecerei o verso preferido da querida Bisavó "Chêng Tín Pák Yéung, Mûn Tei Hông" ou seja "Céu limpo" ou azul, "Sol forte" ou branco e a Terra de encarnado (sangue/sacrifício ou felicidade), as três cores dos Nacionalistas chineses.

O Leocardo, mais uma vez, com toda a razão! Apoiado! É bem!

Saudações,

C disse...

P.S.- A contar a partir de mim, e do ramo familiar menos luso, mesmo assim, tenho como que TRÊS BARREIRAS GERACIONAIS PORTUGUESAS que me aconchegam. Portanto posso dizer que o meu Trisavô materno, esse sim seria Chinês, não seria republicano ou comuna, mas súbdito de Sua Celestial Majestade Imperial da China...Mas que honra!

C disse...

PSS- Só para tirar algumas dúvidas ou esclarecer possíveis mal entendidos.

Caro Anónimo,

Se eu tivesse nascido chinês, teria imenso orgulho e honra em sê-lo e ajudaria sem sombra de dúvidas a minha Pátria Mãe a tornar-se numa potência mundial e estabelecer a Pax Chinesa no mundo, pelos meus princípios, valores em que acredito, tal como a Lealdade, Fidelidade, Verdade, Amizade e Amor Pátrio, sendo uma vez Português, Português para sempre, o que está em causa é que estar-me-ia a insinuar que eu estaria numa situação híbrida, o mesmo que passível de me chamar de traidor, isso nunca, ou uma coisa ou outra. Por questões de carácter, pauto-me pelo lusitano orgulho e coerência e nunca vi com bons olhos gente materialista, interesseira e traidora. Não sou um super Ser como alguns conseguem ser ou têm capacidade de servir ao mesmo tempo dois Senhores... "Roma não paga a traidores, e morte com eles", nunca se esqueça deste universal ensinamento de vida.

Leocardo disse...

Penso que o Vitório resume tudo quando diz que é preciso não misturar a questão da naturalidade com a questão da nacionalidade.

anónimo das 12:16: como já disse eu próprio podia adquirir a nacionalidade chinesa através do casamento (e mesmo assim ia ser complicado) mas nunca o faria sem a devida motivação. E se por acaso fosse uma decisão irreversível, pensava mesmo muito bem.

Cumprimentos a todos e obrigado pela participação.

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Ainda ao Anónimo das 11:18,

Gostaria de saber da sua opinião para o caso de uma pessoa que tenha as duas nacionalidades portuguesa e chinesa e em caso de conflito de interesses nacionais extremamente grave (i.e. mobilização/ incorporação obrigatória dos reservistas para a Guerra) entre os dois Estados, por quem é que essa pessoa tomaria parte?

Qualquer que seja a resposta, essa pessoa teria de cometer o acto de traição a pelo menos uma das partes ou então decidir pela deserção, o que se entenderia por traição simultânea às duas partes.

Para quê viver a infâmia e a traição, quando podemos viver o martírio e a glória?

Realmente ou há gente que não pensa ou tem mesmo péssimo carácter e ainda completamente desprovida de valores, princípios e de carácter. E mesmo que hajam pessoas que consigam honrar ao mesmo tempo as duas nacionalidades, é impossível amar-se exactamente de igual modo as duas bandeiras, é humanamente impossível e em alturas críticas, por mais dolorosas que sejam há escolhas a fazer, há sempre uma parte que fica a ganhar ou a perder.

No meu caso não seria digno de minha parte e num caso hipotético, aceitar ter a nacionalidade chinesa porque acarreta a responsabilidade de cumprimento das suas obrigações que são inerentes, e que à partida sei que não consigo, nem tenho mínima vontade de cumprir tal Contrato Social. Sou sincero nesta matéria.
Admiro muito a Cultura e a História chinesas mas nunca na vida daria a minha vida pela Rep. Pop. da China, porque não tenho laços mínimos que a justifiquem e primordialmente porque já estou comprometido com Portugal (nunca fui nessa de cidadão do mundo, sou apenas um português homem do mundo). Portugal é a minha Pátria, minha Mátria, os portugueses a Nação a que pertenço, a lealdade a que devo a toda esta comunidade, a todo o Povo português, que são uma parte de mim e eu uma parte Dele, somos uno e indissociáveis. Não obstante podemos ser amigos e muito amigos de gentes estrangeiras, sempre abertos universalmente ao mundo, é sempre de se salutar.

Guimaraes disse...

Respeitáveis compatriotas.
Muita gente pensava como vocês em 1975, aquando da independência das colónias africanas. Nessa altura o governo português fez uma lei de nacionalidade tão restritiva e racista que exigiam a descendentes goeses de Moçambique, funcionários públicos (conheço pessoalmente) a assinatura do avô português já falecido para atribuição da nacionalidade. O processo durou mais de 20 anos...
Bem andaram os meus amigos chineses de Macau que iam a Lisboa tirar o B.I.!

Anónimo disse...

Gostava de saber como estas questões se enlaçam com a nacionalidade dos macaenses:
1- Podem requerer o passaporte da RAEM os indivíduos que satisfaçam cumulativamente os seguintes requisitos :
Ser cidadão chinês dos residentes permanentes da RAEM;
Ser titular de Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Macau. ~
2- Se o requerente for cidadão chinês ao abrigo da “Lei de Nacionalidade da República Popular da China”e do “Esclarecimento do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre várias questões quanto à aplicação da Lei de Nacionalidade da República Popular da China na Região Administrativa Especial de Macau”e for residente permanente da RAEM, pode requerer o passaporte da RAEM, e o seu passaporte português é considerado apenas um documento de viagem.
Um grande abraço fraterno muito especial para os macaenses luso-chineses de nacionalidade portuguesa.

C disse...

Caro Anónimo último,

Não seja redutor, o "macaense" pode ter ascendências várias, uma mistura que não se resume ao simples "Português + Chinês", mas sim Português+Sudeste Asiático+Chinês e resto da Ásia Pacífico e por vezes + outras origens Europeias.

Só eu tenho origens de Portugal, Brasil, Espanha, Inca, Macau (Coloane) e Cantão do tempo da República da China (Nacionalista), e em tons de brincadeira resulta em termos de cor algo exótico como "laranja claro = Branco + Encarnado + Amarelo" e considero-me macaense, (português de Macau).

Sobre as perguntas do "passaporte", não sei como é que funciona, poderá talvez funcionar como mero salvo conduto, não indicador de nacionalidade? Talvez, mas não sei.

Lá por se ter o BIR não significa ter a nacionalidade chinesa, por exemplo.

Há que ter atenção noutra coisa, normalmente os chineses auto-se denominam chineses e não outra coisa qualquer, nem macaenses, nem nada, por orgulho próprio nas suas origens, devido à forte componente cultural/civilizacional chinesa (algo do género antropocêntrico, cultura da supremacia étnico-racial Han, própria de civilizações de tradicão cultural continentalista).

Os macaenses (portugueses de Macau) sempre viveram num outro ambiente cultural mui próprio de civilizações de tradição marítimista, abertos à diversidade, são universalistas, logo cria-se de origem uma certa tensão, enquanto os primeiros são pela supremacia étnico-rácica (Han) mui propria das tradições das civilizações continentalistas, que têm medo do que vem de fora, sobretudo das incertezas vindas do mar e outros habituados à mescla de cultura, fazendo dessa nova síntese cultural a sua, daí o Universalismo Português.

Ser Português qualquer dia terá o significado, ser do mundo, tal como afirmava o saudoso Agostinho da Silva.

Saudações,

C disse...

Para os demais interessados:

C.E.A.S. - Centro de Estudos Agostinho da Silva

Curso a iniciar em breve:

PORTUGAL E QUINTO IMPÉRIO: EM CAMÕES, VIEIRA, PESSOA E AGOSTINHO DA SILVA
http://www.agostinhodasilva.pt/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI/ MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO.

Neste projecto tenho o privilégio de acompanhar Luís Sá Cunha e Carlos Morais José, os três pela Lusofonia em Macau e no mundo.

Anónimo disse...

Caríssimos,
uma coisa que algumas pessoas se esquecem aqui é que Macau faz parte da RPC e uma das leis nacionais da RPC que se aplica também aqui em Macau é a lei de nacionalidade da RPC. E segundo essa lei, e por aquilo que o caro Leocardo disse acerca da sua mulher ( chinesa de Macau), ela tem nacionalidade chinesa e é considerada cidadã chinesa em todo o espaço da RPC. Se não acredita então experimente passar a fronteira para zhuhai utilizando o passaporte português, e não o " wui hong cheng".E antes disso experimente pedir um visto de turista para a RPC na delegação do ministério dos negócios estrangeiros da RPC.
Mas esta conversa patrioteira acerca da nacionalidade, visto de uma forma realista, resume-se a duas coisas:
A primeira é que for uma tremenda idiotice por parte do governo português em dar a nacionalidade portuguesa a mais de 100.000 individuos que não sabem dizer mais do que "bom dia" ou "obrigado" na lingua de Camões. Eles sentem-se orgulhosamente chineses e apenas querem um documento que lhes permite viajar por todo o mundo sem necessitar de visto, ou de poder emigrar para paises tipo Grã-Bretanha, França ou Alemanha, caso as coisas aqui dêm para o torto. Não para Portugal, pois para Portugal só miseráveis tipo ucranianos ou cabo-verdianos é que se lembram de emigrar para lá.
A chinatown de Londres está cheia de chineses de Macau com passaporte português. Muito mais do que chineses de hk, cujo passaporte (bno) não lhes permite viver em Inglaterra. Sacanas mas espertos, estes bifes. Não são como os bonzões, mãos largas dos portugas.
A segunda é que isto de nacionalidades tambem tem uma espécie de hierarquia. É de facto melhor ter a nacionalidade portuguesa do que apenas ter a chinesa. Mas é melhor ter a americana, australiana ou canadiana do que apenas ter a portuguesa. É tudo uma questão do nivel de vida que os cidadãos de um determinado país disfrutam e o respeito que os governos tem para com os seus cidadãos. Se numa hipótese parva Macau passasse para a Austrália ou Canadá em vez de para a China, tenho a certeza que esta questão da nacionalidade não se iria pôr com tanta acuidade e que a esmagadora maioria dos residentes de Macau (portugueses/macaenses e chineses) se tornariam alegrememnte "aussies" ou canadianos. Mas como não é assim, é compreensivel que as pessoas queiram ter a nacionalidade( apenas de passaporte ou não) de um pais medianamente desenvolvido, democrático e membro de um clube de ricos (união europeia) do que apenas a de um pais que apesar de cada vez mais poderoso e influente, continua a ser subdesenvolvido e ditatorial.
Quanto á questão da comunidade macaense/portuguesa de Macau, escrevam o que eu digo: Daqui a uns anos a comunidade portuguesa de Macau será considerada a 56ª minoria étnica da China.
A opção pela nacionalidade chinesa por membros destacados da comunidade portuguesa de Macau é apenas o primeiro passo nesse sentido.

C disse...

Caro Anónimo da 10:22,

Olhe que há gente mesmo "oca"...

Mas vamos por partes:

1. O Soberano deste pequeno "Estado", o Chefe Supremo do "Bairro", já afirmou que a sua cara metade não tem nacionalidade por ser alguém racialmente chinesa mas que já pertencia ao enclave de soberania portuguesa, logo com todo o respeito pela dita Lei da RPC, a mulher do Leocardo não é uma nacional chinesa. Ainda se os pais da mulher do Leocardo já eram de Macau, então com toda a legitimidade e legalidade ela é nacional portuguesa;

2. Desde que me conheço, e sempre que visitei esse grandioso país que é a China, sempre tive de requisitar o Visto que é caríssimo ainda por cima, custando umas quantas centenas de patacas;

3. A questão da nacionalidade não pode ser confundida com a naturalidade, muito menos é racialmente linear;

4. Houve várias vagas gigantescas de imigras para Macau a seguir à visita do Só ares, esses inundaram a minha Macau, esses sim são chineses de nacionalidade, pois nem o pai, nem mãe são de Macau logo não têm antepassados portugueses ou de nacionalidade portuguesa, são chineses e se entretanto conseguiram por portas e travessas adquirirem a nacionalidade, sorte a deles, tal e qual a sorte de um Casaque, Uzbeque ou Somali tornado português.

5. Em conversa com o meu prezado amigo Dr. José Pereira Coutinho, Conselheiro das Comunidades Portuguesas e Macaense de origem Goesa (Português de Macau), já me confirmou que a utilização do salvo-conduto não atesta em nada a nacionalidade chinesa popular, logo ilustre Anónimo poderá mandar abaixo essa sua pretenção e vontade de atirar os macaenses (portugueses de Macau) para a nação chinesa popular.

6. A questão das minorias étnicas.

Segundo a mesma questão colocada ao Constitucionalista português, o Professor Catedrático Jorge Miranda e antigo professor meu (fui dos primeiros a passar à cadeira sem ir a exame) é da opinião que a RPC já tem problemas que chegue e seria uma desvantagem para o Governo Central ter de lidar com mais uma "minoria étnica", estatuto esse que poderá ser reconhecido pela comunidade internacional, se parte significativa da comunidade macaense (portuguesa de Macau e em mais de 50%) passasse para a nacionalidade chinesa, poder-se-ia eventualmente requerer esse estatuto.
Não julguem que a questão das minorias étnicas é assim tão pacífica e não dá dores de cabeça ao Governo Central... nem eles querem mais uma para não arranjarem "sarna para coçar".

Enquanto que um macaense (português de Macau) é considerado um estrangeiro adventício, nunca poderá reivindicar a autodeterminação de Macau em nome de um povo (macaense), ao passo que se os macaenses (portugueses de Macau) tornados nacionais chineses e ainda por cima minorias étnicas, esses sim teriam legitimidade à luz da regras do jogo da Carta Fundamental das Nações Unidas à autodeterminação do Povo de Macau e consequentemente pedir a independência deste enclave de soberania chinesa popular;

Meu caro Anónimo, pense primeiro nas consequências dessas suas ideias e coloque-as num prato da balança para medir se valem a pena senão.

O actual status quo dos macaenses (portugueses de Macau) dá muito jeito à China, porque são estrangeiros que ajudam ao desenvolvimento chinês e elo de ligação ao mundo de Língua Portuguesa. De problemas com as minorias como tibetanos, mongóis, casaques, uzbeques, turqueministões, etc, etc, já está o Governo Central farto e cheio. Ao menos assim os macaenses (portugueses de Macau) ficam no seu cantinho na privada ou no sector público mas nunca como governantes.

Os recentes casos de portugueses que adquiriram a nacionalidade chinesa, poderão ser equiparados aos casos dos pilotos da força aérea norte-americana que desertaram para a Coreia do Norte e se fizeram nacionais norte-coreanos, não são minoria nenhuma apenas estrangeiros que se fizeram nacionais chineses.

Bom fim-de-semana,

C disse...

Ainda caro Anónimo,

Pela sua conversa deu para perceber que é completamente desprovido de conceitos como amor e sentido de lealdade à Pátria e Nação portuguesas, é um internacionalista, de pensamento formatado materialista-filosófico.

Macau até poderia passar para o Burundi ou os EUA, mas mexer com a nacionalidade de alguém como a dos macaenses é mexer com a sua identidade. Identidade essa inabalável ao longo dos séculos e responsável pelos laços de coesão de toda uma comunidade (portuguesa), de todo um povo (português) de uma nação na defesa ou celebração da sua Pátria (Portugal) que já foi imperial.

É escusado de continuar a mentir sobre este assunto da nacionalidade, é escusado continuar com insinuações sobre a infidelidade da comunidade macaense (portuguesa de Macau) a Portugal. Não confunda "Comunidade" com "Público", o primeiro conceito surge ou é construído ao longo dos séculos que unem os mortos e os vivos e o segundo é apenas circunstancial, de um determinado grupo ou grupúsculo em determinado momento. Lá por um ou outro ter decidido por determinado rumo, não representa a comunidade de maneira nenhuma.
Para regozijo de muitos macaenses, portugueses de Macau, é um macaense que preside à Sociedade Histórica da Independência de Portugal que tem por objectivos:

a) promover o culto do amor pela Pátria entre os portugueses, tanto em território nacional como no estrangeiro, prestando particular atenção ás camadas mais jovens;
b) defender a integridade do património e projectar, tanto interna como externamente, a cultura nacional, com relevo para a língua portuguesa;
c) colaborar com os órgãos de soberania, na definição e no prosseguimento dos grandes objectivos nacionais e na defesa dos direitos de Portugal;
d) comemorar as grandes datas nacionais, especialmente a da Fundação, a da Consolidação e, com o relevo tradicional em cada ano, a da Restauração da Independência de Portugal;
e) combater, por todas as formas convenientes, a vulgarização de quaisquer ideias susceptíveis de ferir a dignidade de Portugal como nação livre e independente;
f) cooperar com instituições congéneres.

2. Os objectivos da SHIP são eminentemente patrióticos e culturais não se enquadrando no seu âmbito a prossecução de fins de natureza religiosa ou político-partidária.

Protocolo de Cooperação entre a SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal e a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses.

Protocolo de Cooperação entre a SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal e o Instituto Internacional de Macau.

Guimaraes disse...

A propósito da interessante discussão, apresento uma demonstração insofismável de portuguesismo de um macaense ainda residente no Território:
http://guimaraes2-observador.blogspot.com/2007/07/portuguesismos.html
Um abraço aos macaenses. Continuem a defender a vossa cultura, nomeadamente o Patuá.

Anónimo disse...

anónimo das 10:22.

em resposta ao caro vitório:

para mal dos seus pecados, macau é parte integrante da rpc.e em macau vigora a lei de nacionalidade da rpc. logo em territóio da rpc é cidadãochinês quem a rpc disser que é chinês. ponto final parágrafo.

um cidadâo que a lei de nacionalidade da rpc
disser que é cidadao chines pode ter mais 30 ou 40 passaportes que nao deixa de ser, dentro do territorio da rpc (macau incluido), apenas e só cidadao chines. e a maior parte dos detentores de passaporte portugues em macau está nesta situaçao. nao sou eu nem voçê, mas praticamente todosos chamados "chineses de macau" dentro dos quais eu suponho que se encontra a mulher do nosso caro leocardo.
aliás em portugal passa-se o mesmo: mesmo tendo mais do que uma nacionalidade, um cidadao portugues é em portugal apenas e só cidadao portugues. reconhecer ou nao a dupla nacionalidade é um tanto ou quanto irrelevante.
quanto á sua critica de eu nao ter amor á patria, blábláblá, nao era essa a minha discussao. para a maior parte das pessoas (nao para si, claro)se essas pessoas vivem num pais estrangeiro e-lhes perfeitamante natural passado alguns anos adquirir a nacionalidade do seu pais de adopçaose se nao forem elas a adquirir, serao os seus filhos e netos. nao queo aqui discutir a suas belas teorias e já sei que é um estudioso da materia. estou mais interessado na realidade. eu estou apenas a ser pragmático.
a comunidade portuguesa de macau está cada vez mais achinesada, muitos nao falam já portugues em casa. tudo isto é de lamentar mas é a realidade e outra coisa nao seria de esperar.
e com o passar dos tempos a situaçao irá agravar-se e as ligaçoes dessas pessoas a portugal irao diluir-se. cada vez mais pessoas irao adquirir a nacionalidade chinesa (mas mantendo o passaporte português, é claro. nao vá o diabo tecê-las). quanto á questao das minorias etnicas, as unicas minorias que causam de facto engulhos á china sao os tibetanos e os uighures do xinjiang. e isto independentemente do seu estato legal de minorias etnicas. a china orgulha-se de ser um pais multiétnico neste aspecto. e nao vao ser meia duzia de portugueses de macau, cada vez mais achinesados e cada vez mais minoritários em macau que irao causar problemas ao governo central chinês. com excepçao das duas minorias que referi, as outras estao tambem cada vez mais achinesadas ( no sentido han do termo)e nao causam problemas.
só mais uma coisa: apesar de nao concordar com as suas ideias, admiro o seu voluntarismo. aquilo e nos distingue é que eu sou acima de tudo uma pessoa pragmática. talvez por ter quase o dobro da sua idade:) pense um pouco mais na realidade e nas verdadeiras motivaçoes das pessoas, caro vitório:) acorde para o sec XXI:). e desculpem esta mensagem ter algumas gralhas e estar sem acentos, mas estou com alguma pressa.

cumprimentos

cumprimentos

C disse...

Caro Anónimo das 10:22,

Contudo gostei da sua insistência e "franca franqueza".

Muito bem, a República Popular da China não pode decidir de um dia para o outro quem é chinês e quem não é entre os seus residentes permanentes, ou seja quem tem BIR.
Mesmo sendo a RPC um Estado que não atinge os níveis europeus (UE) de democraticidade liberal, obedece ela própria a Leis e a uma Constituição, não é um Estado anárquico.
Um filho de qualquer macaense (pai e mãe de nacionalidade portuguesa) nascido em Macau, mesmo pós 99, a China não pode decretá-lo chinês porque:

1. Os progenitores não são nacionais chineses e ou na Declaração Conjunta ou na Lei Básica, foi estatuído que os macaenses passarão a ser estrangeiros adventícios, ou seja na terra onde nasceram, estando permitidos a continuar a residir em Macau, mas Estrangeira Adventícia, uma figura suis generis do Direito Internacional Público;

A mulher do Leocardo, NÃO TEM NACIONALIDADE CHINESA, porque:

1. Nasceu em Macau e os seus pais já tinham a nacionalidade portuguesa ou por jus solis ela nasceu portuguesa, sem nunca ter tido contacto ou assinado documentos de requisição da nacionalidade chinesa;

2. No pior dos casos, veio para Macau, viveu X anos, conseguiu o BIR e a nacionalidade portuguesa e renunciou à chinesa, ou então adquiriu a lusa nacionalidade através do casamento e depois renunciou à outra, digo isto porque, citando o Leocardo, "O mais difícil ia ser convencer a minha mulher a optar pela nacionalidade chinesa";

Ilustre, sou também pragmático e jogo com os dados que tenho em posse e não me ponho a inventar hipóteses sobre dados sonhados ou desejados. As hipóteses que teorzei anteriormente foram baseadas nos dados em posse.

Para concluir que, segundo os dados e a linha de raciocínio exposta, a mulher do Leocardo é portuguesa.

Agora para aqueles que vieram na avalanche provocada pelo Só ares, não renunciaram à sua inicial nacionalidade chinesa e adquiriram uma segunda (a portuguesa), não se casaram com portugueses, esses sim, para a RPC são chineses e o passaporte da Rep. Portuguesa servirá apenas como documento de viagem.

Etnico-racicamente sabemos que Macau é composta por 98% de população chinesa (Han, Hakka, Fujian, Mongol, entre outros), mas provavelmente 20% são étnico-racicamente chineses de Macau, desses mesmos que convivem com os portugueses diariamente e há 500 anos, a esses 20% serão legitimamente e legalmente portugueses por jus solis e posteriormente sanguinis (os filhos dos filhos já portugueses).

Logo os macaenses que são no máximo dos máximos uns 20 mil mais os 30 mil in extremis de "chineses de Macau (radicados há gerações)" com nacionalidade portuguesa i.e. Reverendíssimo Bispo Dom José Lai, somos todos portugueses.

Se há uns 150 mil com passaporte, creio que 100 mil poderão estar nessa situação de serem chineses à luz da Constituição da RPC e a que prevalece no âmbito do Direito Internacional Público.

Boa semana.

C disse...

P.S.- Pense ainda no seguinte: Se tudo quanto fosse gente fosse parir a Macau, e se fizesse parte de uma estratégia concertada para anexar determinada região da China, por exemplo através da Albânia, então mais dia menos dia através dos albaneses nascidos em Macau, estes poderiam decretar a independência unilateral de Macau, com reconhecimento dos EUA, Reino Unido, França etc.... Acha que a sábia e a multimilenar China já não blindou esses casos na sua Constituição? E não tem esses problemas debaixo de olho? Claro que tem.

C disse...

A China não tem especial interesse em fazer dos macaenses chineses, não ganha nada de substancial com isso, ainda porque os macaenses já provaram ser leais a Portugal, é preferível para a China manter um óptimo relacionamento de amizade e cooperação com os macaenses (portugueses de Macau) do que arranjar "sarna para coçar", uma vez que a China sabe e muito bem que um homem não pode servir a dois senhores. Se a comunidade macaense (portuguesa de Macau) fosse feita à revelia chinesa, Pequim estaria consciente que nunca por nunca ganharia a nossa lealdade, e acabara de incorporar uma comunidade que lhe seria traidora. Para quê trabalhar com traidores, quando se pode trabalhar com amigos?
Temos de ser realistas e pragmáticos.

C disse...

Cara(o) Guimãres,

A tal prova insofismável de portuguesismo vem de um CHINÊS e NÃO DE UM MACAENSE, por favor não nos confunda que agradeço.

Se quer uma história insofismável de portuguesismo e de amor à Pátria portuguesa por parte de um MACAENSE, pesquise sobre o CORONEL VICENTE NICOLAU DE MESQUITA, o HERÓI MACAENSE (Português de Macau) CONQUISTADOR DO FORTE DO PASSALEÃO.
Pode ir ao blogue "Portas do Cerco" pesquisar, esse sim, um GRANDE MACAENSE, UM GRANDE PORTUGUÊS DE MACAU!

http://passaleao.blogspot.com

Viva o Coronel Mesquita! Que tanto orgulho e admiro!

Anónimo disse...

anónimo das 10:22.

Caro Vitório, desculpe a insistência neste ponto, mas para a China Macau é e sempre foi território chinês que durante 450 anos foi ocupado por Portugal ( preâmbulo da Lei Básica da RAEM). Logo todos os chineses nascidos em Macau são automaticamente cidadãos da RPC. Não insista nos macaenses pois eu não estou a falar deles. Estou a falar nos cerca de 100.000 cidadãos etnicamente chineses( nascidos em Macau) detentores de passaporte português. Para a China o passaporte português para estas pessoas serve apenas de documento de viagem. Se estas pessoas querem deixar de ser cidadãos chineses terão de assinar um documento renunciando a essa nacionalidade, e não, como diz, de assinar um documento requerendo a nacionalidade chinesa. Eu não conheço a mulher do nosso caro Leocardo, mas suponho que ela se encontra nessa situação. Se não, então aceitem as minhas desculpas por estar mal informado.
Cada país é livre de atribuir a nacionalidade independentemente de condicionantes atribuidas por outros estados. Faz parte da sua soberania. Não é por existirem 100.000 pesoas em Macau com passaporte estrangeiro que a China vai deixar de considerar essas pessoas como cidadaos chineses, se esse for o entendimento ( e é) da sua lei de nacionalidade. Em Portugal e em qualquer outro estado é a mesma coisa. Lembro-me de uma história que se passou com imigrantes açorianos que imigraram para os Estados Unidos aínda crianças, e possuidores de nacionalidade americana, foram aos Açôres de férias e tiveram problemas com a polícia. Estes individuos pretenderam ter protecçao consular americana e fazer valer o seu estatuto de cidadãos americanos em território estrangeiro. Só que estas pessoas nasceram nos Açores, tinham nacionalidade portuguesa, e nunca abdicaram dela ( provavelmente por nem sequer saberem que a tinham). Logo para as autoridades portuguesas estas pessoas eram cidadãos portugueses.
O que vale dentro de um pais é a lei desse pais. o que vale dentro da RPC é a lei da RPC. Macau tem leis próprias, mas existem leis nacionais em vigor em Macau, uma das quais é a lei de nacionalidade da RPC. Portanto dentro de Macau é cidadão da RPC quem a RPC entender que o è, independentemente de quaisquer outros passaportes, green cards ou outros documentos que essa pessoa possa ter.

Cumprimentos

Leocardo disse...

Alguns pontos que gostava de deixar esclarecidos:

1) A minha mulher tem nacionalidade portuguesa, bem como os pais dela. E ao contrário do que disse um dos anónimos, não é apenas um documento de viagem. Tem também bilhete de indentidade nacional, e todos os direitos e deveres de qualquer outro cidadão da república portuguesa. Nas papeladas que preenche escreve "portuguesa" na parte da nacionalidade. Quando de qualquer acto notarial ou outro aparece como "Fulana, de nacionalidade portuguesa". Como ela existem em Macau milhares de "chineses".

2) O salvo-conduto não tem nada a ver com a nacionalidade. Esse sim, um documento de viagem. Ah sim, e um cidadão chinês de Macau pode entrar na RPC com passaporte português e visto. Ninguém vai olhar para os olhos em bico de ninguém e fazer cara feia. E conheço mesmo macaenses que não têm salvo conduto e entram na China com passaporte.

3) Qualquer cidadão de qualquer nacionalidade pode obter o título de residente permanente de Macau. A nacionalidade chinesa não é condição sine qua non para se obter a residência em Macau que sim, é território chinês, mas com leis próprias e, não me canso de repetir, um elevado grau de autonomia.

4) Finalmente, penso que não há necessidade de fazer toda esta reverência à China ou estar sempre a bater na mesma tecla e reafirmar que "Macau é parte integrante da RPC blah blah blah". Acho bem que antes de dar graxa se veja se o senhor está de sapatos de ténis. Nem a China vai tratar mal ninguém que não opte pela nacionalidade chinesa, nem encostar os cidadãos de outras nacionalidades à parede e obrigá-los a abdicar. Não estamos em guerra com ninguém.

Acho bem que se sigam os líderes, eu próprio sou um cidadão que respeita as hierarquias e tal, mas com reservas. Se me pedirem para saltar da janela, não vou.

Cumprimentos

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Ao Anónimo da 10:22,

Segundo o Preâmbulo da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, e pelo que foi acordado em Convenção Internacional e depositado na Organização das Nações Unidas, organização internacional essa que a RPC e a República Portuguesa são signatárias e subscrevem a sua Carta Fundamental afirma que:

1. A China perdeu a soberania sobre Macau em meados do século XVI e que veio posteriormente a readquiri-la a 20/12/99 -

" os Governos da China e de Portugal assinaram a Declaração Conjunta sobre a Questão de Macau, afirmando que o Governo da República Popular da China voltará a assumir o exercício da soberania sobre Macau em 20 de Dezembro de 1999"

O que quer dizer que os chineses de Macau passaram a ser portugueses ou no pior dos casos apátridas, mas nunca como nacionais chineses, uma vez que Macau era um território soberano português. Sobre esta questão não há volta a dar.

2. Os mais de ou cerca de 100 mil chineses que têm passaporte português para efeitos de documento de viagem, são aqueles que imigraram para Macau nas vagas gigantescas dos idos anos oitentas. Faz todo o sentido porque esses imigras já detinham originariamente a nacionalidade chinesa popular (RPC) antes de adquirir a portuguesa se entretanto não renunciaram à nacionalidade chinesa. Renúncia quer dizer vernaculamente "não quero ter mais nada a ver convosco!". Mas claro, muito poucos foram os chineses que fizeram isso por lealdade a Portugal. Se for este o sentido, estamos ambos de acordo.

3. Mais uma vez, a mulher do Leocardo, é portuguesa uma vez que foi confirmado que é filha de ambos os pais de nacionalidade portuguesa apesar de serem etnico-racicamente chineses. Daí Portugal ser uma Nação Imperial à boa maneira Romana.

4. Para rebater o seu último parágrafo, os poderes soberanos da RPC sobre os cidadãos de Macau (detentores do BIR) cessam ou encontram limites quando se trata de um cidadão estrangeiro que DE FACTO NÃO TEM A NACIONALIDADE CHINESA POPULAR, quer por RENÚNCIA, quer por NUNCA A TER ADQUIRIDO por NÃO TER NASCIDO NESSA CONDIÇÃO no caso dos tais chineses que vivem em Macau desde os meados do século XVI até provavelmente à data da assinatura da Declaração Conjunta.

Então não se recordam do Dr. Leonel Alves a bater-se na produção da Lei Básica afirmando que a Comunidade Macaense não tinha nada que optar pela nacionalidade portuguesa, porque desde sempre nasceram portugueses e no máximo poder-se-iam optar pela chinesa, o que nos tornou numa comunidade estrangeira adventícia em Macau, e com todo o orgulho.

5. A exposição última do Leocardo foi simplesmente perfeita.
A Grande China, prefere neste momento da sua História ter mais aliados do que inimigos e os portugueses de Macau (macaenses e chineses de Macau) poderão perfeitamente colaborar e cooperar com Macau para o seu sucesso e desenvolvimento. Basicamente, quem vier por bem é benvindo.

6. Obviamente que a China nunca iria abdicar da sua soberania sobre os seus cidadãos (que detém a nacionalidade chinesa E NÃO A RAÇA) desde a data de 1 de Outubro de 1949 (data da implantação da RPC), isto é sobre aqueles que sempre detiveram a nacionalidade chinesa popular e que NUNCA A RENUNCIARAM e que imigraram para Macau, esse enclave estrangeiro até 1999 e adquiriram uma segunda nacionalidade, a portuguesa. É mais claro do que água que nestas condições a dupla nacionalidade e à luz do Direito Internacional Público, no território em questão (Macau do pós1999) é-se vigente a nacionalidade pertencente a esse Estado Soberano (China) que é a chinesa popular (independentemente se a China não reconhece a dupla nacionalidade e se Portugal reconhece).

Espero que todas essas suas preocupações e confusões tenham sido dissipadas.

7. Mais uma vez, recordo a tal minha mui querida amiga étnico-racicamente chinesa de Macau (quiçá parente de Dinamene de Camões), de nome Helena (apenas fala poucas palavras em português) mas que ostenta com orgulho o seu amor pela Pátria portuguesa, como sendo seu País de facto, a sua CIDADANIA PORTUGUESA BI+PASSAPORTE, e não dar um chavo furado à nacionalidade chinesa, NUNCA A TEVE e NEM PENSA EM ADQUIRI-LA. Nestas situações, por mais que alguns queiram, ela não faz parte de nenhuma das Nações chinesas (nações porque a RPC é um Estado quasi Império com várias nações incorporadas, ao contrário de Portugal que é um Estado-Nação), nem é cidadã do Estado soberano e independente RPC.

Continuação de uma boa semana.

Guimaraes disse...

Caro Vitório

Trabalhei 6 anos em Macau (1991-1997), onde aprendi a diferença entre macaenses e chineses. No caso que conto, trata-se de um macaense, filho de um português e de uma chinesa, nascido em Macau, onde tem um irmão que muito o acarinha e que foi quem me levou a beber água do Lilau, antes da reconstrução da fonte.
O post que refiro, como outros do meu blog, só pretende mostrar o portuguesismo desconhecido que existe por todo o Oriente.
Um abraço!

C disse...

Caro Guimarães,

Aqui faço a minha pública mea culpa.

Saudações,
VRC

Anónimo disse...

Após ler esta entrada no blog do Leocardo, não fiquei surpreendido por verificar mais de 33 comentários. A questão da identidade é um assunto de que pouco se fala em público, mas que, a meu ver, pela ambiguidade de todo o processo legal e pela leviandade com que é encarada, estabelece os moldes do futuro de Macau como espaço único na China. Sei que esta é uma afirmação algo confusa, o que tentarei explicar no resto deste comentário.

(Coincidência ou não, tive uma conversa sobre isto num almoço com uma "Chinesa natural de Macau" na sexta-feira passada...)

Antes de mais devo dizer que sou Macaense, mestiço, "east meets west" à moda antiga. Falou o Vitório no orgulho à Pátria Portuguesa. É verdade, sinto afinidade por Portugal. Mas se julga que defenderia Portugual, ou a República Popular da China, se isso colocasse em causa os interesses de Macau, está muito enganado. Acima de tudo, Vitório, sou Macaense. Acima de tudo, estão os interesses de Macau.

Aliás, esta terra afunda-se culturalmente e em termos de identidade porque, acima de tudo, os Macaenses não se assumem como Macaenses. Quem manda institucionalmente não interessa, sejam chineses ou Portugueses. A nossa terra é Macau. É ela que temos que defender, e é a nossa cultura que devemos desenvolver/manter/ quiçá "re-encontrar"? Nós temos o patuá, o Minchi, as nossas histórias, os nossos heróis, as nossas lendas. Com 450 anos de história singular, o facto de não as conhecermos, de não termos orgulho nelas é o que nos torna tão vulneraveis. Termos orgulho na nossa cultura singular e com isso abraçar a mudança e o desenvolvimento, a isso chamariamos desenvolvimento. Infelizmente, Macau não tem alicerces de identidade própria. não existe esse orgulho de se ser de Macau. Este é um espaço pequeno, cobiçado pelo bom "fung soi" por gente que apenas lhe quer retirar benefícios económicos. A dimensão de Macau não lhe permite ser um país. Seremos sempre dependentes de "pais", ou "mães". Felizmente, hora por distância do "Pai", ou por complacência da "Mãe", temos a capacidade de decidir, e de criar o nosso futuro-com limitações, é certo. Se realmente o nosso amor fosse dirigido ao que realmente somos, que é, acima de tudo, Macaenses,e que tivessemos isso como alicerce comum nas várias comunidades naturais do território, Macau seria, hoje, um sítio diferente.


Falava com essa pessoa no almoço, e partilhamos a preocupação do choque provocado pelo brutal desenvolvimento do território nos últimos anos . Repare que digo que "partilhamos".

Infelizmente, dificilmente surgirá uma voz comum das pessoas de Macau que lute pelos interesses das pessoas daqui, porque nunca houve um interesse de criar uma identidade local.

Falamos sobre a história de Macau. O que sabemos nós, cidadãos de Macau, sejamos de étnia chinesa ou portuguesa, ou filipina,etc. sobre os 450 de história de "intercâmbio cultural" de Macau?

O que sei, foi por "histórias" contadas pelos mais velhos, por avós e familiares, ou por pesquisa pessoal.

As diversas comunidades viveram de costas voltadas durante seculos, num equilibrio "harmonioso" muito por culpa das gentes de Macau serem, acima de tudo, humildes, pacatas e pouco ambiciosas, amantes de um modo de vida e uma maneira de estar muito diferente, por exemplo, dos vizinhos de Hong-Kong.

Hoje quando nos colocam no mesmo campeonato de Hong-Kong, com mais de 27 milhões de visitantes (praticamente, mais milhão menos milhão, o mesmo numero de Hong-Kong), muita coisa se coloca em risco.

Esta é, provavelmente, a melhor oportunidade das pessoas que realmente amam macau, independentemente da étnia, de encontrarem a sua identidade conjunta- através de intercâmbios entre artistas, iniciativas conjuntas, vozes unidas da comunidade intelectual.

Apelando aqui à "comunidade portuguesa de Macau"... Tenham iniciativa! não fiquem a olhar para o umbigo, a se juntar nos vossos clubinhos e a darem palmadinhas nas costas uns dos outros! Acreditem que existe uma comunidade chinesa de Macau com vontade de colaborar, de falar, de aprender e de ensinar... Sejamos humildes, sem as "merdas" de mentalidade de "aldeia", que (in)felizmente já não somos!

Pronto(s), já chega! Preciso de um café!

Anónimo disse...

Anónimo da 10:22

Caríssimos,
em 1º lugar eu não estou aqui a dar graxa a ninguém, estou só a constatar uma evidência quando digo que Macau faz parte da China e que uma das leis nacionais que se aplicam em Macau é a da nacionalidade.
depois, caro Leocardo, eu também conheço milhentos de macaenses que entram na China com passaporte e visto. Os que têm salvo -conduto são uma minoria daqueles que eu conheço. Mas estou a falar de macaenses, não de chineses.
Como tenho dito eu não conheço a sua mulher, mas voçê diz que ela é chinesa de Macau. Eu conheço casos de chineses de macau com passaporte português que foram impedidos de entrar em HK depois do handover, com o argumento de "cidadão chinês não entra noutra parte da China com um passaporte estrangeiro". Se a sua mulher pode entrar na China com passaporte português então é porque a China não a considera cidadã chinesa. Não me venha com a historia do B.I. português, pois sem B.I. ninguem tem passaporte, não é verdade?.
Quanto ao BIR, é obvio que não tem nada a ver com nacionalidade, mas sim com a residência em Macau.
em Macau o vínculo jurídico que interessa é o da residência e não o da nacionalidade. salvo os casos definidos pela Lei Básica, todos os residentes de Macau são iguais perante a lei, independentemente da nacionalidade.
em Macau a nacionalidade é um tanto ou quanto irrelevante.
Este problema pôs-se em relaçao aos macaenses, e não aos chineses. a solução que se arranjou foi que os chineses são cidadãos chineses INDEPENDENTEMENTE DE QUALQUER OUTRO DOCUMENTO ESTRANGEIRO QUE POSSUAM, e os macaenses mantêm a sua nacionalidade portuguesa e poderão eventualmente optar pela chinesa, o que alguns já começaram a fazer, e eu prevejo que muitos outros se seguirão.
quanto ao caro Vitório, é perfeitamante irrelevante que a pessoa tenha nascido em Macau em 1980 filho de pais nascidos na China, ou que os seus antepassados estejam em Macau desde o tempo da chegada do Jorge Álvares. Até 1981 qualquer pessoa nascida em Macau tinha direito á nacionalidade portuguesa. Suponhamos que um turista japonês viesse cá e passava a noite com uma menina tailandesa. Nove meses depois nascia um rebento. Se isto se passasse até 1981, essa criança teria direito automático á nacionalidade portuguesa. Se não acreditam, informem-se.
Quanto aos outros que fala que vieram para cá nos anos 80, meu caro, esses nasceram na China e portanto não tem direito á nacionalidade portuguesa. Se a adquiriram por portas e travessas, isso é outra questão. Mas não tinham direito automático a ela.

Espero ansiosamente a vossa resposta.

Cuprimentos.

p.s.- o caro Leocardo diz que o salvo conduto não tem a ver com a nacionalidade. Pois então, experimente pedir um salvo conduto. Não se esqueça que traduzindo para português "wui hong cheng" significa algo como "documento de regresso á pátria". Logo apos o handover assisti a um jantar de macaenses em que o dr Leonel Alves foi um dos discursantes sobre o tema da nacionalidade e lembro-me claramente dele dizer "cuidado com o wui hong cheng".

Anónimo disse...

para o caro corrector residente não se horrorizar, è "você" e não "voçê":)
as minhas desculpas pela gralha:)

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Caro Anónimo das 10:22

Esse episódio que revelou de uma pessoa impedida de entrar em HK com passaporte português "cidadão chinês não entra noutra parte da China com um passaporte estrangeiro" é muito ambíguo que poderá até roçar os terrenos da ilegalidade, pois mediante que critérios é que as autoridades se pautaram nesse caso? Só se tiverem uma base de dados de quem tem ou não a nacionalidade chinesa. Caso contrário não passa de casos de abuso de autoridade, e de zelo à zelota.

Não é preciso ir muito longe, um caso que se passou comigo e que fartei-me de gozar com a situação.
No dia que fui renovar o BIR, atendeu-me uma simpática senhora que começou por perguntar pelos dados e às tantas voluntariou-se para me traduzir o nome em chinês Vitório Manuel do Rosário Cardoso, fiquei agradecido mas não aceitei porque 1º o nome em chinês obedece a vários rituais tradicionais (porque o nome está associado ao Feng Shui, e nada pior do que ter um nome mal escolhido o que significaria má sorte para o resto da vida) e 2º o apelido paterno não é chinês logo impossível de ser traduzido, ou então se traduzido e assinado o documento, estaria eu a mentir, portanto incorreria no crime de prestação falsas declarações só para preencher o ego e espírito da funcionária zelota.
Logo de seguida perguntei à senhora, mentir por mentir, prefiro escolher o nome de "Wong Tai Tzi" ou "Filho Primogénito do Celestial Imperador" (Príncipe), a senhora percebeu logo que embarquei no seu sentido de humor, e a tentativa zelota caiu por terra.
Após a ida aos serviços do BIR, passado uns anos, perguntei a um amigo adivinho que nome informal em chinês é que eu poderia ter, ele lá fez uns cálculos, perguntou se sentia à vontade com um tal nome, respondi que prefereria um outro, mas de seguida ele muito sincero e disse que acabei de perder uma boa hipótese de arranjar um nome mesmo que informal em chinês, caso me arranjasse uma segunda escolha traria-me má sorte. Com a tradição e cultura multi-milenar chinesas há que se ter muito respeitinho, se não fosse eu um tradicionalista...

Moral da história, sempre que nos depararmos com funcionários zelotas que abusam e extravasam a leitura da Lei e das suas funções, temos de apertar com eles e não deixarmos ser apertados e enganados.

Sobre o limite temporal de se ter direito automático à nacionalidade portuguesa nos casos não hereditários ou seja que Pai ou Mãe não sejam portugueses, sabia que o havia algures nos anos 1980's mas se me diz que foi em 1981, então muito bem.

"Até 1981 qualquer pessoa nascida em Macau tinha direito á nacionalidade portuguesa".

Os cidadãos nacionais chineses populares ou birmaneses nascidos em Macau após essa data de 1981, mantém de facto a sua nacionalidade e SÃO CHINESES ou BIRMANSES por exemplo. Aí concordo na plenitude porque um amigo do Pai que é de origem birmanesa, chegou a Macau no anos 80's e já não conseguiu a nacionalidade portuguesa.
Logo, tive razão em dizer que no máximo aquela gentinha toda que veio na avalanche não seria reconhecida pela RPC como cidadãos portugueses, até porque a sua nacionalidade originária é chinesa. Ressalvo que haviam uns chineses em Macau com estatuto de apátridas* (*aconteceu o mesmo na vizinha Hong Kong com uns "indianos do Império Britânico radicados há gerações em HK" e Chris Patten suou para tratar do assunto), esses provavelmente puderam tornar-se 100% portugueses uma vez que não estavam registados na RPC e Portugal concedeu a nacionalidade a "todos" em 1985 ou 86 ou 87...

Por fim, discordo com o que disse sobre:

«Não se esqueça que traduzindo para português "wui hong cheng" significa algo como "documento de regresso á pátria".»

"WUI HEONG CHENG" significa "REGRESSAR À ALDEIA ANCESTRAL" e funciona como mero salvo conduto sem implicações com a nacionalidade, de acordo com o que foi confirmado junto do meu amigo e Conselheiro das Comunidades Portuguesas, o Dr. José Pereira Coutinho. O nosso Conselheiro informou-se devidamente sobre o assunto, mas mesmo assim e em todo o caso e por precaução, não quero dar azos aos zelotas, portanto dispenso.

Caro Anónimo das 00:59,

Estamos aqui num debate sobre a NACIONALIDADE e NÃO sobre a IDENTIDADE.

Fez todo o sentido sim, termos discorrido sobre este assunto da NACIONALIDADE, para não haver confusões e mal entendidos que para alguns até pode vir a ter implicações graves.

Mas sobre a Identidade também podemos discutir...

No meu entender, a Identidade Macaense é uma Sub-Cultura da Portuguesa, ou seja a matriz é portuguesa mas desenvolveu-se com outras e particulares características do Império do Minho a Timor. Para mim a Identidade Macaense equipara-se e muito bem à Identidade Alentejana, Transmontana, Beirã, Algarvia, Madeirense ou Açoreana.

Sendo assim a minha identidade para além de Macaense é também Beirã (Beira-Baixa) da parte do Avô paterno (Pater Famílias) e por aculturação Ribatejana e Alentejana da forcadagem, sem nunca pular fora da Nação Portuguesa, pois a Pátria é a Terra e a Nação o Sangue.

Acho muito bem que nós macaenses mantenhamos as tradições e tudo o mais, que se perpetue, mas tendo sempre a noção que a Identidade Macaense é uma sub-cultura Portuguesa ou então de MATRIZ PORTUGUESA, ou seja a referência é a Portugal, basta ler os poemas do saudoso Adé, José dos Santos Ferreira, um Grande Português de Macau, um Grande Macaense.

Sei que hoje vivemos num mundo infestado pela crise modernista ou pós-modernista, onde tudo é passível de ser relativizado e esvaziado do seu conteúdo, com o culto do vazio, mas é outra guerra.

A Identidade Macaense tal como a proclama, meu caro Anónimo das 00:59 e levada ao extremo a partir da sua concepção e expandida aos chineses de Macau, e no caso de se vir a surgir hipoteticamente uma "minoria macaense" torna-se num ingrediente principal para se declarar a autodeterminação do Povo Macaense acompanhado consequentemente da declaração de independência (unilateral ou não) de Macau.

Eu sou franco, se desse a escolher em referendo, se Macau deve permanecer como chinês, ser independente ou regressar à Pátria portuguesa? Tal como sou integralista, votaria a favor do regresso a Portugal, contudo respeito imenso quem queira a sua independência. Agora não me venham com conversas que não estão nem pela China nem por Portugal, então que estejam pela Independência de facto de Macau como entidade política soberana, livre e independente, mas que à priori aviso que eu não apoiaria e ainda muito menos na actual circunstância ou conjuntura em que estamos inseridos.

Toda e qualquer Comunidade no sentido de Povo e Nação, vive de lealdades políticas a um Estado soberano ou a um Soberano, há quem seja deveras especial e consiga ser extremamente leal a dois senhores em simultâneo e com a mesma intensidade. Logo os macaenses têm de facto de optar por permanecerem portugueses e leais a Portugal, chineses e leais à China ou de outra nacionalidade, porque não existe a nacionalidade macaense, só se Macau fosse independente, mais uma vez.

CITAÇÃO:
"Antes de mais devo dizer que sou Macaense, mestiço, "east meets west" à moda antiga. Falou o Vitório no orgulho à Pátria Portuguesa. É verdade, sinto afinidade por Portugal. Mas se julga que defenderia Portugual, ou a República Popular da China, se isso colocasse em causa os interesses de Macau, está muito enganado. Acima de tudo, Vitório, sou Macaense. Acima de tudo, estão os interesses de Macau."

Caro Anónimo das 00:59, faça jus às suas palavras, mas não se esqueça que no quadro político os interesses de Macau são os interesses da República Popular da China, logo estar a fazer essa sua profissão de fé é o mesmo que dizer "acima de tudo, estão os interesses da China". Se eu Vitório estou colaborar com o desenvolvimento de Macau sei que sine qua non que estou a contribuir para o desenvolvimento da China, mas em nada me impede de fazê-lo nas qualidades de amigo português de Macau, Filho da Terra ou de estrangeiro adventício, a China agradece e nós (portugueses) também.

Para concluir não confunda conceitos como a NACIONALIDADE com a IDENTIDADE CULTURAL. O primeiro está sine qua non ligado ao conceito do Estado soberano e independente e o segundo pode ou não estar ligado a um Estado soberano ou poderá ser uma semente para germinação de uma nova Nação i.e. Nação Angolana, Brasileira, Timorense etc...

A IDENTIDADE CULTURAL MACAENSE quer se queira quer não, é a Identidade das Cinco Quinas de Cristo e do Catolicismo, reparem bem nos Estandartes das Casas de Macau e no legado cultural dos escritores e poetas macaenses, e o culto do Leal Senado, que é um motivo de orgulho. Falar de cultura é falar disto.

Em patuá, existe um termo bastante depreciativo, até de mau tom no meu entender, que pode ferir susceptibilidades dos mais impressionáveis, que é o de: "china-cão" talvez o mesmo que "coolie" ou "cule", gente de baixa condição geralmente chinesa. Se a cultura macaense se sentisse identitariamente chinesa a invenção e utilização desse termo seria um "tiro no pé" sem sombra de dúvidas. Recordo que antigamente não existia um certo "politicamente correcto" que há hoje e o tento também ser sem fugir à regra, mas as expressões iam saindo da alma e da vivência do quotidiano...

A cultura não é o que um qualquer líder de comunidade ou político define, mas sim toda a vivência dos nossos antepassados, dos nossos mortos, passando por nós e aos nossos descendentes. É uma linha contínua e ininterrupta e o facto do surgimento dos macaenses, Filhos da Terra, para os mais esquecidos são os portugueses de Macau, filhos de Portugueses de Portugal ou da Viagem, não há nada que enganar.

Percebo que com a nova realidade política de Macau, haja quem possa ter medos, receios, desde represálias à ostracização, mas nada pior do que começar a relativizar a cultura e ceder à sua abstracção, é decretar o seu fim certo. Foi o que o Japão nunca fez, por isso manteve as suas tradições intactas e ininterruptas ao longo do tempo e atravessando várias revoluções** (**entenda-se criação de uma nova ordem, ou aos mais extremistas do novo homem).

Os 50 anos da RAEM são isso mesmo, um período de transição "revolucionário", pretende-se a criação de uma nova ordem e possivelmente o "novo homem" e nesses períodos em termos culturais, normalmente só sobrevive quem souber manter e preservar com força a sua identidade, as suas tradições ou cultura, sem qualquer tipo de cedências ou abstracções, senão os que vacilarem sucumbirarão, porque pela Lei de Darwin, nem merecem ter continuidade porque são fracos. Os fracos culturalmente estão votados a desaparecer.
A Identidade Macaense é forte, muito forte e certamente que não morrerá pela boca de fracos.

Tradicionalmente e culturalmente os chineses gostam de lidar e respeitam muito gentes com carácter e identidade sólidas, porque eles também as têm.

Saudações,

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Ainda ao Anónimo das 10:22,

Para esclarecer, o meu apelido Rosário provém da família macaense (portuguesa de Macau) adoptiva do Avô materno que tem o apelido Navarro. Este apelido remonta à minha trisavó espanhola ou hispânica Beatriz "Roliz e Navarro" que viveu entre o Perú e o Brasil. O apelido Navarro é originário dos habitantes de Navarra, do País Basco. As minhas tias e mãe ficaram com "Roliz" no apelido e os tios "Navarro" e todos com Rosário no fim, em homenagem à família adoptiva. O meu caso é mais complexo do que a simples ascendência "Luso-chinesa".

Preocupar-se com a Identidade é preocupar-se com a História. Se queremos hoje ser fortes temos de saber quem nós somos e de que somos feitos!

Saudações,

Anónimo disse...

Anónimo das 10:22

Caro Vitório,
eu apostaria consigo e com qualquer pessoa que a China tem algum tipo de registo sobre os residentes de Macau e de HK que ela define como cidadãos chineses, como cidadãos estrangeiros e outros como os macaenses que são considerados portugueses, mas que tem a porta aberta caso queiram optar pela chinesa. Mas isto é apenas uma suposição. O que eu tenho a certeza é que a grande maioria dos chineses de Macau com passaporte português são considerados como chineses pela China, o que é uma coisa que não preocupa absolutamente nada a esmagadora maioria desses mesmo chineses de Macau. Tendo 20% da população de Macau passaporte português, é difícil de imaginar que a China iria considerá-los todos como estrangeiros, não acha?
Quanto á sua experiência nos SIM, já ouvi falar de outros casos semelhantes, como por exemplo, forçar macaenses a colocar no requerimento do BIR que têm a nacionalidade chinesa. O seu amigo Pereira Coutinho sabe de casos desses.
Mas olhe que eu conheço portugueses de Portugal que têm um nome chinês, em caracteres chineses, no BIR. Provavelmente por graça, ou porque é o nome comercial deles. De qualquer forma é um tanto ou quanto ridículo, e isto sim, graxa ( esta é para o caro Leocardo). Eu tambem tenho um nome chinês, dado pelos meus colegas. Acho-lhe imensa graça, mas não vou pô-lo em nenhum documento de identificação.

Cumprimentos e mande sempre

Anónimo disse...

Anónimo das 0:59 responde:

Caro Vitório, a questão é realmente esta. No caso do Macaense, nacionalidade terá que necessariamente chocar com o conceito de identidade: porque esta não é uma opção, mas sim uma imposição. Deixe-me explicar.

Li os seus argumentos e realmente sinto que acredita no que diz e na "identidade portuguesa", e li com atenção a forma como defendeu a "matriz portuguesa" da cultura macaense.

Permita-me, porém, discordar consigo.

Como sabe, a funçcão do macaense nos 450 anos de história da presença portuguesa em Macau, foi o de intermediário, ou tradutor, função esta que ainda serve, e bem. A função deste "tradutor" foi não só traduzir a lingua, mas também as particularidades culturais de dois povos, ou mundos civilizacionais. Dizer que o macaense é "apenas" português nascido na China é redutor da sua cultura. Macaense é o resultado deste intercâmbio de culturas, a mistura entre o português e o Chinês. Olhe para o patuá. Poderá dizer que é uma variante do português, mas a construção gramatical, as expressões, a fusão são testemunho desta riqueza cultural única.

Concordo consigo que é necessária uma identidade forte. Mas a identidade macaense só será forte quando se reconhecer a sua dimensão cultural.

Temos muito em comum com os Chineses naturais de Macau. Amamos Macau. Poderá dizer o mesmo dos Portugueses do Continente?

Falou em "martires" num comentário anterior. Pois olhar para esta terra como um "amigo", sendo-se "Macau Filo", é, a meu ver, ser-se tão "traidor" como aquele que nega as suas raizes.

Ser macaense, meu caro, aceitar a nossa diversidade cultural e a nossa singularidade, a nossa maneira de estar única, as nossas manifestações culturais únicas, e, acima de tudo, amando Macau como a nossa terra, como "Macau FIlos", isso é ter-se uma identidade forte como Macaense, e esse é o caminho do progresso e desenvolvimento saudavel do território. Seja como parte integrante da Republica Popular da China, ou como parte integrante de Portugal.

Concordo consigo quando diz que os mais fortes são respeitados. Mas a sua posição, como Macaense, não é a de forte, mas sim, e com o devido respeito, a de fraco.

Macau, como local singular, de cultura e tradições únicas, está comprometido com a queda dos alicerces seculares da sua sociedade. Mais do que nunca, este é o momento para que essas comunidades seculares, as "suas gentes", se encontrarem e descubram a sua voz comum. Aceitarem as suas diferenças, e encontrarem o que as une é fundamental para o papel futuro desta cidade na China. 450 anos na história de um país milenar como a China não é nada. Terá Macau realmente a força para se tornar um local digno de um papel único na história deste país?

É triste, mas a verdade é que os nossos vizinhos encontraram mais rapidamente a sua voz do que nós. Espero que nos encontremos depressa. Só assim teremos a capacidade de estabelecer o papel único que podemos ter neste país. O de deixarmos de fazer apenas a ponte entre Portugal e o Sul da China, e sim de fazermos a ponte entre a China e o Mundo Lusófono.

Anónimo disse...

Ainda o "tipo" das 0:59

Nota que quando defino "macaense mestiço" como a mistura entre o português e o chinês, obviamente que estou a ser redutor, sendo muitos macaenses o resultado das mais variadas misturas étnicas em Macau, desde Indianos, Malaios, etc. Exemplos disso encontramos na cozinha Macaense e no próprio patuá. Serviu a definição para demonstrar o papel da comunidade mestiça como elo de ligação entre estes dois mundos.

C disse...

Ao Anónimo das 10:22,

Já vi que pela sua retórica me quer levar ao campo do "cidadão do mundo", não, não entro por aí e replico que os macaenses são portugueses, filhos de portugueses e de toda uma cultura portuguesa o que faz de todos nós portugueses e que apenas deve lealdade a Portugal. O ser português não se reduz ao ponto da etnico-racialidade, o ser português está num molde universalista, é a cultura, a maneira de ser e de estar no mundo (Adriano Moreira).
Traição é tornar-se leal a um outro Senhor, outro Soberano em detrimento do inicial a quem deve a existência.
Os macaenses (portugueses de Macau) é que foram traídos, mas para quem tem amor à Pátria e à sua Nação portuguesa têm é de estar preparados para estas situações, porque já Camões dizia, "de entre portugueses alguns traidores havia". Mesmo assim não terei mínimo rancor para com Portugal, como Comunidade, como Nação, pois não há nada que confundir entre Povo (o todo somatório de todos os vivos e os mortos aos fundadores da Pátria) e Público (grupelho de gente de um determinado momento temporal). Este último é tão redutor que se limita às circunstâncias.

Para dizer que eu como Macaense (português de Macau) devo total lealdade à Cidade do Santo Nome de Deus, de Macau enquanto parte integrante de Portugal, que terminou em 1999, a Ela sempre fui leal e serei. Hoje posso ter um carinho especial, pelo o que ainda sobra de Portugal em Macau, a Nação portuguesa (o sangue) ainda continua em Macau, a ela continuo leal e o serei até à morte. Por isso que de facto nós macaenses tornámo-nos estrangeiros adventícios.
Um chinês de Macau de nacionalidade chinesa para mim tem tanto valor como um britânico, é um estrangeiro de facto em relação a mim, mas nada me impede de ser "Amigo".

Nunca fui devoto à materialidade mas à espiritualidade, Macau e a "Macaensidade" para mim, têm um corpo e tem uma alma, uma essência, alma e essências essas que são Lusitanas onde reside a minha lealdade. Sabe, os corpos morrem, mas a alma, o espírito, a essência permanecem e é a tudo isso que sou Leal e Fiel, ao macaense de alma lusa ou à Macau de alma lusa.
Do momento em que se separa a essência da matéria, ou a alma do corpo, o corpo torna carcaça, voltará às cinzas e fica desprovido de significado, o que permanece no tempo, invisível aos olhos mas marcante no coração é a essência, a essa essência devo Lealdade.

Todas as coisas materias só fazem e têm sentido se estiverem imbuídas de uma essência, de um espírito ou de uma alma, matéria por matéria é lá dos reinos da quantidade, o mesmo que dizer, do vazio do nada, sem significado.

Ser macaense é ser leal à sua identidade que é a portuguesa de Macau, se retiraram o "Corpo" à sua Macau portuguesa, a Alma permanecerá em cada um de nós, nos corações dos portugueses de Portugal, de Macau, da Nação portuguesa, mesmo assim nada impede de colaborar ou ajudar a desenvolver a Macau física, de ser amigo das novas autoridades.

Estamos a falar sobre conceitos e teorias políticas caro Anónimo, todo o nosso pequeno pensamento tem por detrás a sua teoria política, o modo como encaramos e percepcionamos a realidade nos negócios com a res pública ou assuntos públicos.

Nestas discussões, facilmente denotamos pessoas que têm por si, tiques ou pre-formatações politico-ideológico ou teóricas, através das suas tiradas, o que é perfeitamente legítimo. Sei que as coisas que eu digo contarão sempre com a discórdia dos que têm a visão do mundo, do seu meio ambiente e da sociedade, atomista, racionalista, materialista, para mais "sofisticação" a visão modernista ou pós-modernista, fruto do positivismo filosófico.

Se alguma coisa me move por Macau com Amor, Carinho e Lealdade é apenas pela sua Alma e Nação portuguesas (Macaenses, portugueses de Macau) que ainda por aí persiste, mesmo após de ter deixado de ser solo Pátrio. O portuguesísimo Oliveira Sales também não serviu HK com brio que nem solo Pátrio era? Então um macaense (poruguês de Macau) poderá servir nos mesmo moldes Macau, ainda por cima na sua História já foi Portugal.

A questão da função dos macaenses como tradutores etc... mais me dá razão quando digo que os macaenses são de corpo e alma portugueses porque era mais uma função AO SERVIÇO DE PORTUGAL, ATRAVÉS DA SUA LEALDADE E POR SEREM PORTUGUESES, porque com tradutores só se trabalha se tivermos plena confiança, do Latim Tradutor-Traidor ou recorda-se do guia de Mombaça que entrou na tripulação de Vasco da Gama e da traição que surgiu a seguir?

Sobre outro assunto,

Com o exemplo que expôs do BI português com letras chinesas só me vem dar razão, pois o que está correcto é a pessoa ser identificada com o seu nome original e no máximo com tradução fonética (romanizada). Ora como todos sabemos a tradução APENAS FONETIZADA para a LÍNGUA CHINESA é IMPOSSÍVEL, porque cada caractér tem o seu significado exclusivo, enquanto que o "ABC" quer dizer isso mesmo as primeiras 3 letras do abcedário.

Saudações,

C disse...

Já agora para tomar conhecimento, tanto que os macaenses (portugueses de Macau) são portugueses, o Consulado Geral de Portugal em Macau saberá concerteza a quem é que terá direito à protecção consular.

As Comunidades Portuguesas, de que a Comunidade Macaense é parte integrante, constituem um dos pilares fundamentais do CONCEITO ESTRATÉGICO DA DEFESA NACIONAL (DA REPÚBLICA PORTUGUESA), a par dos Luso-Descendentes, tal como o nome indica, descendentes de portugueses mas que já não têm a nacionalidade portuguesa, os filhos dos emigrantes portugueses ou estrangeiros adventícios na China (caso dos macaenses) ou em todo o antigo império ultramarino após "descolonização" são portugueses.

Pela razão que os macaenses são pessoas, são PORTUGUESES e não são nem plantas, nem cães, nem outra coisa não racional, não passamos sequer, nem de "mansinho, mansinho, de umas mãos para as outras".

Quem melhor do que o Adé para descrever quem sã divera os Filo-filo di Macau?

ADIOS DI MACAU
"Macau ta perto falá adios
Pa tudo su filo-filo,
Pa Portugal,
Pa gente qui divera querê pa êle.

Quim têm êle na coraçám,
Lôgo sentí grándi margura;
Voz lô ficá engasgado na gragánta
Na ora di falá adios para Macau.

Ah! Divera saiám, nôsso Macau!
Qui dôi coraçám olá vôs têm.qui vai,
Escapulí di nôsso vida,
Vivo separado di nôsso Portugal.

Nôs nom-quêro vôs vai,
Vôs onçom tamêm nom-quêro vai...
Mâz quim sã nôs
Na estunga mundo di genti poderoso,
Cuza sã nôs
Na estunga mar di ónda assanhado?
(...)
Na estunga lonjura di Mundo,
Na cánto di pê di unga gigánti,
Macau já nacê, já crecê.

Tudo sempre fila di Portugal,
Sempri inchido di amôr cristám,
Macau humilde ser´´i Dios co devoçám,
SERVÍ PÁTRIA CO HÓNRA.

Su filo-filo passá tánto trabalo,
Su gente sofrê privaçám,
Já fazê êle grándi!
Di grándi que ficá cubiçado.

Qui di fula di bom fim nunca abrí
Na estunga jardim semeado co amôr;
Quánto obra di bom provêto
Nunca sai ramatado
Pa glória di Dios,
PA BOM-NÓMI DI NAÇÁM.
(...)
RAMENDÁ UNGA CORDÉRO MÁNSO,
MACAU LÔ PASSÁ DI PÁTRIA PA ÔTRO MÁM." In Adios di Macau, Colecção Poetas de Macau nº1 , de José Santos Ferreira

Nós macaenses (portugueses de Macau) não somos as tais pedras mortas que passaram da Pátria portuguesa para outras mãos (China), traidor é aquele macaense que trai Portugal, tal como o grande expoente da cultura macaense (portuguesa de Macau) Adé, afirmou "Macau está para dizer adeus aos seus Filhos da Terra", o que se depreende que quem passou para a China, foram as pedras de Macau e não os seus Filo-Filo, esses quase que órfãos de "Mãe", quando Macau se despediu deles (os Filo-Filo ou Filhos da Terra, Os Macaenses ou Portugueses de Macau).

Mesmo com os mortos temos o dever de limpar e embelezar as campas ou sepulturas, jazigos e fazer perpetuar a memória dos nossos entes queridos que já partiram. O mesmo vejo com Macau, não a gostaria de ver destruída pois seria o mesmo que ver a sepultura dos meus antepassados vandalizada e ou profanada.

Traidor é aquele que esvazia de conteúdo 500 anos de vivência, de suor, sangue, sorrisos e lágrimas por Portugal e relativiza a lealdade destes lusos filhos nascidos no Oriente, num enclave aos pés de um grande gigante com a Lusitana Pátria.

Temos de saber ainda discernir quais os portugueses que vivem e sentem a sua Pátria e Nação daqueles que as subjugam, traiem e lhes são hostís, quanto a estes últimos, pouca distingo dos que assim agem mesmo nascidos em Guimarães, dos outros tais que têm o passaporte português e que se estão nas tintas para com a Pátria e Nação portuguesas. Exactamente o mesmo estatuto. Serão os tais maus portugueses? Isso já é outra história.

C disse...

E mais... o Macaense não é "apenas" um português nascido em Macau, mas sim um português nascido em Macau que absorveu muita da cultura à sua volta (Oriente), criando uma nova síntese cultural com a sua e fez dela a sua nova cultura, a nova cultura portuguesa, mais rica, mais completa. A Cultura é dinâmica, o Patuá faz parte da cultura portuguesa, o problema é que poucos são aqueles que conhecem essa cultura tão "erudita", só acessível a certas elites. Por isso é que dentro de uma mesma Cultura, existem culturas da elite, cultura popular etc...

Anónimo disse...

Caro Vitório, percebo a sua confusão ao fazer o comentário.

O anónimo das 0:59, 10:38 e 10:53 são a mesma pessoa- "eu", portanto. Acho que me confundiu com o Anónimo das 10:22...

(Este esclarecimento é digno de um sketch dos Gato Fedorento, e lamento não me identificar, mas certamente que quem ler estes comentários lhe terá maior estima por, ao contrário da "legião anónima residente", assumir a sua identidade. )

Voltando ao assunto, meu caro Vitório, pense nisto:. a cultura portuguesa é parte integrante do macaense. O que impede que manifestações culturais de origem portuguesa aconteçam em Macau? Mudança de soberania não implica o abandono de tradições ou de manifestações culturais. O macaense não tem que ser português, ou Chinês. Independentemente da decisão de NACIONALIDADE que tomar, o Macaense É MACAENSE. Aliás, macaense deveria ser um termo de todos aqueles que se identificavam com o território, com a sua identidade cultural única, os seus costumes e ritos.

Acredito que se fosse leccionada uma história local onde se destacava, sem propaganda, a história de Macau, os seus heróis (não só os lusos, mas os das outras comunidades), as batalhas, as "histórias e lendas", as personagens e os seus grandes feitos, encontrariamos nas gerações futuras a tal voz comum, essencial para a edificar essa "força cultural" e dar molde à criação ida tal porta para o mundo Lusofono e "Cidade de Cultura", frase esta tão utilizada pelos nossos serviços de turismo.

A lingua e cultura portuguesa não deixaram de fazer sentido em Macau com a mudança de soberania, porque faz parte da essência do território- assim como o cantonês e as suas manifestações culturais, algumas até reprimidas na China interior durante a revolução cultural.

Meu caro Vitório, servir "senhores" todos o fazemos, você serve o seu, mas será que está, como Macaense, a servir-se a si? Pelas suas palavras, assume que abandonou a sua terra. Ela já não é sua. Morreu em 1999. Esta terra onde estão enterrados os seus avós, onde provavelmente ainda tem casa, ou mantém familiares que prosseguem com os seus ritos, os costumes e rotinas de outrora. Eu por outro lado, continuo aqui, a amar esta terra, porque esta, independentemente da mudança de soberania, é a minha terra... O patuá prossegue, a TDM emite em português, os jornais são editados em português... A escola portuguesa ainda por cá anda, novas gerações de macaenses nascem e enfrentam o futuro... Que nós lhes traçarmos. Tudo isto se mantém, e irá se manter, se nós, os Macaenses mostrarmos que são importantes, não, essenciais para Macau ser um espaço de relevância na China. Agora tem razão Vitório, quando critica alguns que abandonaram a "cultura Portuguesa" (Não a nacionalidade, mas a cultura) desprezando-a, ou ignorando-a. A importância que a cultura portuguesa tem no território é proporcional ao esforço e importância que a comunidade Macaense lhes dá. Voltemos para a TDM, e pense, por exemplo, no que disse no comentário das 10:38. O Canal Português da TDM, visto hoje como um canal em "coma", à espera que lhe desliguem a ficha, poderia ser um canal que produziria conteúdos que retrarassem a CHINA para divulgação POR TODO O MUNDO LUSOFONO. A Rádio, os Jornais idem aspas.

Outro exemplo: a escola Portuguesa. Hoje, uma escola para uma pequena comunidade local, a viver nas ruas da amargura. Porque não, a Escola de excelência de Português para toda a China? E a Universidade? Idem aspas, novamente. Está a ver como é tudo uma questão de percepção. Ao macaense cabe a função de criar este novo rumo. Ambicioso? Sem dúvida- mas, caro Vitório, é realizavel. Tão ou mais realizavel que o Quinto Império, que defede com tanta convicção. Acredita, sinceramente, que as pessoas aí no Continente lhe dão "credibilidade" como "português"?

Assumo a minha identidade local, não abandonando, porém, a minha identidade cultural como Macaense. Isso inclui, naturalmente, manifestações culturais portuguesas. Luto para que as várias comunidades se interessem pela singularidade que represento, e procuro, através do dialogo, encontrar pontos em comum, partilhar histórias, aprender e descobrir com os que cá estão o caminho para esta voz comum que necessitamos, independentemente da nacionalidade. Mais do que qualquer registo legal, o que nos realmente define é ,a nossa identidade. Apenas seremos fortes, quando encontrarmos essa voz.

Percebe, agora, quando coloco a nacionalidade e a identidade no mesmo "barco"?

Respeito o seu ponto de vista. Sabe, é das pessoas com maior convicção "online" que conheço. Embora discorde consigo, é bom ver que acredita nos seus ideais.

E desculpe as gralhas, "lapsus linguae" e erros gramaticais. Não há pachorra. Sabe como é, isto de se ser "anónimo" leva à "preguiça do revisor"...

Abraço,

Anónimo 0:59

Anónimo disse...

Só para dizer que aqui no "Continente" ainda existem muitos portugueses que continuam e continuarão para sempre em comunhão e comunicação com os portugueses de Macau (macaenses) como compatriotas que são, neste imenso Portugal que não se esgota, nem de perto nem de longe, nos territórios onde cada um de nós vive. Costumo dizer que este nosso país é uma merda, mas que não a trocaria por nenhum ouro do mundo. Um abraço fraterno a todos os macaenses.

Guimaraes disse...

Há 3 dias que sigo os comentários deste post e não resisto a intervir. Trata-se de uma das discussões mais inteligentes, civilizadas e fraternas a que assisti.

Isto demonstra que o sentido de Portugalidade, como pertença a uma comunidade cultural com raiz em Portugal e somatório de elementos de outras culturas que abrange todos os continentes, ultrapassa os quesitos de nacionalidade, território, pureza de língua, etc.

De facto a imensa maioria dos portugueses que nunca sairam de Portugal desconhece esta riqueza.

Como conto no meu blog, testemunhei demonstrações de portugalidade e respeito pelos portugueses perfeitamente espantosas em Singapura, Japão e Tailândia.

É comovente a dedicação da Eurasian Association de Singapura!

Quanto à discussão sobre o estatuto de Macau e dos macaenses, não se pode comparar com qualquer outro, por ser único.

Onde se vê no mundo de hoje, uma convivência de povos, culturas e religiões como em Macau? Trabalhei no IHM e, em algumas oficinas, coexistiam no mesmo altar a N.ª S.ª de Fátima e o deus chinês. Se todo o mundo seguisse o exemplo....

É evidente que, estando em situação de "enclave cultural", os macaenses devem fortalecer as suas raízes de ligação à cultura própria, variante da cultura portuguesa, de que são exemplos Adé, Henrique Senna Fernandes, a Tuna Macaense, a "Doci Papiaçam", etc.

Um abraço fraterno

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Caro Anónimo das 0:59, 10:38 e 10:53 e 14:20,

Já reparou que as nossas divergências partem logo da concepção e percepção da relação política da pessoa para com a sociedade?

1. Acredito que todos os homens que partilham das mesmas origens, do mesmo Bem Comum, mesma história, mesma cultura, mesmas tradições, mesmas crenças, que pensam, falam e rezam na mesma Língua, têm um modo peculiar e particular de estar e de ser no mundo constituem um Povo, uma Nação e que poderão organizar-se em forma de Estado, e neste caso de um Estado-Nação. Sendo ainda a família como núcleo basilar da Nação portuguesa e o Estado Português a sua organização política, Portugal tem a particularidade de ser constituído por uma Nação que pela força das circunstâncias foi tornada universalista, ou seja está pelo mundo inteiro em pedaços repartida. Portugal é o conjunto de todos os portugueses que já morreram (os mortos), os que vivem (nós) e os que estão ainda para vir (nossos filhos) e por isso somos (comunidade macaense) parte integrante de Portugal, somos todos portugueses, apenas separados pelas distâncias geográficas e “diversificados” étnico-racicamente pela força das circunstâncias meio ambientais e naturais, produto da Expansão Imperial Portuguesa no Mundo.

2. Os macaenses só surgiram depois dos portugueses darem à costa de Macau, logo se tivessem chegados os holandeses ou britânicos a história seria outra, inequivocamente os macaenses são os portugueses de Macau e não de nenhuma outra coisa autónoma, acéfala sem lealdades políticas para nenhum dos lados. "Cidade do Santo Nome de Deus, de Macau, não há outra mais leal"!!! Quantos e quantos macaenses se orgulham desta divisa e se revêem nela conferida por Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom João VI? LEAL A QUEM?? LEAL A QUEM?? A PORTUGAL! A PORTUGAL! A PORTUGAL!

3. Por mais nobre e sério que esteja a defender o conceito de Macaense apenas de Macau, tem de explicar melhor certos processos evolutivos, dou-lhe até a pista para tal defesa, que nunca passará por um “corte” repentino e inexplicado só por causa de uma data que causou a mudança de soberania política de Macau, da Pátria Portuguesa para outras mãos. Eu até poderia conceber o Macaense apenas de Macau sem ser nem chinês ou português mas com estatuto de Nação, mas para os que defendem esta posição têm de ser coerentes e não será uma posição defensável e própria para e por cobardes, esses nunca a conseguirão defender porque não acreditam bem nela, ou seja, só será possível este pensamento se fosse levado às últimas consequências ou seja à independência e à autodeterminação de um novo Povo, do Povo Macaense, da Nação Macaense, da Pátria Macaense, fruto da evolução histórica e nova sintetização da identidade, identidade essa independente das identidades portuguesas ou chinesas. É preciso ser coerente com o que se diz e o que se pensa e a consequência última é levar à INDEPENDÊNCIA DE MACAU, COMO ESTADO SOBERANO, LIVRE E INDEPENDENTE, caso contrário não passam de ideias situacionistas para agradar a gregos e a troianos, são manobras de gente fraca que faz por sobreviver pelo caminho errado.

4. Eu sinceramente admiraria e daria crédito a alguém que viesse a terreiro e defendesse que os Macaenses são um Povo à parte do chinês e do português, que têm uma identidade própria apesar de comungar com um passado histórico comum, e que declarasse que seria a hora da Independência de Macau, da autodeterminação do Povo, seria a hora de iniciar essa luta pela independência dando inclusivamente a sua vida à causa. Como já referi por várias vezes, eu não apoiaria tal pretensão mas também não me oporia. Não apoiaria porque se sou integralista lusitano, teria de ser coerente e seria a favor da reversão de Macau a Portugal, mas como realista e se a vontade do hipotético povo macaense fosse a independência e não a integração, não me oporia, porque Portugal deu novos mundo ao mundo, foi fonte e origem de novas nações, novos Estados Independentes e Soberanos no mundo, para além de que se nascesse tal situação seria a partir de uma Macau de soberania chinesa que não diz respeito a Portugal (por ser assunto interno de um Estado independente e soberano). Além do mais, sou a favor do actual status quo, dos macaenses serem estrangeiros adventícios (portugueses de Macau) em Macau, acho que há boa base para a cooperação para o desenvolvimento de Macau com todos os seus agentes e autoridades chinesas, respeitando sempre Macau como parte integrante e inalienável da República Popular da China, ou seja aceitar de um ponto de vista realista a retrocessão do estatuto do português em Macau em 500 anos.

Mas ao contrário, pessoas que defendam que os Macaenses se tornaram em algo único que não seja chinês nem português e não reivindicam o estatuto de Povo autodeterminado, ou seja que não levam às últimas consequências aquilo em que acreditam e dizem, serão puros demagogos, seria uma situação de aproveitamento, de situacionismo, seria acima de tudo cobardia e traição àquilo em que supostamente tanto acreditavam, nos valores, princípios e ideais formulados.

Se alguma vez existir a tal situação da identidade macaense não ser nem portuguesa nem chinesa estarão abertas todas as condições para a autodeterminação do Povo Macaense, porque nesse momento acabou de nascer a Nação Macaense.

6. Comentários sobre as suas afirmações:

6.1."Mudança de soberania não implica o abandono de tradições ou de manifestações culturais."
Resposta: Pois não, nem nunca afirmei o contrário e reforcei a ideia que permanece ainda em Macau a alma lusitana macaense e é isso que defendo, por que me bato, pela Identidade Macaense como uma sub-cultura ou integrada na cultura portuguesa, por ser de MATRIZ (do latim, víscera em que se efectua a concepção; o mesmo que madre e útero. Lugar onde alguma coisa se gera. (…) que é fonte ou origem (…)) OU ORIGEM PORTUGUESA E NÃO DE MATRIZ OU ORIGEM CHINESA.

6.2. “O macaense não tem que ser português, ou Chinês. Independentemente da decisão de NACIONALIDADE que tomar, o Macaense É MACAENSE.”

Resposta: O macaense é português e no máximo dos máximos é luso-descendente por já não ter a nacionalidade mas ainda permanecer com a alma, o espírito Portvgvez. Caso contrário abre-se o precedente para o surgimento de uma Nação, a NAÇÃO MACAENSE e a PÁTRIA MACAU. É a isso a que se refere? Em caso afirmativo, seria levado a concordar consigo. Mas como não há nação nenhuma macaense, nenhuma Pátria Macau, nem nunca houve um corte, divórcio ou separação revolucionária da comunidade macaense de Portugal, logo os macaenses não são APÁTRIDAS, mantém a sua portugalidade, a sua Pátria portuguesa, consequentemente a sua nacionalidade portuguesa e alma portuguesa de Macau.

6.3. “Meu caro Vitório, servir "senhores" todos o fazemos, você serve o seu, mas será que está, como Macaense, a servir-se a si? Pelas suas palavras, assume que abandonou a sua terra. Ela já não é sua. Morreu em 1999. Esta terra onde estão enterrados os seus avós, onde provavelmente ainda tem casa, ou mantém familiares que prosseguem com os seus ritos, os costumes e rotinas de outrora.”

Resposta: Eu Vitório M. do R. Cardoso sirvo Portugal, por ser a Ditosa Pátria Minha Amada, para além da Pátria, sirvo a Nação portuguesa e faço por defender os nossos interesses que se estendem a Macau e ao mundo inteiro, com ou sem transferência de soberania, é um valor intrínseco do Conceito Estratégico da Defesa Nacional (da República Portuguesa).

Pelas minhas palavras e do grande poeta macaense (português de Macau) assumimos que Macau é que nos abandonou por reivindicação e quasi imposição de um potência estrangeira, a República Popular da China e em tempo oportuno, Macau despediu-se de nós macaenses (portugueses de Macau) como nosso solo Pátrio durante a tarde e noite de 19 de Dezembro de 1999, que até fizemos (nós portugueses) uma festa de despedida. Quem passou para a China, foram as pedras de Macau, nós macaenses, portugueses de Macau permanecemo-nos tal e qual como permanecemos há 500 anos, como portugueses em e de Macau, mas pela nova condicionante política, tornámo-nos também estrangeiros adventícios, pois a soberania chinesa estendeu-se a Macau, e nós naturalmente como portugueses, tornámo-nos estrangeiros em terras soberanas de uma potência estrangeira. Nós macaenses, portugueses de Macau não mudámos nada, rigorosamente nada, quem mudou de Bandeira Nacional foi a Cidade de Macau e Ilhas, nós como leais devotos a Portugal mantivemo-nos firmes e hirtos perante tal tragédia, mas como sou realista, respeito as novas e actuais condicionantes políticas, são os ventos da História.

6.4. Cultive e com gosto a cultura e identidade locais macaenses (portuguesas de Macau) tendo consciência que é parte integrante da portuguesa de Macau ou senão acarinhe de forme a tornar-se nos pilares de uma futura Nação e Pátria macaenses (alicerces de um futuro Estado independente, livre e soberano de nome Macau) ou será que existe um desejo ímpio dentre de si em querer ser chinês e arrastar toda uma comunidade portuguesa de Macau para a esfera chinesa? Tomo-o de boa fé e acho que não.

6.5. “Percebe, agora, quando coloco a nacionalidade e a identidade no mesmo "barco"?”
Resposta: Percebo sim e é por isso que a Identidade Macaense é intrínseca
à Nacionalidade Portuguesa, porque é ela própria uma manifestação da cultura portuguesa da Nação Portuguesa (portugueses de BI e Passaporte + Luso-descendentes)

7. Assim concluo a minha exposição sobre o entendimento do que é e não é a Identidade Macaense, a portuguesa de Macau, que eventualidade pode ser admirada por chineses, ingleses, filipinos etc… não é de apreciação exclusiva, bem pelo contrário.

Vejo em si um potencial independentista (em prol da Nação Macaense que não é nem portuguesa nem chinesa e da Pátria Macau, berço dos nacionais macaenses) ou então um demagogo situacionista ou agente traidor português ao serviço de uma potência estrangeira.

Saudações e obrigado pela partilha do seu entendimento sobre o assunto,
VRC

C disse...

P.S.- Os homens não se agarram à matéria pela matéria, agarram-se à matéria porque ela está imbuída de essência, de significado, de espírito e é por isso que valorizamos as coisas, porque só assim é que se tem ou faz sentido.
Por mais contos da carochinha que se contam, se nasci numa terra em que sempre vi flutuar a Bandeira das Quinas a substituição da Bandeira da Pátria por uma outra só poderei percepcionar como capitulação/retirada da minha Pátria nesse espaço territorial. Com o hastear de uma bandeira estrangeira na terra onde nasci, só poderei tomar por invasão. Mas contudo é apenas a minha percepção e sei que apenas tenho de respeitar as decisões dos órgãos de Estado da minha Pátria, de resto é conversa.

Anónimo disse...

Caro Vitório,

Macau é uma Região administrativa Especial da Républica Popular da China, resultado da política um país, dois Sistemas. A sua "autonomia" política está fundamentada na lei básica.

O que impede um Macaense, com NACIONALIDADE CHINESA, mas consciente da sua identidade e culturas próprias, de se tornar lider em Macau?

Leva a nacionalidade como o alicerce de todo o seu pensamento. Porque não consegue conceber que, em primeiro lugar, está a sua identidade?

Citação:

"Os homens não se agarram à matéria pela matéria, agarram-se à matéria porque ela está imbuída de essência, de significado, de espírito e é por isso que valorizamos as coisas, porque só assim é que se tem ou faz sentido."

Pois a identidade própria é a essencia, amigo. A nacionalidade, o título, de nada serve se é desprovido de identidade, de essência.

Fala de Nação Macaense. Nação Macaense será o dia em que Macau for respeitado como uma Região Administrativa Especial da China como um local de valor próprio. Acredito que esse valor está na sua singularidade cultural, na lusofonia, na identidade Macaense, pelas quais se poderá estabelecer a Ponte entre a Grande Potência económica do século XXI e o mundo lusofono, e não por ser a Las Vegas da China, um local de vício e de entretenimento, vampiro da economia deste país e sem valor estratégico futuro. Asia's Las Vegas é um título efémero, que se desvanecerá com o surgimento de competidores na região e até na própria China. Como qualquer parque temático, tem o seu ciclo de vida.

Esta é a nossa terra, e sempre será. Apenas o deixará de ser quando deixar de acreditar.

Digo-lhe mais: para o nosso conterraneo, o Dr. Pereira Coutinho. Muitos da nossa comunidade ainda o desprezam, catalogando-o como populista,obtuso, inculto, etc. Mas já reparou como é respeitado pelas várias comunidades locais?

Amar Macau como Macaense implica amar não só a portugalidade, mas tudo o que torna este sítio único. Amar a cultura chinesa local, os ritos, as nuances linguisticas, o humor, o sorriso e carinho de todos aqueles que connosco se identificam com a nossa terra, independentemente da sua "nacionalidade".

Uma questão retórica: Alguém se lembra dos "ilustres" macaenses de outrora? Julgo que não, a ver o resultado das ultimas eleições locais. E sabe porquê? Porque estes se esqueceram de "amar" Macau, de lhe falar, de quebrar barreiras e abrir pontes, com humildade, redescobrindo o espaço que ajudaram a construir, mas ao qual viraram as costas, colocando-se fechados em si próprios, ou procurando o apoio na comunidade portuguesa emigrante, sempre de mochila pronta para regressar à sua pátria para construir a sua mansão em Trás os Montes ou na província de onde vieram.

O macaense tem legitimidade de falar de Macau, de defender Macau e os interesses das suas gentes. Repare quantos se identificam com a voz do Dr. Pereira Coutinho? Veremos nas próximas eleições quantos votos terá.

Quem com mais legitimidade poderá chamar Macau de sua terra? De a sentir, de a defender?

Identidade, meu caro.

Falaremos pessoalmente sobre isto quando cá vier.

A cerveja é por minha conta!

Anónimo da 0:59

Anónimo disse...

Correcção:

No comentário anterior, no parágrafo que começa com "Digo-lhe mais: ", apaguei a palavra "olhe", que surgiria imediatamente a seguir.

A frase completa seria:

"Digo-lhe mais: olhe para o nosso conterrâneo, o Dr. Pereira Coutinho"

Há gralhas e gralhas. Esta necessitava efectivamente de correcção!

C disse...

Ilustre,

A Identidade está alicerçada na estrutura que nasce da Família, depois, da relação desta com toda uma Comunidade mais abrangente que comunga dos mesmos valores, crenças, hábitos, tradições costumes que constitui uma Nação.
Ora, os macaenses não tendo fugido a esta regra civilizacional, permancem portugueses tal como surgiram do ventre da Pátria portuguesa.

A cultura portuguesa é tão dinâmica que assimilou hábitos e tradições Americanas, Africanas, Asiáticas e Europeias, porque somos universalistas, adicionamos essas culturas todas e mais alguma à nossa e fazemos dessa nova amálgama cultural a noss rica cultura portuguesa, logo a cultura e identidade macaense à cultura portuguesa é-lhe indissociável.

Já disse, aqueles que apelam à Identidade Macaense como "não portuguesa" e "não chinesa" mas apenas de Macau, ainda considerada como potencial semente para a constituição de uma nova Nação, então que se batam por ela e não fiquem a meio caminho, batam-se por ela para que a hipotética Nação Macaense se torne AUTO-DETERMINADA, NUMA PÁTRIA MACAU SOBERANA, LIVRE E INDEPENDENTE E NÃO NOS SEUS TERMOS "LACAIA" DE QUALQUER UM OUTRO ESTADO, ou então à sombrinha da RPC. Caso contrário, repito, quem não levar às últimas consequências, não for coerente com aquilo que pensa e diz, NÃO PASSA DE UM DEMAGOGO DIALÉCTICO, que propositadamente omite certas passagens.

Do meu ponto de vista, acho até hipócrita e cobarde aquela gente toda que defende uma cultura macaense INDEPENDENTE mas que no fundo o que querem é submetê-la à sombrinha da RPC, em vez de "LIBERTÁ-LA". Então afinal em que estamos? São independentistas macaenses ou são integralistas chineses? Eu sou integralista lusitano mas mui respeitador das Convenções Acordadas pelo Estado português com Estados terceiros e da História e não escondo isso a ninguém.

A minha fórmula é apenas a tradicionalista, testada e comprovada por muitas nações de sucesso i.e. o Japão ou o Reino Unido. Os macaenses como portugueses de Macau, com a sua sub-cultura portuguesa que se identifica por Identidade Macaense de matriz ou de origem portuguesa poderá e deverá concerteza cultivar ainda mais as diversas culturas locais para as juntar à sua Identidade Macaense, que só enriquecerá no fundo a cultura universalista portuguesa. Isso é óptimo. Ser macaense é ser português de Macau e ter uma Identidade Macaense de matriz portuguesa em nada impede de enriquecer ainda mais a nossa cultura e a identidade através da absorção das múltiplas culturas difundidas no Oriente. Mas a marca registada, a patente dessa Identidade será para sempre Portuguesa, até ao momento em que a Identidade Macaense atingir a maioridade e passar a ter casa própria, ou seja a Pátria Macaense, o seu Estado Soberano, Livre e Independente. Caro Anónimo é isso que defende?

A Identidade Macaense passaria a fazer parte do Bem Comum da Nação Macaense, essa que terá de ser sine qua non Livre, Independente e Soberana, com direito ao seu solo Pátrio Macau não sob jugo de outra qualquer potência estrangeira portuguesa ou chinesa. A cultura chinesa nunca terá a patente da Identidade Macaense, porque ela nasceu das Cinco Quinas de Cristo, inscrita na nossa Bandeira Nacional desde a sua Fundação.

E já agora, «Amar Macau como Macaense implica amar não só a portugalidade, mas tudo o que torna este sítio único. Amar a cultura chinesa local, os ritos, as nuances linguisticas, o humor, o sorriso e carinho de todos aqueles que connosco se identificam com a nossa terra, independentemente da sua "nacionalidade".»

Sendo Macaense, português de Macau não poderá fazer tudo isto que afirmou? Acho que pode e deve, amar independentemente da nacionalidade. Caso contrário como é que se expandiria a Nação portuguesa? Pense lá? Para que nós portugueses cubramos o mundo inteiro, é preciso isso mesmo, amar o mundo inteiro e fazer filhos por aí, pelo mundo fora. A utopia será não haver um único ser humano no mundo que não tenha sangue português e como dizia Agostinho da Silva, qualquer dia o significado de ser Português é ser do Mundo.

Sobre o Dr. José Pereira Coutinho tenho a maior estima por ele, é alguém muito dinâmico, combativo, corajoso, é humilde, vem de origens humildes, singrou na vida, obteve vitórias políticas, tem um grande amor pela Pátria e Nação portuguesas, é amigo dos chineses e quantos macaenses em Macau somam uma experiência superior? E já agora, quais são ou quantos são os jovens macaenses dos 21 aos 35 anos que se batem pelas questões políticas e da Identidade e Cultura Macaense (portuguesas de Macau)? Quantos? É bom que surjam.

Para finalizar:

"Fala de Nação Macaense. Nação Macaense será o dia em que Macau for respeitado como uma Região Administrativa Especial da China como um local de valor próprio."

Meu caro, eu não falo de "Nação Macaense" porque não defendo uma Identidade Macaense fora do enquadramento cultural português.
Mesmo para quem defende tão acerrimamente uma Identidade e Cultura exclusivas de Macau, "sem ser chinesa nem portuguesa" até fica mal dizer "Nação Macaense será o dia em que Macau for respeitado como uma Região Administrativa Especial da China", o que só prova aquilo que há muito suspeitava, que é pura demagogia para no fundo dizer que a Identidade Macaense é Chinesa, isso é pura traição ao ideal da Identidade Macaense INDEPENDENTE E LIVRE, que só há um rumo a seguir, a AUTO-DETERMINAÇÃO, E EXIGÊNCIA DE INDEPENDÊNCIA DE MACAU como ESTADO LIVRE, INDEPENDENTE E SOBERANO.

Meu caro, defender um ideal é preciso defendê-lo até ao fim, e não traí-lo a meio caminho. A isso chamo de oportunismo. É enganar as emoções e sentimentos das pessoas.

Apesar de não partilhar da convicção da Identidade Macaense ser algo independente de Portugal, até poderia conceber que o ideal de uma Identidade Macaense verdadeiramente independente poderia ser nobre, mas se fosse levado avante a sua libertação e soberania, agora dizer "encontrar um lugar reconhecido na RPC" meu caro isso é ALTA-TRAIÇÃO AOS SEUS PRÓPRIOS PRINCÍPIOS. Já percebi que não tem convicções.

Prefiro, admiraria e o respeitaria muito mais, se o Anónimo viesse a terreiro defender que a Identidade Macaense era a chinesa, e que os macaenses devam integrar a Nação chinesa e tornarem-se grandes patriotas chineses do que estar a induzir a suposta Independência da Identidade Macaense, mas que afinal a moral da história é dizer que a tal "INDEPENDÊNCIA MACAENSE" SERIA DENTRO DA DEPENDÊNCIA CHINESA.... INDEPENDÊNCIA MACAENSE + DEPENDÊNCIA CHINESA = DEPENDÊNCIA CHINESA

Caro Anónimo, afinal, confesse lá se não fui directo à pretensão da sua alma? Pode perfeitamente discorrer por todo o meu discurso que não me encontrará com posições incoerente, porque tenho convicções, porque acredito. Se acredito em algo, sou leal e vou até ao fim, não abandono os meus ideais, as minhas convicções a meio, é um mau princípio até para a vida se a quisermos gloriosa e virtuosa.

Saudações,

Anónimo disse...

Caro Vitório,

Não procuro no seu discurso incoerência. É uma pessoa de convicções, que aplaudo. Vemos esta questão de maneira diferente. Pode não ter reparado, mas o nosso raciocínio coincide em vários pontos. Diferimos fundamentalmente na questão da identidade. Diz-se Português, igual ao "Zé" de Lisboa. Considera que a especificidade de ter nascido e crescido em Macau e a sua educação e manifestações culturais macaenses se assemelham a manifestações de uma qualquer região de Portugal Continental. Respeito a sua opinião. Eu, como reparou, discordo.

A si, ter uma identidade forte não chega: ou Macau é nação, ou não faz sentido ter-se uma identidade própria.

Eu discordo. Independentemente da Nação, a identidade é a essência, o ponto que une e define a cultura de uma região. Macau sempre foi um cidade de intercâmbio, de harmonia e de amizade, como diz. COmo Região Administrativa Especial da China, o seu papel não muda. Muda a Administração, mantém-se (ou deverá manter-se, como acredito), a alma, e a identidade.

O Vitório está aí, na sua Pátria. Certamente se sente bem, considerado pelos seus irmãos metropolitanos e culturalmente preenchido na sua identidade Portuguesa.

Eu cá estou, na minha terra, com as minhas gentes, a ver a nova geração a crescer, sedenta de conhecimento, de aprender quem são, onde estão e onde pertencem. Cá estarei para lhes mostrar os poemas do Adé, para lhes contar a história deo "ataque" de 24 Junho, mas também para lhes contar a história da lenda da Deusa A-ma e do templo, do Joi Long (Dragão Embriagado) e a incentiva-los a ver os Doci Papiaçam di Macau e a compreenderem a opera Cantonense. Falar-lhes-ei de Camões e de Pessoa, mas não evitarei Confucio ou Lao Tsé. E, acredite, sinto-me igualmente preenchido na minha identidade, mas como Macaense, muito mais hoje, quando se coloca em causa essa singularidade por irresponsabilidade governativa de gentes que não amam Macau e que apenas a procuram explorar por proveito económico próprio. Mas as gentes de Macau não são cegas, e o próprio governo central já mandou sérios avisos a esses "senhores". Não sei se reparou, mas os "vira casacas" que desprezavam a essência de Macau mudaram completamente o seu discurso nos últimos tempos...

É assim que sinto ser "macaense". É muito mais do que ser um português da região autonoma da Madeira. É ser-se Macaense por ser-se fruto de 500 anos de dialogo e comunicação, de abarcar traços e ritos únicos de culturas tão diferentes e distantes, e de ao mesmo tempo ter uma voz própria, uma linguagem distinta, uma comunicação única. É ser-se de Macau, de amar esta terra e a sua cultura, e defende-la, independentemente de quem administre. Macau sempre foi considerada como terra de passagem- por portugueses, por chineses, e por quem cá passou. Quem cá ficou, Vitório, quem cá criou raizes, procriou, criou ritos, encontrou aqui a sua terra- essa gente é a gente Macaense. Essa gente amou macau, fez dela a sua terra. Nós somos o resultado disso, assim como os Chineses de Macau e aqueles que não vêm para aqui apenas de passagem, para ganhar dinheiro, fechando-se no getto da sua comunidade, discutindo assuntos do seu país, alheios ao mundo que lhes rodeia e que ao fim de semana passeiam com o seu "chaço" comprado a custo a pensar nas poupanças angariadas para o regresso à sua "Pátria", sejam estes chineses do Continente, portugueses, Filipinos, Americanos, etc.

Acha-me "invertebrado"?

Invertebrado, seria se abandonasse a terra que me viu nascer e que me criou, e não falo de administração, meu caro, mas sim das ruas, os amigos, as gentes que me viram crescer e cresceram comigo, as várias tradições e códigos únicos que encontramos em cada esquina deste pequeno grande mundo, e as suas linguagens. Esses códigos únicos aliados à minha educação escolar (portuguesa leccionada em Macau) e familiar formam a minha identidade Macaense, que com outros cidadãos de outras étnias e nacionalidades "legais" tem em comum o partilhar essa linguagem, ou essas linguagens únicas, que são Macau, amando-a.

Tenho pena que não consiga ver isto. Acredite, não é demagogia.

Abraço

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Meu caro,

Não tenho culpa que por natureza tenha uma visão atomista da sociedade e internacionalista do mundo.

"Independentemente da Nação, a identidade é a essência, o ponto que une e define a cultura de uma região"

Não há identidade regional sem que pertença a uma identidade imediatamente e naturalmente mais ampla a NACIONAL. Caso contrário a identidade regional tornar-se-ia numa identidade nacional i.e. País Basco ou Catalunha. Defender uma identidade regional potencialmente nacional é sua obrigação moral de defendê-la até às últimas consequências, caso contrário é cobardia, traição e demagogias dos próprios ideais que confessa e prova que não tem convicções.

Já ouvi muita teoria sobre o "salto" da organização regional directamente para a organização supra-nacional, evitando a Nação e isso tem um nome MARXISMO. É uma via que tende para o federalismo, para o esclavagismo e consequente destruição das Nações livres, independentes e soberanas, tal como se reconhece aos Estados-Nação.
Processo de formação de uma Comunidade (de Povo) Política:

1. Pessoa 2. Família 3. Bairro 4. Nação »»»» politicamente organizados = Estado Nação e posteriormente surgem:
5. Organizações Internacionais de cariz intergovernamental 6.Outras OI's de tendência supranacional

Sendo Macaense (português de macau) é tão português como um do Alentejo ou do Minho, mas com outros conhecimentos, com algumas especificidades locais ou regionais próprias do enclave oriental, mas não deixa de pertencer ao todo nacional português. O Minchi de Macau faz parte da cultura portuguesa, tal como o faz o gindungo de África ou o caril das Índias, ou o Maracujá do Brasil.
A isto chama-se diversidade cultural nacional. Devido à tradição imperial portuguesa, Portugal é uma Nação culturalmente enriquecida e universal, o que quer dizer que as várias culturas existentes no mundo inteiro fazem basicamente parte da cultura portuguesa, abrangente de quase todos os continentes. Logo há pleno espaço para cada português no mundo amar e absorver toda a cultura à sua volta, para fazer dessas culturas a nova cultura portuguesa »»»»

O DINAMISMO DA CULTURA PORTUGUESA:

CULTURA PORTUGUESA + NOVAS CULTURAS DO MUNDO = NOVA SÍNTESE CULTURAL que se transforma na NOVA CULTURA NACIONAL.

Querer apagar o conceito de pertença nacional é ser apologista do internacionalismo ideia original dos comunas/socialistas, de um mundo sem nações nem pátrias. Se assim for estamos conversados, porque disso nunca comunguei e sou visceralmente contra.

Para quem defende uma Identidade Macaense Independente sine qua non tem de defender o surgimento da Nação Macaense e Independência de Macau, a sua Pátria, para que essa Identidade possa respirar na sua plenitude, para que sejam os "cidadãos nacionais macaenses" (País Macau) dessa Identidade a comandarem os seus destinos NA PLENITUDE, OU SEJA EM MATÉRIAS GOVERNATIVAS DA DEFESA NACIONAL, NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E CONSTITUCIONAIS. Caso contrário é não acreditar nas premissas que defende é estar a defender causas a meio gás, é não acreditar no fundo aquilo que defende.

Como não acredito nem defendo a Identidade Macaense nesses moldes como independente, não sou eu que terei de descalçar essa bota, uma vez que a Identidade Macaense é a Identidade do português de Macau que aí vive há 500 anos, a partir do momento que o Pai português começou por aí (Oriente) a fazer filhos e assim expandir a Nação portuguesa pelos Orientes, nasceu a Identidade Macaense.
Quantos mais filhos os portugueses fizerem no Oriente, e principalmente na China ou em Macau, mais reforçará a presença e expansão nacional portuguesa por essas zonas o que reverterá a favor do Bem Comum do Povo português.

Seja corajoso e tenha convicções sérias daquilo que diz que acredita, ou se vê que é muita areia para a sua camioneta diga "defendo a Identidade Macaense como parte integrante da cultura chinesa", olhe que se fosse assim seria mais coerente com aquilo tudo que já expôs e defendeu, porque como volto a frisar, o caro Anónimo não defende afinal nenhuma Identidade Macaense INDEPENDENTE que pelas últimas consequências levaria a defender uma nova Identidade Nacional, como não é isso que se trata, é então demagogia pois NÃO HÁ CULTURA REGIONAL QUE NÃO PERTENÇA A UM TODO NACIONAL OU ENTÃO QUE SEJA ELA PRÓPRIA UMA CULTURA NACIONAL. NÃO HÁ NADA QUE SABER.

Escolha: 1ª hipótese diz que a IM terá de ser a) portuguesa ou b) chinesa ou a 2ª hipótese que será ela mesma independente e nacional macaense?

Não tenha medos, é Anónimo e escolha. A minha é aquela em que a IM é parte da cultura portuguesa.

Anónimo disse...

Que discussão interessante , sempre ouvi dizer que da discussão nasce a luz, embora, dificilmente se entre o politico e o idealista...
É sempre de salutar esta troca de ideias desde que se respeitem mutuamente.

Para ti anónimo 00:59 :
"O ideal é um poderoso bálsamo que duplica a força dos homens de génio e mata os fracos"
Stendhal

Para ti Vitório:

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal"
Nietzsche

E para terminar :
"Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente"
Fernando Pessoa

Anónimo disse...

Que discussão interessante , sempre ouvi dizer que da discussão nasce a luz, embora, dificilmente se entre o politico e o idealista...
É sempre de salutar esta troca de ideias desde que se respeitem mutuamente.

Para ti anónimo 00:59 :
"O ideal é um poderoso bálsamo que duplica a força dos homens de génio e mata os fracos"
Stendhal

Para ti Vitório:

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal"
Nietzsche

E para terminar :
"Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente"
Fernando Pessoa

Anónimo disse...

Só uma dúvida Vitório:

"Não tenho culpa que por natureza tenha uma visão atomista da sociedade e internacionalista do mundo."
e
"Querer apagar o conceito de pertença nacional é ser apologista do internacionalismo ideia original dos comunas/socialistas, de um mundo sem nações nem pátrias. Se assim for estamos conversados, porque disso nunca comunguei e sou visceralmente contra. "

Em que ficamos?

C disse...

Caro Anónimo das 8:16,

Fui respondendo aos Anónimos, pelos vistos não são as mesmas pessoas, ou até poderão ser para lançar confusão, mas o diagnóstico que faço dele(s) é o seguinte:
São tendencialmente socializantes e/ou progressistas individualistas, e multiculturalistas no sentido de valorizarem todas as outras culturas em detrimento da sua.
Confesso que terei de amadurecer esta análise.

Sobre Nietzsche, não tenho boa impressão das ideias do rapaz até do pouco que pude discorrer na diagonal sobre uns resumos do seu pensamento político-filosófico. Tentarei aprofundar-me sobre este relativista e revolucionário, fonte do pensamento totalitário i.e. Fascismo e Nacional-Socialismo, para responder de forma coerente à sua questão, vulgus, arrumar as ideias.

Saudações,

Anónimo disse...

Caro Vitório ,

Em primeiro lugar não sou vários anónimos, sou um anónimo, o 8.16 se quiser, gostava mais de ser o 8.18, nada como um bom feng-shui.
“Fui respondendo aos Anónimos, pelos vistos não são as mesmas pessoas, ou até poderão ser para lançar confusão”. Não consigo sequer pensar em qual o interesse que poderia advir do “lançar a confusão” , mas o Vitório lá saberá dessas técnicas que eu sou pouco utilizador destas “modes internauticas” .
Ora bem, comecemos pelas simpáticas ideoligias que me atribuiu “socializantes e/ou progressistas individualistas, e multiculturalistas no sentido de valorizarem todas as outras culturas em detrimento da sua” confesso que nunca me caracterizaram com tanta coisa tão contraditória ao mesmo tempo..... Mas para matar a sua curiosidade o mais próximo que estarei de uma ideologia será porventura a Anarquia.

Sabe, percebo pouco de politica e não estou tão pouco interessado em discuti-la mas ao contrário do Vitorio até percebo um pouco de culinária e na minha modesta opinião está um pouco confuso em relação a confecções, ingredientes e frutos originários de determinadas regiões..... “O Minchi de Macau faz parte da cultura portuguesa, tal como o faz o gindungo de África ou o caril das Índias, ou o Maracujá do Brasil.”
Tenho a certeza que brevemente o “Pau de Cabinda” será reivindicado como pertença à Cultura Portuguesa. A “Pita Shoarma” é que era uma boa ideia afinal de contas há um pouco de sangue árabe em cada um de nós, In sha Lá.....
Pois, não gosta de Nietzsche uma pena, mas olhe que ele até está conotado com algumas ideologias que defende, eu acho-lhe graça como a tantos outros no fundo.

Não sou uma pessoa de grandes convicções e aí mais uma vez concordo com ele "as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras" quando são cegas é certo , mas na realidade só chega à verdade quem não julga detê-la.
Não sou dono de nenhuma certeza o que me permite na mais pura das modéstias observar o mundo e tentar percebê-lo, se calhar sob o ponto de vista de alguns serei um “Invertebrado” pelo simples facto de me questionar e estar aberto a aprender com os outros saberes das mais diferentes correntes e ideologias... mas que importa os outros não é verdade?! E nos dias que correm há uma certa tendência em confundir “verticalidade” com alguma teimosia e alguma ausência de abertura de espírito.

Bem, mas vamos ao que interessa que é esta converseta toda do ser macaense e de ter nacionalidade portuguesa ou chinesa e a identidade e isto e aquilo, ok, agora era a parte em que entrava o esoterismo “Somos todos energia independentemente da nacionalidade ou raça” and so on, and so on, mas não o vou fazer até porque na realidade não detenho esse saber muito embora o ache de todo fascinante.

Acho piada a essa conversa, e a esta troca de comentários, quando não insultuosos, sobre a identidade e hoje dei por mim a pensar qual seria a minha? E mais do que isso, qual seria a minha pátria, e na realidade se a pátria fosse a nossa nacionalidade não sei como me dividiria... Cheguei à conclusão que não tenho identidade definida, sou um cidadão do mundo e o mais próximo que tenho de pátria é a minha casa e a minha família, esteja ela onde estiver, será que tenho um problema grave?! Por uns posso ser considerado individualista em absoluto por outros quiçá um universalista, isto das interpretações que damos à avaliação do outro tem muito que se diga. Mas, confesso que a ter alguma subscrevia as palavras do anónimo 00.59 concordo plenamente com a visão do todo que tem de Macau e não o acharia de todo um “idealista” se a história de Macau não fosse feita de tanto contra-senso que ainda poucos ousaram contar... lá virá o tempo.
Talvez se nas escolas portuguesas tivessem incluído o chinês no curriculum, a história de Macau, formação sobre a cultura chinesa etc etc e quiçá se nas escolas chinesas tivessem incluído as mesmas ao invés de terem o inglês como língua obrigatória e fosse leccionada unicamente a história de Inglaterra não acharia o 00.59 hoje um idealista, aliás se perder mais tempo a pensar neste assunto vejo-me obrigado a partilhá-lo com ele.

Nunca se tentou uma politica de integração e nos últimos anos foi o que se viu, formação de quadros, formação de quadros para a transição.
Portugal deixou sem dúvida uma administração pública bem montada é certo, lá nisso somos especialistas e os quadros?!
Mas voltando o tempo atrás lembra-se certamente de ouvir falar dos portugueses de 2ª e dos portugueses de 1ª?! Mas, enfim, todos pela mesma pátria marchar marchar.... Houve uns quantos que marcharam para outras não fossem para ao quadro do Ultramar e rumarem às Africas.
Engraçado que me lembro de umas histórias de que os Portugueses que vinham requisitados do Continente tinham mais regalias que os nascidos em Macau e ingressavam no Estado... será que sonhei? Aquela história dos caixotes e outras mais serão fruto da minha hábil imaginação?

Como lhe disse não percebo nada de politica, sou um cidadão comum que viveu metade da sua vida nessa terra tão peculiar e outra metade aqui, mas na minha humilde opinião não me ocorria ir governar um país sem ser com as suas gentes... será assim tão disparatado? Deve ser, para isso não ter acontecido, só pode.

Eu acho que as pessoas de Macau têm uma identidade própria sim, e eu espero que continuem a ter, que a preservem e acima de tudo que a transmitam, que não a transformem numa pequeno legado cultural português como é Malaca que por muito bons que sejam os camarões e a boa vontade do dono do restaurante do largo, sabe a tão pouco..... Pouco importa se têm a nacionalidade portuguesa ou chinesa, são de Macau.

Há uns anos (antes de 1999) esteve cá um professor de uma escola chinesa a passar umas férias, eu, a pedido de um amigo chinês, levei-o a passear. Nessa visita acabei por perceber mais o sentimento do povo chinês residente em Macau que em tantos anos que lá vivi, embora tivesse muito amigos chineses , mas devido à tenra idade havia assuntos que decerto não eram abordados. Dizia-me ele que não tinha nada contra nem a favor sobre os Portugueses, apesar de em pleno Sec XX achar que a agricultura era a nossa única forma de subsistência, da nossa história pouco sabia, a não ser na parte que se cruza com a de Inglaterra. Dizia-me entristecido que nunca lhe fora permitido o acesso a uma carreira no Estado pela sua nacionalidade e ausência de formação na escola Portuguesa. Que gostava muito de Macau mas tinha esperança no futuro da RAEM porque o povo chinês tinha sido esquecido e agora finalmente poderia fazer algo mais. Curioso que não fazia ideia quem era o Governador e/ou os governantes. Tão curioso como eu vir de férias no verão ao continente e perguntarem-me se Macau ficava em Africa. Confesso que nos anos 90 isso mudou, devido ao Governador Melancia e ao seu infeliz fax toda a gente ficou a conhecer exactamente a localização geográfica de Macau.

Não acha Vitório de tão patriota que é que devíamos pelo menos ter mostrado um bocado da nossa história? Ao invés de algumas vezes convidarmos artistas que até exposições com “papeis dos mortos” faziam, que certamente sabe do que falo, fizeram em pleno ano novo chinês?!
Eu até acho bonito o patriotismo, aquela coisa do Scolari e das bandeirinhas, teve a sua graça, e é certo que na vizinha Espanha o patriotismo deu um certo jeito, mas eu prefiro ouvir o Robert de Niro na língua original se faz favor.

Sabe Vitório se não fosse tão radical até poderia conseguir que fosse aceitável o seu ponto de vista, mas esse discurso tão cheio de Nação Portuguesa/Pátria etc etc.... faz distorcer qualquer sentido mais sincero que queira dar às suas palavras...

É tão giro quando os meus amigos de Macau vêm cá, quando numa frase usamos o chinês, o inglês e o português! Será que os alentejanos fazem o mesmo quando vêm a Lisboa?

Poderia continuar a escrever, a escrever e a escrever mas isto já vai longo, sabe quando escrevemos da alma dá nisto, muitas vezes pode parecer sem sentido ou mesmo contraditório mas que são os sentimentos?!
Obrigada ao autor Leocardo por ter colocado este post e obrigada ao 00.59 e ao Vitório por acordarem algo que estava há tanto adormecido......
Cumprimentos e não se zangue

Anónimo disse...

Vocês drogam-se todos, mas é! Os macaios são umas serpentes: ora são tugas, ora são chinos, conforme lhes convém. Antes de 99, o Leonel Alves andou com as calças nas mãos, cheio de medo do papão vermelho. Agora que já percebeu que o papão se rege pelo cacau, já é vermelhusco também (ou não fosse lampião) e até sente orgulho quando ouve o hino nacional da RPC, esse bando de filhos-da-puta mais imperialistas do que qualquer outro país. Vão mas é todos para a puta que vos pariu!

C disse...

Caro Anónimo,

Gostei da sua sinceridade, deste seu último postal, talvez o melhor de todos. Gostei, porque não tinha a certeza de que origem era o seu pensamento político. Toda a nossa expressão é essencialmente política, principalmente no que toca às questões da gestão dos assuntos públicos, da Cidade, da Res Publica, da gestão do Bem Comum. Não é preciso ter estudado política para ter certos comportamentos, pensamentos politicamente catalogáveis, isso fica para os politólogos, os cientistas políticos que analisam tudo isso. Vejamos, pela educação recebida na RPC, mui provavelmente a grande maioria que tem estudos mínimos têm a cartilha comunista na ponta da língua sem sequer saberem o que é o comunismo ou outro ismo qualquer.

Tudo o que defendo, garanto-lhe que Nietzsche não partilha da mesma opinião, até pelo que sou tradicionalista, pela tradição, pela continuidade contra o pensamento da criação de um "novo homem", do "super homem", ou do "novo Portugal" ou da "nova história". Este corte ou esta separação do passado com o presente é muito perigoso, porque abre alas para abusos, para a relativização dos valores, abstracção do bem e do mal, que pode levar a grandes desastres como já foi comprovado quando matrizes de pensamento revolucionário (Anarquismo, Comunismo, Socialismo, Nacional-Socialismo e Fascismo) foram postas em prática (criação de uma nova ordem, novo homem). É disto que discutimos, da questão da nossa origem, da continuidade. A continuidade conservadora, tradicionalista sempre foi o segredo do sucesso de várias nações que andam no topo do mundo tal como o Reino Unido ou o Japão, entre outros tantos exemplos.

Tentarei aprofundar tudo isto, dentro de dias, por falta de tempo. Mas gostei da sua confissão última, que já suspeitava que era isso que pensava e tive a confirmação.

Há muita tendência e muitas vezes por ignorância ou má fé, de associar a Direita conservadora e tradicionalista aos "populares" termos como Fascismo ou Nacional-Socialismo e porquê? Porque a Esquerda sempre viveu disso, sempre viveu e se alimentou de um pretenso e falso inimigo (Fascismo/Nacional-Socialismo). Estas teorias políticas não são mais do que a mesma coisa, têm a mesma matriz, a mesma origem, é farinha do mesmo saco. Por isso, para que não tenham rival e para secar o terreno da verdadeira oposição, dos seus antípodas que são os Conservadores e Tradicionalistas, inventaram que os verdadeiros inimigos são os fachos e nazis, para que os opositores intelectualmente menos formados enveredassem pelo caminho dos falsos inimigos e esvaziar assim o campo de apoio dos reais inimigos. A que se chama a "Direita da Esquerda" ou a "Extrema-Direita da Esquerda", acrescentando que o pensamento liberal é um pensamento primogénito da esquerda, que nasce de uma crença tipo religiosa da total e absoluta individualização da sociedade, da tal sociedade atomista, sem comunitário, sem Comunidade, logo sem Nação nem Pátria...

Saudações e uma Santa Páscoa em Família,

C disse...

Caro Anónimo,

Neste período da Quaresma, gostaria de partilhar consigo uns pequenos artigos, bastante interessantes para reflexão até sobre o que temos vindo a discutir, se tiver "paciência" para os ler, de certo que não ficará a perder, depois, gostaria de saber do que achou dos textos.

http://lusavoz.blogspot.com/2008/03/sobre-divinizao-da-dvida-dicotomia-f.html

http://lusavoz.blogspot.com/2008/03/incapacidade-de-ordenar-em-interessante.html

http://www.alamedadigital.com.pt/n10/

Boas férias,

Anónimo disse...

Anónimo da 0:59 responde (eu, portanto)

Meus caros,

O último comentário que mandei foi às 3:38 do dia 18 de Março.

Tenho acompanhado com interesse os comentários desde então, mas na "bancada".

Devo dizer ao novo "anónimo" que concordo com o Vitório em alguns pontos, porém, por motivos diferentes. tentarei explicar esse ponto-de vista, mas peço que aguentem as primeiras frases do raciocínio, que se segue. Parecerá lugar comum, mas aguentem que perceberão onde quero chegar.

Sabe, pensamentos como o do Vitório surgem hoje em dia em resposta ao fenómeno da Globalização. Sim, esse bicho de sete cabeças, que até já chateia falar no assunto. mas actual, e genese destas "crises" que encontramos um pouco por todo o mundo. O conceito de globalização, que, calculo, o novo anónimo defende, na sua componente ideoógica, é uma útopia não diferente do Quinto Império do nosso Vitório, ou a sua "Globalização portuguesa".

Sabe porquê? Pelos moldes como a nossa sociedade evoluiu, principalmente no último século. Com o surgimento dos mass media e a época da reprodução de massas, é lugar comum falar-se de "cultura de massas". Esta cultura de massas, que poderia, novamente num ponto de vista ideológico, ser a partilha universal da singularidade dos povos de forma pacífica, na realidade, está sujeita às regras impostas pela organização socio-politica dos chamados "mais fortes". Exporta a globalização, portanto, uma mensagem de raiz capitalista e de consumo.

Na sociedade de consumo, a "partilha" limita-se s ao que vende, ao que serve os interesses da economia, e não às manigfestações genuinas e singulares dos povos. As manifestações culturais que não são rentaveis, que não trazem beneficios á economia, quer nãosão consumiveis são esquecidas, "consumidas" de forma selvagem pelo surgimento da cultura de consumo global.

Eu acredito que as manifestações culturais dos povos, os seus ritos, as suas linguagens próprias e únicas são dos bens mais preciosos da humanidade. , hoje, porém a existência de singularidades culturais "não comercializáveis" é posta em causa, devido à ""censura e obliteração por um novo tipo de ditadura- a ditadura dos média, da selectividade da informação de massas. Os média, se não repararam, são invariavelmente controlados por interesses económicos. Nos moldes da sociedade de consumo, a comunicação de massas é o principal comunicador dessa mensagem de homogenização "coca-cola".

Macau é um local seriamente comprometido pelas regras deste novo jogo Mundial. Sou Macaense, os ritos tradições, mainifestações cultutrais genuinas e únicas de cá, A cultura Macaense, que abarca 500 anos de intercambio entre dois mundos diferentes, é singular, linda, válida e pertinente no mundo em que estamos.

Serei idealista por acreditar na identidade Macaense neste mundo com estas regras de jogo?

Acredito que sim. A singularidade de Macau está na sua cultura única. Na sua identidade. A Républica Popular da China deu a Macau autonomia para encontrar o caminho de encontrar o seu lugar e significado na Patria Chinesa. Esse significado somos nós que o traçamos. Asia's Las Vegas, bandeira da sociedade de consumo global obliterante? Da Gucci, Prada, Coca-Cola? Ou Local de intercambio, de riqueza cultural única e de partilha entre o mundo Lusofono e o "Império do meio" ?

Fico-me por aqui.

Abraço.

Anónimo disse...

Correcção:

Escrevi assim:

"Sou Macaense, os ritos tradições, mainifestações cultutrais genuinas e únicas de cá, A cultura Macaense, que abarca 500 anos de intercambio entre dois mundos diferentes, é singular, linda, válida e pertinente no mundo em que estamos. "

naturalmente que me esqueci de estruturar a frase. Escrevo assim, deixo fluir o pensamento e depois é que o organizo. Felizmente que não ganho o pão a escrever... Aqui vai a correcção:

Sou macaense pela minha cultura, pela minha identidade Macaense, formada pelos ritos, tradições, manifestações culturais genuinas e únicas de cá. Esta cultura macaense, resultado do intercâmbio de culturas por mais de 500 anos entre dois mundos diferentes é linda, única, pertinente e válida no mundo em que estamos.

C disse...

Caro "Anónimo da 0:59 responde (eu, portanto) - 23:51",

Gostei da sua sensibilidade para a questão.
Contudo, advirto para que a Globalização não seja desculpa para manifestações "étnico-racialistas identitárias e/ tribalistas" (i.e. culto celta, han, visigótico, etc...) e ainda por cima no caso português nem faria sentido porque seria regredir em termos CIVILIZACIONAIS portugueses. Os portugueses são mais do que um Povo, são uma Civilização, de capacidade de expansão imperial no sentido Romano, de cariz universalista, a GLOBALIZAÇÃO EM PORTUGUÊS OU PORTUGUESA.

Somos dos poucos no mundo perfeitamente aptos, quiçá feitos à medida para singrarmo-nos como civilização nesta globalização que iniciámos e que já vai na sua III edição.

A Identidade/Cultura portuguesa é berço de várias outras no mundo, cerca de uma dezena, senão mais. Daí que saindo da "alçada" da cultura portuguesa o único caminho e destino a ter é o do surgimento de uma nova identidade/cultura livre e independente. O sentido da evolução das identidades e culturas tem sido esse, é um processo natural e orgânico à imagem do homem, pois nascem, crescem, tornam-se adultos, logo independentes, procriam, perpetuam e morrem.
É por isso que friso, a cultura ou identidade macaense é portuguesa, até à data em que ela se tornar independente com contornos de pilar constitutivo de uma Nação livre e independente com uma Pátria fundada, até lá (a identidade macaense) permanece em casa (Nação) dos pais, a portuguesa. Não há nada que saber.
Mesmo que uma família estranha adopte o filho, a biologia desse filho, o seu ADN não se altera, permanece fiel à sua origem, à sua matriz, até pode imitar bem os pais adoptivos, mas o que já vem de origem "programado" (ADN/comportamentos/modo de ser) há-de vir ao de cimo, sem escapa possível.

Santa Páscoa em Família para todos,

C disse...

Realço um ponto, para a Segurança e Defesa da República Popular da China, não lhe interessa que nasça ou surja uma outra identidade nacional dentro do seu seio, que nasça ou surja uma outra nação no seus espaço territorial, por isso, não interessa muito à China, ou de todo, que a generalidade dos macaenses (portugueses de Macau) se tornem chineses, porque aí a questão da Identidade Macaense já poderá causar desconfortos à China, porque cairia fora da Nação chinesa, poderia ameaçar a unidade enquanto cidadãos chineses.

Já repararam que a China não afirma que tem várias nações dentro do seu Estado mas sim várias etnias? Pois é.

Enquanto os macaenses (portugueses de Macau) permanecerem com o estatuto de estrangeiro adventício, podem exaltar o que quiser, celebrar a sua Identidade à vontade, sem nunca criarem problemas de separatismos na China, porque são estrangeiros e não nacionais chineses. As autoridades de ambas as partes continuarão a celebrar conjuntamente as festas com toda a alegria, dar vivas à saúde e etc... e "iam seng, kón pui", todos amigos, enfim.

Espero que percebam isso, é também o entendimento do Professor Jorge Miranda, é uma fórmula que não estrangula nenhuma das partes, é benéfica para ambos (Portugal e China), situação ideal para uma cooperação de ganho-ganho entre as partes (não se mata/abre a galinha para lhe extrair mais ovos de ouro). Se algum macaense (português de Macau) quiser tornar-se chinês, que se torne, mas será apenas mais um entre os muitos mil milhões (se tiver cunhas e algo para dar em troca poderá subir mais uns graus na consideração chinesa), sem perigo de constituição de uma Nação Macaense e que num futuro longínquo venha a exigir-se separatismos. Assim está-se bem!

Portanto para aqueles que querem de facto preservar a Identidade Macaense não será nunca pela estratégia da graxa, ou do sacudir a água do capote, basta apenas assumí-la como portuguesa que a China assim apoiará para todo o sempre, enquanto o mundo lusófono lhe servir em termos geoeconómicos. Quando esse interesse terminar e não houver outro substituto, a China será muito pragmática, um bacalhau e um "Chói Kin".

C disse...

Caro Anónimo das 8:04 de 18 de Março de 2008,

«Para ti Vitório:

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal"
Nietzsche»

Sobre a citação que me dedicou, e que tive a oportunidade de lhe recordar, que foi uma dedicação um tanto ou quanto descabida, para não dizer absurda, uma vez que Nietzsche é um autor que defende ideias político-filosóficas contrárias às minhas, mas tive de reler alguns artigos, recordar algum do seu pensamento de que já desconfiava e enfim, apesar de infelizmente não ter mesmo tempo para discorrer sobre toda a bibliografia de Nietzsche, ou pelo menos das obras mais célebres, apoiei-me mais em resumos de autores vários que analisaram o seu pensamento teórico-político ou filosófico.

Como tive a oportunidade de afirmar, Nietzsche era um relativista, um relativista moral, um pós-modernista, anti-cristão, anti-nação alemã e para espantos dos espantos um orgulhoso e afirmado APÁTRIDA. Nietzsche nascido prussiano, na fundação do Império Alemão, o filósofo rejeitou a passagem para a nacionalidade alemã e permaneceu APÁTRIDA, considerando-se apenas como Europeu.

Ora, creio que todo este gesto repercutiu-se sobre variadas teorias políticas, todas elas com um tronco, uma matriz comum, a revolucionária, na tentativa de criar um novo homem, a nova sociedade, quebrando com a tradição, todos os laços da continuidade dos costumes e do pensamento filosófico jus-naturalista católico. Em resultados práticos foi fonte e origem que permitiu descambar em ideologias revolucionárias e totalitárias tais como o Anarquismo, Comunismo, Nacional-Socialismo e Fascismo, ideologias essas apologistas do valor do igualitarismo, que todos têm de ser iguais em todos os sentidos (maoísmo?), como bem sabemos, o igualitarismo contrasta com a liberdade, porque a sua acção é feita através da coacção do Estado à pessoa, nem que seja através da mais subreptícia coacção sobre a pessoa humana para conseguir atingir o fim almejado. Mas nem assim é possível, porque nem fisicamente somos iguais quanto mais, intelectualmente.

Por isso que sou tão desconfiado da chamada Identidade Europeia ou do Cidadão do Mundo, do não ser nem grego, nem troiano, mas disparates.

Ter a Identidade Macaense (portuguesa de Macau), sendo português, em nada impede de se ser um homem do mundo - do Universalismo.

Fernando Pessoa, ao contrário do que alguns por aí insinuam, como sendo anti-Salazarista, logo anti-fascista (como Salazar fosse fascista), o seu protesto contra o então Presidente do Conselho, não foi mais do que achar que Oliveira Salazar deveria ser alinhar no pensamento futurista, fascista como na Itália em vez de ser apenas um Nacional-Católico-Conservador-Autoritário.

Deu para "topar" a sua escola ou sentimento político-doutrinária(o) caro Anónimo!

Para concluir que essas filosofias políticas revolucionárias não servem o tradicionalismo católico e conservador.

Sta. Páscoa,

Saudações,

C disse...

...niilistas não é assim que se chamam aos que não creem em Deus, que dizem que a verdadeira moral não existe, ou melhor que o Bem e o mal são relativos ou então os quasi niilistas (maçonaria regular) que vêem na religião puro sentido utilitarista, sem nunca ser de facto transcendental? (tão criticado por Alexis de Tocqueville).

Anónimo disse...

Caro Vitório,

Já vi que andou a ler umas coisitas.
Olhe, eu tirei umas lindas fotografias, contemplei o mar e a natureza , outras prioridades....
Assim que sair do meu estado Zen de fim de semana irei com muito gosto ler os artigos que me sugeriu .
Em relação a si anónimo 00.59, penso não ter dito que era a favor da globalização como descreve.
Depois abordarei isso também.
Uma boa semana

Ass. Anónimo das 8.16 o mesmo das 8.04

Anónimo disse...

Caro Vitório,

Não sei se reparou, mas o Dr. Leonel Alves foi nomeado para o CCPC, e isto porque optou pela nacionalidade chinesa, "Para melhor servir Macau", se bem me recordo do seu discurso.

nada o impede de chegar, um dia, a Chefe do Executivo. A tal cargo apenas poderão chegar individuos de nacionalidade Chinesa.

O Dr. Lenel Alves não deixa, porém, de ser "macaense". não deixa de ser alguém portador de uma cultura única, específica de Macau. (repito-me?). Fala em português na assembleia, intervem nos afazeres da comunidade.

Dado ao retorno de soberania à Republica Popular da China, em 1999, é legitimo que altos cargos da governação de Macau seja desempenhado por portadores da nacionalidade chinesa. Isto não deve ser, para um Macaense, uma "batalha" moral. E não é "graxa", a meu ver, querer-se contribuir para o desenvolvimento da "sua" terra assumindo uma nacionalidade que é sua por direito. Agora isto não implica a sua perca de identidade, como referi nos "posts" anteriores.

Dizer que um Macaense com nacionalidade chinesa é em Macau mais um entre Biliões de Chineses do Continente é uma afirmação redutora, caro Vitório. Não é qualquer um dos "Biliões" que se encontram na China Continental que pode desempenhar um alto cargo Governativo em Macau- que eu saiba, este Macaense seria apenas um em 300 mil (calculo, baseando nos pré-requisitos para a eleição), se pretendesse chegar a Chefe do Executivo. Este Macaense de nacionalidade chinesa seria também dos poucos cidadãos Chineses com BIR da RAEM.

Provavelmente me questionará sobre quem elegiria um "Macaense" para Chefe do Executivo/ Secretário?

Coloco-lhe de volta esta hipotética questão: Quem melhor compreende Macau e as suas especificidades? Quem realmente considera Macau como a sua génese cultural? O Macaense. O Macaense nasceu em Macau, e é cá que mora o seu coração.

Cabe ao Macaense a responsabilidade de defender, divulgar, partilhar e comunicar a especificidade cultural e identitária do território. Cabe ao Macaense a gigantesca tarefa de unir a voz de Macau e estabelecer o rumo da importância estratégica de Macau no contexto da RPC.

Quanto ao anónimo que me sucedeu, tem toda a razão quando questiona a minha utilização da palavra "globalização" na interpretação do seu pensamento. "Cidadão do Mundo Pós-moderno", seria provavelmente a melhor forma de o qualificar, ou "Cidadão Global", que, como reparou, procurei rebater ao longo da minha argumentação no meu post anterior.

O seu pensamento, que o Vitório descreveu, e bem, como "pós-moderno" surge numa altura de crise provocada pelo nascimento e desenvolvimento do conceito actual de "globalização", como descrevi no post anterior.

Seria, de todo, um mundo edilico, aquele em que todos partilhassemos um conhecimento global- se finalmente fosse criada a "Torre de Babel"- infelizmente, tal pensamento é tão útopico como o "Quinto Império" Vitoriano (aceite aqui um pouco de humor, caro Vitório!)

A existência de uma linguagem global implica naturalmente a obliteração dos mais fracos. "A lei do mais forte", portanto.

Relativizar a nossa cultura sem exisitr, na genese,uma identidade própria forte, é coloca-la à mercê da "globalização coca-cola" e sujeita-la ao desaparecimento.

Estas são, porém, as regras do jogo actual, meus caros. Há que saber é como jogar nele.

Sugiro que olhem para o Japão. Aí está um país que, forte na sua identidade cultural, desenvolveu toda uma "cultura de importação e exportação Coca-Cola" que não colocou em causa os seus valores e costumes fundamentais.

Compreendo, caro Vitório, de onde provém a sua defesa do "Quinto Império Português". Como português que se sente, respeito-o. Mas aceite um concelho- concentre-se mais em ajudar essa nação a encontrar orgulho e união, ou seja, a criar um forte orgulho e identidade nacionais, e só depois pense no "Quinto Império".

Meu caro, eu sou Macaense.

Caro Vitório, como cresceu aí em Portugal, certamente não esteve sujeito às mesmas influências culturais de alguém que cresceu aqui.

Como não tem uma identidade Macaense forte, e cresceu em Portugal COntinental, que praticamernte desconhece as especificidades culturais- e mesmo a existência!- de um local chamado Macau, naturalmente que dificilmente compreende a dimensão e especificidade da cultura Macaense.

Compreender, aprender, desenvolver, partilhar e comunicar essa identidade é, a meu ver, o grande desafio do Macaense nesta nova etapa da história de Macau. não se trata uma questão de nacionalidade, mas sim de identidade.

Anónimo disse...

Acrescentando ao meu último post, devo dizer que o que classifico como "Cidadão do Mundo Pós- Moderno" difere da definição que o Vitório utilizou na sua descrição de "Cidadão do Mundo". Naturalmente que desde o momento em que estamos expostos à linguagem da "globalização" actual que acabamos por estabelecer pontos comuns de identificação e de comunicação à escala global. Caro anónimo, dada a natureza pós-moderna do seu pensamento, que, e concordo aqui com o Vitório, é relativista perigosamente descomprometida, colocando identidades culturais e manifestações singulares e únicas de povos sujeitas à insaciavel fome da "globalização". Esse pensamento pós-moderno é o "Cavalo de Tróia" da obliteração cultural dos povos.

Talvez julgue isso como um proximo passo evolutivo da comunicação humana- o relativismo do "cidadão do mundo pós-moderno" levaria à criação da definitiva linguagem global, ou a "Torre de Babel". Mas terão que morrer religiões, manifestações culturais únicas, linguagens conjuntas e ritos que, no contexto da "Globalização actual" não servem para consumo.

Todos somos sujeitos a tradições, meu caro anónimo. Crescemos sujeitos à influencia de quem nos criou, ao ambiente e à cultura de onde crescemos. Quando somos maiores, juntamos todos esses elementos, e criamos uma linguagem própria baseada neles. Pensamos sobre eles, e estabelecemos o alicerce da nossa identidade individual. Dizer que estamos desassociados de onde crescemos e de quem nos criou é uma falsidade. Por mais que queiramos destacar a nossa singularidade, somos inerentemente um "animal social". A forma como fala, como estrutura a sua linguagem , as suas manifestações culturais- o que o faz rir, por exemplo- é reflexo de uma cultura com que se identifica juntamente com um grupo de pessoas. Naturalmente que, nestes tempos da GLobalização Coca-Cola, todos os sujeitos a esta linguagem acabam por integrar na sua linguagem "Coca-Cola", "Homem-Aranha","Indiana-Jones", "Walkman", "Dragon Ball", "Chop Soey", etc.

Mas, acredite, "Tuna Macaense", "Minchi" , "Patuá", "Bolo Minino", o "24 de Junho", etc, são pontos comuns e formadores de uma identidade que partilha com um grupo restrito de pessoas- a linguagem que os seus pais, a sua terra, as suas gentes partilham consigo. Essa é a a "essência" da sua singularidade no modo de ver o mundo, e que a impede de ser "apenas" "Cidadão Global".

Contava deixar de comentar neste tópico, mas julgo ser esta uma das discusões mais relevantes a colocar em dialogo pela comunidade.

Mais uma vez os parabéns ao Leocardo pelo excelente Blog e a criação deste espaço excelente para partilha de ideias.

Abraço,

Anónimo 0:59

Anónimo disse...

Ora bem, não sei bem por onde começar. Mas comecemos então pela globalização, não apoio de todo essa teoria de que para pensarmos numa escala global temos todos de beber coca-cola ou de usar jeans e t-shirts da Lewis. Não somos, não temos de ser uniformizados. Todos temos as nossas raízes, os nossos usos e costumes, e isso não perdemos porque faz parte de nós independentemente do local geográfico onde nos encontremos. Em Macau não coabitaram tantas culturas diferentes durante séculos?! Apesar da governação alguma absorveu completamente a outra?

Mas, agora que na nossa essência somos iguais, concordo em absoluto, tem tanto valor uma vida humana aqui como no Butão. E é aí que quero chegar quando digo que sou um cidadão do mundo posso sê-lo em qualquer parte do mundo, Eu não disse que era dono da verdade absoluta simplesmente disse que era assim. Não preciso de estar em Macau para fazer minchi posso fazê-lo aqui, e na realidade faço-o e mais ensino a fazer, hoje em dia há mais umas quantas famílias a utilizar o minchi como prato de casa.

Ao contrário de vocês que vão tendo cada vez mais certezas eu vou tendo cada vez mais dúvidas e quando digo que não sei qual a minha identidade ao certo, não minto, também na realidade nunca me questionei sobre isso, não senti necessidade de o fazer talvez.... Talvez tenha uma vida demasiadamente preenchida ou quiçá demasiadamente fútil para me dedicar a esses temas. A única certeza que tenho é que estou em constante aprendizagem

Agora, confesso que independentemente de admirar o amor que o anónimo 00.59 tem à terra não o partilho pelo menos tão intensamente. Talvez porque seja mais ligado a pessoas do que a espaços, talvez se possa conciliar as duas... ou talvez se deva à única razão de ter saído de lá há tempo demais.
Mas partilho o gosto pelas tradições pelas iguarias e tantas outras coisas....

Tantas incertezas estão a ver...

Bem, mas não partilho de maneira nenhuma com o patriotismo exacerbado do Vitorio, quando se entra no exagero perde-se a razão.
Agora se ser patriota implica defender que ao invés de fazermos campanhas para ajudar este e aquele país quando este está a cair na miséria então sou PATRIOTA. Mas isto na óptica que só podemos fazer bem aos outros se estiver bem connosco próprios.

Em relação à nacionalidade abdicaria dela em prol de uma causa mas nunca em prol de qualquer interesse económico que pudesse dela advir. Acho que a nossa identidade é muito mais que a nossa nacionalidade e essa não a perdemos em parte nenhuma, transmitimos aos nossos filhos e eles aos netos e aí por diante.

Embora ache esta discussão toda muito interessante acho que se está a “misturar alhos com bugalhos” e está tudo tão a vincadamente a defender o seu ponto de vista que nunca se chegará a algum tipo de consenso.

1 – Em Macau há pessoas de várias nacionalidades que “amam” a Terra, quer porque lá nasceram, quer porque lá cresceram quer porque simplesmente um dia lá foram parar e se apaixonaram pelo seu modo de vida e pelas suas gentes e lá ficaram. Acho que isto é um ponto consensual.

2- Em Macau há pessoas de nacionalidade chinesa que apesar de utilizarem alguns usos e costumes da “Terra Mãe” não se identificam com ela porque se ocidentalizaram e acabaram por assimilar outros usos e outros costumes que os distingue dos demais, não sei se para eles fará algum sentido a noção de Terra que não a de Macau. Agora em termos de governação talvez defendam que seja feita por seus iguais nem que seja pela esperança de ascenderem a cargos de outro modo impensáveis como dizia o tal professor.
Há pessoas de nacionalidade portuguesa que partilham os usos e costumes do continente, mas que apesar de gostarem da terra sempre que têm oportunidades voltam ao continente porque aqui sim têm as suas raízes, as suas famílias etc... Para estes a governação ideal seria a Portuguesa naturalmente.
E depois existem aqueles que são de nacionalidade portuguesa e/ou chinesa que são fruto da mistura das duas (ok, aqui não vou falar das misturas malaias, filipinas etc que vem mais para trás) que utilizam também uma mistura de costumes, muitos aproximam-se mais da cultura portuguesa, tudo depende dos estabelecimentos de ensino que frequentaram mas será que para esses faz algum sentido essa conversa da Pátria, quer seja ela Portugal ou a RPC??!! Alguns nem sequer tiveram oportunidade de a conhecer... Não acredito que para estes o importante fosse qual das duas Pátrias governasse mas sim em que Língua o fariam....

Na realidade no meu tempo foram proporcionadas, como quem diz patrocinadas, mais viagens de Portugueses do Continente a Macau do que o contrário...

O passado é sempre passado, mas foram cometidos erros que hoje dificilmente se conseguem remediar a não ser que agora a RAEM queira manter essa singularidade que é o Território de Macau, mas para isso ter frutos não será só suficiente promover umas actividades culturais aqui e ali mas sim alterar o sistema de ensino, é aí que temos de começar. Uma Utopia, eu sei, mas só assim se conseguirá um dia fazer alguma diferença...

E muito mais poderia dizer, mas acho que este post já vai com longos comentários irei para outros.

Até qualquer post por aí!

Anónimo das 8.16

Vitorio – Não me esqueci do seu amigo Nietzsche mas deixarei isso para outra altura. Pensei em falar hoje em Kant, do que somos para parecer e do que efectivamente somos mas fica para a próxima também.

C disse...

Caros Anónimos últimos,

Peço-vos desculpas por ser tão telegráfico, esta semana está complicada...

1. Repito, da Identidade Macaense, só sendo portuguesa ou então Nacional, ou seja pilar fundacional da Nação Macaense, rumo à independência, se quisermos ser coerentes a defender as identidades, chinesa nunca será, mas sim portuguesa ou independente, caso contrário estamos a trair a coerência.

2. Apoiar o desenvolvimento de Macau, pode sempre ser feito através da nacionalidade portuguesa, não critico os que quiseram adoptar outra nacionalidade, eles lá sabem. Para ajudar a desenvolver Macau não é necessária a nacionalidade chinesa, eu próprio dei o meu contributo ao Governo da RAEM, que foi com muito gosto, honra e privilégio, como português de Macau;

3. Pós-modernismos, modernismos e Kants, vêm todos de matrizes político-filosóficas de que não partilho ou comungo, referências minhas são Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, Montesquieu, Tocqueville, Suarez, Mollina, entre outros;

4. Na Globalização, ganha quem melhor souber, conhecer a fundo a sua identidade, se eu não conheço a identidade macaense, talvez estejam enganados, desde 1998, PREMEDITEI absorver o máximo da CULTURA E IDENTIDADE MACAENSES, fiz teatro, cozinhei, conversei e muito, vasculhei bibliotecas, passeei, convivi... Descobri muito, apenas ausentei-me de Macau entre 89 a 96, a partir daí não houve ano que não estivesse em Macau (à excepção de 2007);

Extremismos? Que são extremismos? do ponto de vista de quem? É sempre bom questionar. Sei que relativistas não gostam de ser questionados, gostam de ter incertezas absolutas, são absolutistas no relativismo, extremismos desses, tenho o prazer em combater...amanha continuarei...

Anónimo disse...

Aristóteles?!
Está bem!

"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflecte"
Aristóteles

Gosto!

Anónimo disse...

De anónimo para anónimo:

Antes de mais, repare que fez uma citação de Aristoteles- Palavras que o filosofo quiz partilhar, uma reflexão que ousou escrever, comunicar: de certa forma, trata-se de uma "afirmação" do filosofo. Absoluta? Claro que não. Mas sim uma partilha de um pensamento, de um trabalho de reflexão do filosofo sobre determinado tema ou assunto.

Acredite, se realmente leu os textos que cita no seu discurso, que todos os filosofos que citou reflectiram e procuraram partilhar as suas opiniões em relação aos mais variados temas, temas estes em que provavelmente perderam "fins de semana Zen" a escrever e a discutir sobre isso. Essas "afirmações", que "utiliza", para lhe dar voz, ao longo do seu discurso, são excertos de tesouros da humanidade, trabalhos de individuos que dedicaram a vida a reflectir sobre os mais variados temas. Muitos, aliás, serviram de base para a evolução de toda a organização da sociedade, e da nossa evolução socio-cultural ao longo dos séculos. Tem a certeza que os tirou dentro de contexto? Ou os citou dentro do "seu"?

"Reflectir"

Como classifica alguém que pega nas palavras de outros, fora de contexto do seu raciocínio, para "afirmar" o seu ponto de vista?

Nunca fui adepto de citar ilustres, pensadores, lideres de opinião, etc.

Importa reflectirmos no que as pessoas pensam, no seu contexto, e tirarmos a nossa própria interpretação. Dou mais valor a quem interprete Platão, Kant, Witgenstein, Rhorty pelas suas próprias palavras do que alguém que se refugia em palavras bonitas dos outros.

Fica sempre bem tirarmos frases de "x" ou "y". Ao colocarmos o nome desses ilustres e frases soltas de todo o seu processo de reflexão (vidas de trabalho), procuramos legitimar a nossa falta de voz própria.

Perdoe-me a dureza deste comentário, mas julgo ser capaz de expressar melhor o seu ponto de vista se deixar de se esconder por trás dessas citações (palavras sábias, é certo) mas fora de contexto.

Imagine se esses pensadores, políticos, idealistas, sonhadores não tivessem escrito, partilhado, intervido na vida publica o seu trabalho de reflexão, e se se conformado ao silêncio e a viver no egoismo da sua vivência animal "efemera"... Como seria hoje o mundo?

Quadrado, com certeza...

Anónimo disse...

Caro anónimo,

“Perdoe-me a dureza deste comentário” não acho de forma alguma que tenha sido duro no seu comentário, concordo em grande parte inteiramente . “Nunca fui adepto de citar ilustres, pensadores, lideres de opinião, etc” – nem eu! É tão “disparatado” citar autores de uma forma leviana como a criação de estereótipos, ou a tentativa de rotular as pessoas como “socialistas, pós-modernitas, absolutistas, relativistas etc...” pelo simples facto de não concordarem com determinado pensamento, se é que me fiz entender.

“Temas estes em que provavelmente perderam "fins-de-semana Zen" a escrever e a discutir sobre isso”.... Pois é, que se saiba Aristóteles foi sobretudo um homem de cultura, que se foi afastando da vida prática, social e política, dedicou toda a sua vida ao estudo, ao pensamento, no fundo dedicou-se exclusivamente à investigação. Assim, como tantos outros pensadores. Se não tivessem existido esses ilustres pensadores certamente o mundo poderia ser quadrado ou quiçá simplesmente triangular, mas já viu como seria o mundo se só tivessem existido pensadores?!

Sou apologista da diversidade de papéis, todos temos um papel a desempenhar, não quero com isto dizer que nos devemos alhear dos problemas que nos rodeiam. Se calhar faço mais pela sociedade ao tentar desempenhar o meu papel “pequenino”, que muitos novos “pensadores” que muitas vezes nem sabem o que defendem, e perdidos nas suas causas são incapazes de olhar para as necessidades do vizinho do lado. Assim, e com a consciência que cumpro o meu papel irei continuar a tirar muitos fins-de-semana Zen, mas nada disso me impede de participar sempre que o assunto me desperte algum interesse neste e noutros blogs.
Como tudo na vida, tudo depende de como se olha a questão.

Como já me fartei de dizer toda esta questão é muito interessante mas e então sugestões?! Que devemos fazer para manter essa identidade viva? Ou, mais uma vez ficamos pela conversa e não se chega a conclusão nenhuma?!

Anónimo disse...

Caro Senhor (ou será senhora?),

Vejo que se aplica na redacção das suas crónicas, por isso aqui fica um conselho: informe-se melhor sobre os assuntos antes de escrever.

O seu artigo está cheio de 'calinadas'...

Paulo Silva disse...

Boa tarde,

Tenho umas duvidas acerca deste assunto e visto que o senhor perceber imenso deste assunto, especificamente de Macau, permita-me que lhe peça uns esclarecimentos. Há uma dúvida que ninguém ma consegue tirar, existe ou nao nacionalidade macaense? I.e, a minha mãe é portuguesa mas o meu pai nasceu em Macau, o pai dele (meu avo)é portugues e a mae do meu pai (minha avo) tem a mesma situação que o meu pai (ai português e mae chinesa). Isto tudo para saber, que nacionalidades posso eu ter? Visto que isto vai até à minha bisavó posso adquirir nacionalidade chinesa so certo? Macaense não porque nao existe, ou estou errado? Porque mesmo em sitios institucionais nao me sabem responder isso! Obrigado