terça-feira, 15 de março de 2016

A substituição do senso comum por...isto


É mentira, sim! Eu sinceramente já esperava uma coisa destas, e só não sei como é que o Hugo Gaspar, vulgo Firehead, pensava que ia escapar com uma desonestidade tremenda como esta, que deixou aqui no seu blogue no passado dia 10. Eu confesso que estive para fazer um post sobre isto, pois quando tomei conhecimento desta ideia do Ministério de Saúde da Alemanha, foi através de uma (previsível) deturpação do conceito. Como a imagem em cima é considerada para alguns "forte" - pessoas que desconhecem a possibilidade do sexo interracial, enfim - o maranhal da extrema-direita e outros armados aos cucos lançam isto assim, irresponsavelmente, à espera que alguém tão burro ou pior que eles caiam na esparrela. E olhem lá que o Hugo Gaspar ainda pegou de leve, apesar de arrancar com uma interpretação que se pode considerar maldosa, e na parte onde afirma que "os migrantes vêem as mulheres como meros objectos etc.", bem, isso é o que ELE entende. Nada disso vem ali. 


Pronto, aqui está. Este website criado pelo Ministério da Saúde da Alemanha, como já referi (podem aceder aqui ao link) destina-se a um público em particular, e não é para todos entender as suas motivações. É capaz de ser complicado, por exemplo, a pessoas sexualmente reprimidas por cânones religiosos, que acreditam que tudo foi criado por um ser etéreo que de tão perfeito que é permitiu todas as imperfeições e mais algumas (chamam-lhe "livre arbítrio", eu chamo-lhes "tontinhos"). De facto a Alemanha é um daqueles países chamados de "civilizados", onde as pessoas consideram "normal" ter relações sexuais, até porque Deus ou a natureza ou seja lá o que for (vejam como sou tolerante e tudo) equipou cada um para o efeito, e que se saiba todos são compatíveis, contando que pertençam à espécie humana. E não, não...ali não está contemplada a modalidade de "sexo com peixes-espada", que pensando bem deve ser doloroso. Só que...


...para este rapaz, que é um "case-study" da psicologia criminal, tudo é "violações por alógenos" para cima. E ah! Ultraje! Fala-se de violações e deixam de fora a língua portuguesa? E depois a malta como é que sabe os melhores locais para atacar, e onde enfiar aquilo na hora de violar? Isto para não falar das técnicas de violação mais traumatizantes e humilhantes para a vítima! Olha para aquilo, o governo alemão a incentivar o uso do preservativo, que não previne 100% o contágio por HIV! Isto significa que o governo alemão está a incentivar a propagação do HIV através do uso do preservativo! Vejam só que lógica mais descabida. Ah, e ainda mais: o governo alemão está a incentivar o genocídio do seu próprio povo! Já é um disparate a tal teoria da "substituição populacional", que consiste mais ou menos no mesmo princípio da eugénica nazista, mas só que ao contrário: querem acabar com os alemães. Mas hmmm...através de genocídio?


Na. Deve ser mais um daqueles afrontamentos, ou arrebatamentos como tinha a Joana D'Arc, que fizeram o pobre Hugo pensar que os preservativos ou a pouca vontade que os alemães têm em aturar putos são uma forma de "genocídio". Mas antes de passarmos a mais disparates, vamos ver do que se trata afinal aquele website alemão.


Este website é uma iniciativa bem pensada, própria de um país que pensa as coisas, em vez de as perverter, e é destinado a migrantes, ou seja, pessoas que chegam à Alemanha pela primeira vez, e que podem chegar de países onde a educação sexual não é uma prioridade, ou simplesmente não existe. Não se especifica, mas o website abrange todos os níveis de conhecimento sobre coisas como o líbido, os estilos de vida, a contracepção, as doenças sexualmente transmissíveis, a virgindade, o sexo casual, etc. e reparem ali em baixo: o CONSENTIMENTO SEXUAL, onde se pode ler claramente "NÃO DEIXEM NINGUÉM COAGI-LOS A TEREM SEXO COM ELE". Pimba, lá se vai a teoria do "governo alemão incentivar as violações para o galheiro" - mas alguém com dois dedos de testa ia acreditar numa coisa dessas? Já agora reparem como TODOS os bonecos nos exemplos são mistos: um claro, outro escuro. Isto não visa promover porra nenhuma interracial, e além da proporção entre o masculino e feminino estar equilibrada, provavelmente o governo estava a pensar numa forma de não se perder o sentido da ideia com momices e palhaçada, mas claro que já devia ter contado com os atrofiados onanistas, pederastas, pervertidos e outros sexualmente recalcados do conservadorismo religioso e não só. Para que fique claro:


Aqui está a definição de "violência sexual", conselhos sobre como se proteger, agir em caso de  agressão, onde procurar ajuda, aconselhamento, etc.. O que o Hugo Gaspar não explica é, e supondo que esses números estão correctos (nem vale a pena confirmar, tal é a falácia subjacente), se 45% dos crimes sexuais são cometidos por "alógenos" (esta palavra "parte-me" todo...de riso!), e isso parece ser relevante para o caso, qual é a desculpa dos outros 55%? É que quem lê aquelas tiradas absurdas vai pensar que mal se feche a torneira à imigração, a criminalidade desaparece, desvanece-se como num sopro. Argumentos algo podres, estes que levam inevitavelmente à origem, etnia, e pior, OUTRA religião dos seus autores. E bonzinho tenho sido eu, de não me debruçar SERIAMENTE no que tem sido o registo da Igreja Católica com a sexualidade, e a hipocrisia gritante que tem evidenciado entre o que diz e o que faz. Adiante.


Aqui está a "arma" do "genocídio" do povo alemão: a contracepção, que segundo o Hugo Gaspar "não previne 100% a gravidez", pela mesma lógica. Ah...o Planeamento Familiar, essa táctica de substituição de alemães altos e louros por pigmeus com um osso atravessado na carapinha. O website é uma excelente ideia, do ponto de vista das pessoas sóbrias e decentes, e se forem lá espreitar vão perceber que para quem não sabe nada sobre sexo, relacionamentos, comportamentos, coisas básicas e outras nem tanto, este oferece um curso completo. Recomendava ao Hugo Gaspar que o lesse, pois é óbvio que ele foi lá tirar os bonecos que ajudassem a compor a sua narrativa alucinada, como fazem as criança pré-alfabetizadas com os livros que têm ilustrações. Mas agora que está explicado (como se fosse preciso explicar) que o governo alemão NÃO QUER cometer genocídio na sua própria população, vamos ver quem mais NÃO LEU a página, e confiou na versão avacalhada pelo Hugo Gaspar:


Bah, o Ivan Baptista já está referenciado como um palerma, nem vale a pena perder tempo com ele. Claro que ia alinhar pela bitola do "genocídio" - outro que precisa antes de mais nada de um dicionário. Vamos a personagens mais "coloridos", ou mais "tropicais", até:


Calma, não se assustem, que isto tem uma razão de ser. Uma má razão, mas tem. O Adilson, que se topa logo pelo nome que é brasileiro, acha aquilo "'river, nha nossa", e no meio de uma linguagem pouco própria para quem "meudeusa" a torto e a direito, vem ali com uma lengalenga qualquer de como o governo brasileiro "ensinou as prostitutas a prostituírem-se", o que o deixou indignado, e isto talvez porque fosse ideal ensinarem antes A SUA IRMÃ! AH AH AH! Desculpem, não resisti. Enquanto o Hugo Gaspar continua preocupado com a falta da língua portuguesa naquela página (eu diria que era por necessidade, mas ele entende inglês, portanto...), vamos espreitar quem é o Adilson:


Ah, está bem. Este é o blogue do camarada, que como podem ver é "apanhadinho", coitado. Vejam como as prostitutas parecem incomodá-lo de sobremodo, mas os pedófilos ali em baixo já não! Sim, e não me venham com coisas, pois usando a lógica do Hugo Gaspar, 100% dos casos de pedofilia de padres na Igreja Católica foram perpetrados por padres católicos! Ra! Mais um:


Hmmm...já lá vamos ao Hugo Gaspar, mais à "História rescrita", ou de como a Igreja foi uma maravilha na Idade Média. Primeiro aquele Douglas Sulzbach, outro brasileiro, que não fosse pelas enormidades que escreve associando à política de integração da Alemanha a um complexo de "culpa" dos nazis pelos crimes da II Guerra Mundial, eu até pensaria que era um tipo normal. De facto fui à sua página da Google, e pasme-se: o tipo é contra o fanatismo religioso e tudo! Até que...


...encontrei a "pancada" do tipo. Ah pois, não tragam mais esses "atrasados" para a Europa, não. Pô, a América do Sul tá cheia de descendentes dos Europeus aê ô, pa dar continuidade ao europeu sô. Italianos...alemães...Sulzbach...se os alemães não querem nada com as alemãs, mandem lá o Sulzbach, que como podem ver já anda a maturar esta ideia pelo menos desde Janeiro de 2015. Dasse, estes é que são perigosos. Calma rapaz, ôôô, elá! Vamos então ver (mais um) o raciocínio brilhante do Hugo Gaspar:


Pois, eu não comento aquele primeiro parágrafo, que sugere que já existia cruzados antes da expansão do Islão e por isso eles chegaram lá primeiro e tal, "finders keepers", mas prefiro focar-me no segundo, onde fala do papel "justiceiro" da Igreja e da inquisição - os tais que mataram menos pessoas que as bicicletas. Assim, a Inquisição "mantinha as pessoas em segurança", como? Ora, "prendendo os criminosos e aplicando a justiça", e ainda foi "mais branda que os tribunais civis". Agora, deixei ali 1 (um) exemplo bem concreto do que foi a "justiça" da inquisição. Agora tragam-me um exemplo de um tribunal civil que tenha condenado um doente de epilepsia ou outra pessoa qualquer por "possessão demoníaca", e de seguida o queimado na fogueira. E para acabar:


Vamos dar o benefício da dúvida à Portuguesinha e não chamá-la de "parvinha". Eu também já fui à Alemanha e vi alemães com "cara de alemães", não vi foi ninguém com a etiqueta de "filhos de imigrantes" escrita na testa. Mas adiante. O Hugo Gaspar identifica o problema, e agora? Fazer o quê? Acho que obrigar os alemães todos a ter filhos só para o Hugo ficar contente com o Fritz e a Helga a comer bretzels e a beber Lowenbrau é que me parece anti-democrático, não acha? E saiba que os próprios alemães têm MAIS benefícios à natalidade que os imigrantes (a não ser que estes já sejam também alemães). Estes incluem dois anos de licença de maternidade (o segundo facultativo e com metade do salário), e continuam a não querer ter filhos, e agora??? Bem, se o Hugo fosse adepto da tal eugénese dos nazis, ainda dava para se identificar a causa, agora o problema parece ser outro:


Sim, de facto, não foi uma mulher, podem ter sido várias, sei lá, não mantenho contabilidade e não preciso de manual de instruções do Ministério da Saúde de lado nenhum. Mas sim, eu tenho a tendência para "acertar" as coisas. O meu filho é de facto 50% português e 50% chinês, e em Portugal passa por Português se andar sozinho ou comigo (experiência realizada), e só se vai duvidar dessa "integridade" caso a mãe dele ande junto. Em Macau não passa por chinês em lado nenhum, e isso já tratámos várias vezes: os chineses são etnocentristas, mas isso é uma característica cultural, enfim, não é uma geração que vai mudar isso de um dia para o outro, e para quê? Não é "mau", mas apenas o que é, e é assim. No entanto o meu filho não tem problemas com o que a genética lhe reservou, pois tal como qualquer outra pessoa não pode escolher - como não pode escolher quem nasce na Alemanha filho de pai mongol e mãe queniana. Como a Alemanha não é a China, este seria para todos os efeitos um alemão. E ainda estou para saber para que é que você quer "alemães". Gosto esquisito.

Tenho um amigo macaense que me dizia "tenho sangue português, sangue chinês, mexicano, macaense...sou um grande 'chau-chau pele', é o que sou", e não parecia ter problemas com isso, tão divertido que recitava esta definição. Agora o meu caro, já que estamos numa de "carne e de peixe", é igualmente um "chau-chau pele", mas isso parece fazer-lhe uma certa confusão. Se a este ponto ainda acha que a minha motivação não é a mais genuína preocupação com essa dificuldade em atinar onde vai o pato-seco e onde entre o chouriço-china, não sei o que fazer. Essa matemática das percentagens com "porrada" à mistura (você era capaz de andar à porrada...por isso?!) e a insegurança manifestada por essa convicção de que em todo o lado "passa por kwai lou", ahem, senão o que lhe acontece? Eu próprio também não garanto "pureza" de espécie alguma, pois não sou uma aguardente destilada, e antes de 1870 não sei quem é que andou montado em quem, portanto não me vou auto-intitular herdeiro de porra nenhuma que já nem existe - e essa herança implica algum pilim, cacau, bagalhoça? Népias. E no fim de contas não devia ficar tão preocupado, se isso realmente o incomoda. Não é você que acredita na reencarnação? Olhe, melhor sorte para a próxima vez. Não pense é que pode escolher...


1 comentário:

direita disse...

Nossa... Eu até pensava que ele se parecia mais com chinês mas é que nem marroquino magrebino parece. Lembra mesmo um indonésio ou um malasio ou no final um egípcio muçulmano. Deve ter mesmo muito problemas em Macau já que nao passa por chinês de jeito nenhum nem muito menos por europeu. Vou divulgar isto, tem gente que eu conheço que vai gostar.