Há alturas em que o enxofre mais concentrado e mais fétido das entranhas da Terra decide aliviar a pressão, e soltar cá para cima uma fumarada que depois fica a pairar no ar, poluindo o solo e destruindo a fauna e flora à sua volta. De um desses gases soltos da podridão da maldade (e nem me atrevo a acrescentar "humana") surgiu o Boko Haram, um alegado "grupo terrorista islâmico" sediado na Nigéria, um grupo de cães arraçados de mandril liderados por um tal Abubakar Shekau, uma criatura cuja linguística não foi capaz de produzir adjectivação que o qualifique - chamá-lo "maníaco tresloucado" seria para ele um elogio. Reparem na tendência destes psicopatas para se segurarem na liana do Islão, e não, não estou a desculpar o Islão, mas não encontrar no Corão ou no seu profeta qualquer referência a qualquer comportamento associado às empreitadas levadas a cabo por estes gajos. Sim, sim, "é o dever de qualquer muçulmano matar um infiel, blá, blá, blá", contem outra que essa já não pega. Juntar "islâmico" a "terrorista" no currículo é como acrescentar "com distinção" no diploma do curso. Sediados em Kanuri, no sul da Nigéria, de maioria muçulmana, o Boko Haram conta actualmente com 9 mil elementos, e tem alegadamente como objectivo a fundação de um estado Islâmico.
E o que significa Boko Haram, afinal? Haram penso que já não é necessário explicar, que do islamófobo mais atento ao "gourmet" da cozinha libanesa, todos sabem que indica "proibição", nesta caso a "educação ocidental", que é o que Boko significa no dialecto Hausa da Nigéria (se "educação ocidental" se diz "boko", das duas uma: ou é um idioma muito simples, ou a educação ocidental é algo muito popular por aquelas bandas). No entanto o nome oficial deste grupo é Jama'atu Ahlis Sunna Lidda'Awati Wal-Jihad, qualquer como "Povo pela Propagação do Ensinamentos do Profeta e pela Jihad, que mais parece o nome de uma cooperativa. As semelhanças com os Taliban do Afeganistão são mais que muitas; inicialmente um grupo de estudantes de religião, foram fundados em 2002 por Muhammad Yusuf (em cima, pouco antes da sua execução), e dedicavam-se "ao estudo e interpretação do Corão. Uma desculpa conveniente, e de facto quisesse eu formar um clube de leitora com inclinação para o terrorismo, seria um livro religioso que pudesse mobilizar a maior número possível de fanáticos que eu iria escolher, e não "O Principezinho" de Saint-Exupéry. Em 2009 cansaram-se de ler, e passaram aos actos, fazendo seu cartão de visita uma insurgência durante 3 dias de Julho em Maiduguri, tendo como principais alvos esquadras de polícia, e provocando cerca de mil mortos, na maioria civis. O líder Yussuf foi capturado e morto, e Shekau assumiu-se como novo líder do Boko Haram. Yussuf tinha quatro mulheres, e solidário com o antigo companheiro, o novo cabecilha casou com uma delas.
Com Shekau na liderança o grupo tornou-se ainda mais radical e violento, e é conhecido por usar bombistas suicidas, na sua maioria mulheres, e fazer reféns estrangeiros, chegando a atravessar a fronteira com os Camarões para esse efeito. Além dos reféns, a escravatura é outra fonte de rendimentos do grupo, tendo ficado mundialmente célebre o rapto de 200 jovens estudantes. Neste vídeo divulgado no início deste mês, e onde aparece acompanhado de alguns dos seus homens, Shekau anuncia que as raparigas "estão casadas", e ri desalmadamente, como o louco que é. O vídeo é um pouco comprido, 12 minutos, mas vejam a partir do momento 7 e poderão atestar a força da "pancada" deste animal. Entre o Natal e o Ano Novo 2010/2011 ordenou vários ataques à bomba em Abuja e outras localidades limítrofes, e voltou a atacar a capital oito meses depois, com um edifício da ONU a ser um dos alvos. Outra acção infame ocorreu em Yobe, em Setembro de 2013, quando fuzilaram 50 estudantes de uma escola superior agrária, todos do sexo masculino. Há poucas horas, hoje dia 14 de Novembro, ficaram no controlo da cidade de Chibok, a mesma de onde tinham raptado as jovens estudantes. Atacam tanto igrejas cristãs, chegando a decapitar os seus seguidores, como mesquitas menos "radicais", que consideram "trair os princípios da fé islâmica" - que no caso deles não se sabe bem qual é, a não ser que causar o terror seja um "princípio" de alguma fé. Shekau fala e comporta-se como se não tivesse medo de morrer, e aparentemente não tem; este é o tipo que seria capaz de atravessar fora da passadeira para peões numa avenida, e em hora de ponta, armadilhado da cabeça aos pés, e se algum veículo lhe tocasse, "paciência". Se deixassem à sua disposição um engenho nuclear, detonava-o primeiro, e "depois logo se via". Ah sim, e como qualquer chouriço corrente daquele tipo, odeia os Estados Unidos, e já fez várias ameaças a Washington.
E por falar em Estados Unidos, estes só inscreveram o Boko Haram e o seu líder na lista do terrorismo internacional
no ano passado. Como é que isto é possível? Reparem no logotipo dos gajos; será que os americanos estavam a tentar ler o que está escrito no livrinho, ou a decifrar o árabe para ver se estajam-lhes a chamar nomes à mãe ou quê? É possível ainda que tenham hesitado por outros motivos, e para o "retrato" encaixar nos Taliban, só faltava mesmo terem-los armado e treinado no passado, para "sacudir as pulgas" a algum cachorro que andasse a morder nos calcanhares do Tio Sam. É preciso não esquecer que a Nigéria, país mais populoso de África, é rico em recursos naturais, especialmente petróleo. Como sempre, nestes exemplos, a maioria da população é pobre, e interessa aos países das multinacionais que exploram estes recursos que esteja no poder um governo corrupto, ou que existam focos de instabilidade, de maneira a recolher mais à vontade o produto, e ao preço da uva mijona. O próprio presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, é suspeito de conluio com o Boko Haram, e acusado de mentir à população quando anunciou um cessar-fogo com os terroristas. Vai assim aquele mundo à parte que é a África.
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