terça-feira, 24 de setembro de 2013

O tufão que nunca foi


O super-tufão Usagi, que chegava na noite de Domingo e ameaçava "abanar" a RAEM foi como muitos (todos?) os politicos: prometeu, prometeu, e não cumpriu. Diziam que ia ser "super" mas nem chegou a ser gasóleo, quanto mais "normal". Só teve a genica para chatear os pobres diabos que aguardavam transporte no aeroporto e viram os vôos cancelados, ou os que esperavam no terminal de jet-foil, em muitos casos residentes de Hong Kong que regressavam de mais um fim-de-semana deste lado do delta das Pérolas. Foram obrigados a pernoitar nos respectivos terminais, e como costume acabaram a dizer cobras e lagartos. Dou-lhes razão; eu fazia o mesmo. Porque não dão assistência a estes visitantes, especialmente aos turistas, os nossos Serviços de Turismo?

Eu próprio fui "vítima" deste "não-tufão". Não que tivesse grandes esperanças em tirar a segunda-feira de folga, até porque no caso de ser içado o sinal 8, seria sempre na noite de Domingo, e na melhor das hipóteses folgava apenas no período da manhã do dia seguinte. Os leitores mais atentos terão estranhado o facto do blogue não ter sido actualizado em condições durante os últimos dois dias, e apenas hoje estar a tentar "apanhar o comboio", falando de Bo Xilai e do GP de Singapura de Sábado, mas tenho estado cheio de trabalho, e quando chego a casa só me apetece ficar na horizontal e sem tentar puxar muito pela cabeça. Ontem caí na caminha à nove e picos e só me voltei a erguer pelas sete e meia desta manhã. O "super-tufão" de segunda foi apenas no serviço.

Já o tinha dito aqui antes e volto a repetir: não se fazem mais tufões como antes. Macau saíu do roteiro internacional dos tufões. Longe vão os tempos em que passavam pelo território quatro ou cinco por ano, que acordávamos um belo dia a meio da semana de trabalho e éramos surpreendidos com o sinal 8, e voltávamos para a cama? Nem era preciso ficar atento aos serviços noticiosos, pois os tufões "aconteciam", e com eles vinha quase sempre um sinal 8 e um dia de folga inesperado. Hoje os aficionados desta modalidade ficam "agarrados" à internet, aguardando religiosamente pelo veredicto dos Serviços de Meteorologia e do seu director Fong Soi Kun - sempre uma simpatia, uma jóia de pessoa. Fosse o dr. Fong mais pragmático e em vez de estar ali com meias palavras dizia qualquer coisa do género: "Olhem, meus amigos, tenham paciência. Em vez de ficarem a noite toda a pé à espera do sinal 8 que não vai sair, o melhor é irem para o choco que amanhã é dia de trabalho". O Usagi era "super", o mais forte desde 1979, sim senhor, ninguém disse o contrário, só que desviou-se à última da hora e foi chatear outros. Queixem-se à grande central dos tufões, ora.

A malta fica especialmente irritada com a timidez dos SMG em içar os sinais de tufão. Mas que porra, se em Hong Kong os tipos levantam o sinal 8 à minima oportunidade, e nós aqui a 50 km andamos à espera da morte da bezerra para os imitar? Há quem aponte o dedo a "outros interesses", nomeadamente os casinos, que perdem milhões se forem obrigados a encerrar ou se os apostadores preferirem ficar abrigados do tufão, seguindo as recomendações da Protecção Civil. Deixem lá isso da preguiça de lado, então e a segurança? É sensato obrigar toda a gente a sair de casa e fazer a sua vida normal com rajadas de vento a abanar "placards", arrancar ramadas das árvores e a levar cães e gatos pelos ares? Certo, só que desta vez os SMG acertaram na mouche. Nem uma rajada mais atrevida durante o dia de ontem, e nem a chuva torrencial que normalmente acompanha os dias seguintes a estes "quase-tufões" deu um ar da sua graça. Se ficámos aborrecidos por sermos obrigados a ir trabalhar, quando sabia melhor prolongar um pouco mais o fim-de-semana, quem também não deve ter ficado satisfeito foram os nossos amigos taxistas, que assim perderam mais uma excelente oportunidade para praticar a habitual "pirataria". Esses ficaram chateados foi por não ir trabalhar com tufão.

PS: Mais uma vez o director do JTM, José Rocha Dinis, reafirmou a sua "confiança absoluta" nos SMG, englobada na sua generalíssima veneração de tudo o que é "oficial", e aproveitou para mandar umas "bocas". Referindo-se aos comentários "no Facebook", puxou as orelhas aos que ficam a cruzar os dedos para que se içe o sinal 8, e num tom paternalista lembrou que estas coisas são muito sérias, com isto não se brinca, etc.,etc., e para nos fazer sentir culpados, fez um ar muito grave, como se tivesse morrido alguém. Fico curioso para saber como JRD sabia o que se disse a este respeito no Facebook, uma vez que nem ele tem uma página pessoal, nem a página do jornal que dirige se costuma "misturar" com "este tipo de pessoas". Será que nos anda a espiar? Ou foi um passarinho que lhe contou?

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